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Em carta, bispos fazem crítica indireta à Roseana e culpam desigualdade social por violência

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

17/01/2014 18h16

Em carta pública, os bispos do Maranhão culpam a desigualdade social e a falta de ações de Estado e Justiça pela recente onda de violência.  A carta é uma resposta também à declaração da governadora Roseana Sarney (PMDB), que associou a riqueza aos crimes no Estado.

“É verdade que a riqueza no Maranhão aumentou. Está, porém, acumulada em mãos de poucos, crescendo a desigualdade social. Os índices de desenvolvimento humano permanecem entre os mais baixos do Brasil. Não é este o Estado que Deus quer. Não é este o Estado que nós queremos”, diz o texto, assinado por 13 bispos, com data de quarta-feira (15).

Ainda segundo os bispos, há no Estado uma “morosidade da Justiça” e “ausência de políticas públicas” e cita que os presos são, em sua maioria, negros e pobres. “Isso é resultado de um modelo econômico-social que está sendo construído.”

“A agressão está presente na expulsão do homem do campo; na concentração das terras nas mãos de poucos; nos despejos em bairros pobres e periferias de nossas cidades; nos altos índices de trabalhadores que vivem em situações de exploração extrema, no trabalho escravo; no extermínio dos jovens; na auto-destruição pelas drogas; na prostituição e exploração sexual; no desrespeito aos territórios de indígenas e quilombolas; no uso predatório da natureza”, afirma o texto.

Os bispos dizem que ainda a emoção e a dor pela morte da menina Ana Clara, vítima de um ataque a ônibus há duas semanas, e os mortos no complexo penitenciário de Pedrinhas seguem vivas .

A Igreja também pretende realizar um ato pela paz e pela justiça no Estado no próximo dia dois.

“Neste dia – Festa da Apresentação do Senhor, Luz do mundo, e de Nossa Senhora das Candeias –, pedimos que se realize em todas as comunidades uma caminhada silenciosa à luz de velas, por ocasião da celebração. Às pessoas comprometidas com esta causa e às que não puderem participar da celebração sugerimos que acendam uma vela em frente à sua residência”, pede o texto.