Ditadura foi melhor período que Brasil teve, diz organizador de marcha
O regime militar, período de repressão que vigorou no país, de 1964 a 1985, "foi o melhor período que o Brasil teve", na opinião do organizador de uma das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que serão realizadas neste sábado (22) em São Paulo.
"Foi o melhor período que o Brasil teve em todos os sentidos: em educação, em moral das pessoas, em respeito por tudo, pelas leis, regras, normas sociais", afirma Piero Pagni, 60.
O empresário está à frente da organização da marcha que vai partir às 15h do obelisco do Ibirapuera, na zona sul da capital, e terá como destino o Comando Militar do Sudeste, no mesmo bairro.
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Até sexta-feira (21), pouco mais de 400 pessoas tinham confirmado, por meio das redes sociais, presença no evento. O número é superior ao planejado pelo empresário."Espero que não tenha mais do que 200 pessoas porque não quero fazer bagunça na frente do quartel", diz.
A organização da marcha pretende entregar uma carta, pedindo a intervenção militar no governo federal.
"Não vejo outra forma de o Brasil readquirir moral e respeito pelos outros. Hoje em dia não se tem respeito pela propriedade, por autoridade. No meu restaurante, não posso impedir ninguém de entrar de boné. Chega! Virou uma baderna", fala.
Pagni, que participou das manifestações de junho do ano passado, diz que não houve ditadura no país.
"Por tudo que estudei sobre as ditaduras na Argentina, Coreia do Norte, Espanha, Cuba, Venezuela, Rússia, no Brasil nunca houve uma ditadura. Houve sim um governo militar que os socialistas reclamam por terem sido perseguidos e torturados por praticarem atos subversivos", fala.
Marchas
Uma segunda marcha pró-intervenção vai sair às 15h da praça da República e seguirá em direção à praça da Sé, no centro. Até sexta-feira, mais de 2.000 pessoas tinham confirmado presença no evento.
A ideia dos organizadores é lembrar os 50 anos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu em 19 de março de 1964, centenas de milhares de pessoas no centro da capital paulista.
A caminhada organizada por setores conservadores do país pedia a saída do então presidente João Goulart. Treze dias depois, o presidente foi deposto, e foi instituído um governo militar.
Uma marcha que é contra esse movimento, batizada de Marcha Antifascista, está marcada também para às 15h, com concentração na praça da Sé e com destino ao prédio que abrigou o antigo Deops/SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), na Luz. No local, funciona atualmente o Memorial da Resistência.
Cerca de 5.700 pessoas tinham confirmado presença no evento até ontem por meio da página da marcha no Facebook. A reportagem do UOL tentou conversar com organizadores do evento, mas eles se negaram a falar.
Na página da marcha, escreveram: "Setores ulta-reacionários querem trazer de volta a marcha fascista que deu aval ao golpe de 1964 no Brasil, e nós da Ação Antifascista Brasil somos contra qualquer forma ou apoio ao fascismo".
O UOL entrou em contato com a Polícia Militar para saber se haverá reforço no policiamento, mas não obteve resposta. Marchas semelhantes estão sendo organizadas para este sábado em várias capitais e cidades do país.
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