Motoristas dizem que param ônibus nas ruas de SP por medo do sindicato
Motoristas e cobradores de ônibus em greve na cidade de São Paulo afirmam que optaram por parar os ônibus nas ruas para evitar retaliações do próprio sindicato e das empresas. O Sindimotoristas, que representa a categoria, havia ordenado que os veículos deixassem as garagens e circulassem normalmente nesta quarta-feira (21).
Os rodoviários obedeceram a ordem, mas foram parando os ônibus nas ruas e avenidas da cidade, repetindo a tática adotada na terça-feira (20). Segundo eles, foi a forma encontrada para burlar a determinação sindical contra a greve e expressar a insatisfação com a negociação salarial feita com a prefeitura e as empresas.
Reunidos em uma esquina das avenidas Rebouças e Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, motoristas e cobradores falaram com a reportagem do UOL na manhã desta quarta, mas pediram anonimato. Disseram que se optassem por não deixar as garagens, ficariam "marcados" pelos representantes do sindicato e pelas empresas e correriam risco de demissão. Além disso, as empresas poderiam encontrar alternativas para colocar os ônibus em circulação e minimizar os efeitos da paralisação.
O superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Antonio Medeiros, disse que os grevistas não serão punidos, mas precisam negociar.
Os grevistas declararam que não se sentem representados pelo sindicato. "Quem está parando é a categoria, não é o sindicato”, afirmou um deles. Ir para as ruas também é uma forma de dar mais força ao movimento. “[Parando] na garagem, é só o patrão que vê. Na rua, todo mundo vê".
Os rodoviários não aceitam o acordo salarial fechado pelo sindicato, que prevê reajuste salarial de 10%, vale-refeição de R$ 16,50 e R$ 850 de participação nos lucros.
O movimento teria começado entre os profissionais da empresa Santa Brígida. Comunicando-se por telefone celular, aplicativos e pelas redes sociais, motoristas e cobradores decidiram parar os ônibus nas ruas ontem. “Foi um impulso, uma revolta”, afirmou um motorista.
Deu-se, então, um efeito cascata. Nos corredores de ônibus, por exemplo, era praticamente impossível um motorista tentar “furar” a greve e ultrapassar os outros carros. A categoria também tem fechado terminais de ônibus. Sem transporte, passageiros passaram a última noite em terminais.
Motoristas e cobradores alegam que a gestão anterior do sindicato fazia acordos com empresas e com a administração municipal e impedia a realização de greves. "Nossos salários estão defasados há muito tempo", disse um rodoviário, citando que em outras cidades a categoria vem conseguindo reajustes salariais superiores. "Motoristas e cobradores estão indignados", afirmou outro.
Eleito no segundo semestre de 2013, o atual presidente do sindicato, José Valdevan, o Noventa, levou a oposição ao poder, mas a negociação deste mês despertou a desconfiança da categoria. Os grevistas suspeitam que o sindicato aceitou uma proposta inferior ao que a prefeitura e as empresas poderiam pagar e mudou o dia da assembleia, nesta semana, para esvaziá-la e evitar contestações.
Eleição sindical termina em tiroteio e deixa feridos em SP
Eles afirmam que o movimento não tem vínculo com nenhuma chapa sindical nem com partidos e que a paralisação não tem relação com a Copa do Mundo, que terá início no dia 12 de junho em São Paulo.
Na manhã desta quarta-feira, motoristas e cobradores parados na região da Rebouças e da Faria Lima cogitavam levar os ônibus até o centro, onde fica a sede da prefeitura, mas decidiram permanecer onde estavam até pelo menos o período da tarde. O rodízio de veículos na cidade está suspenso entre as 17h e as 20h desta quarta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.