Bolsa Família dá poder às mulheres brasileiras, diz "The Guardian"
Reportagem publicada nesta quarta-feira (18) pelo jornal inglês "The Guardian" destaca o impacto do Bolsa Família na vida das mulheres brasileiras. A publicação frisa que o programa do governo federal tem dado poder às mulheres no país.
O correspondente Jonathan Watts, que assina a reportagem, foi à favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, e retratou o caso de Maria da Paz, que vive com três filhas em um barraco.
Graças ao benefício, a moradora teria conseguido abandonar o marido violento, de quem dependia financeiramente. "Substituí meu marido pelo Bolsa Família. (...) Agora, com o Bolsa Família, somos menos dependentes dos homens", diz Maria da Paz.
Watts cita dados do governo federal que apontam que 93% das famílias beneficiadas pelo programa são chefiadas por mulheres.
"Nossa pesquisa mostra que o dinheiro capacita as mulheres. Em muitos casos, é sua única fonte de renda. Isso significa que elas são se tornam menos dependentes de seus maridos, mais propensas a tomar decisões e passam a ter maior autoestima", declarou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, ao correspondente. "Menos mulheres se sentem como se fossem propriedade dos homens."
A reportagem do "The Guardian" também afirma que, além de aumentar o grau de autonomia em relação aos homens, o programa tem dado condições para que as mulheres cuidem mais da saúde, inclusive no período pré-natal, o que diminui a quantidade de partos prematuros.
Dez anos do Bolsa Família
Contraponto
O antropólogo norte-americano Gregory Duff Morton, no entanto, afirmou, em entrevista à "Folha de S.Paulo", acreditar que a tão propagandeada autonomia das mulheres inscritas no Bolsa Família só ocorre em parte das famílias assistidas pelo programa. Ele aplicou um questionário adaptado da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) em 98 residências --quase todas assistidas pelo Bolsa Família-- no assentamento Maracujá e no povoado Rio Branco, na Bahia, e notou uma "surpreendente desigualdade" entre os pobres inscritos no programa.
Aprovação
A aprovação ao governo da presidente Dilma Rousseff sofreu forte queda em junho e está se recuperando de maneira lenta e gradual. Na pesquisa Datafolha de 28 e 29 de novembro, subia a 41%. Mas, entre os beneficiários do Bolsa Família, o maior programa social da administração federal, a taxa já está 12 pontos acima, em 53%.
Segundo o Datafolha, esse padrão é recorrente. Numa pesquisa de 6 e 7 de junho passado, ainda sem os efeitos completos das manifestações daquele mês, 67% dos que recebiam as mensalidades do Bolsa Família achavam o governo petista bom ou ótimo --um percentual dez pontos acima da aprovação geral à administração federal, que era de 57%.
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