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Sudeste tem 8 das 10 cidades com melhor saneamento; Franca (SP) lidera

Marcelo Freire e Vagner Magalhães

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 06h00

A região Sudeste tem oito entre os dez municípios com melhor saneamento básico do Brasil, segundo ranking divulgado nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Trata Brasil, restrito às cem maiores cidades do país. O resultado do Sudeste ocorre principalmente graças ao Estado de SP, de onde são sete das dez cidades mais bem posicionadas no ranking.

Os dados são baseados no SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) de 2012 do Ministério das Cidades, a publicação mais recente da pasta. Franca (SP) subiu cinco posições em relação ao ranking do ano passado (com dados de 2011) e chegou ao topo da lista, oferecendo 100% de atendimento de água e esgoto para a população. Outros índices que são avaliados, como o número de 16% de perdas de água (entre vazamentos, furtos e irregularidades), também beneficiaram a cidade do interior paulista na comparação com as demais cidades. A cidade diminuiu as perdas e melhorou o investimento realizado.

Segunda colocada no ranking, Maringá (PR) é uma das duas cidades da região Sul que aparecem entre as dez melhores --a outra é Curitiba, também no Paraná, que ficou em nono. Limeira (SP), Santos (SP), Jundiaí (SP), Uberlândia (MG), São José dos Campos (SP) e Sorocaba (SP) ocupam, respectivamente, da terceira à oitava posição; Ribeirão Preto (SP) completa a lista, em décimo.

Entre as melhores colocadas, os altos índices de atendimento de água e esgoto à população --todos acima de 96% para as dez primeiras-- se mostram essenciais para a boa avaliação. Esse não é, necessariamente, o caso do indicativo de perdas: São José dos Campos, Sorocaba, Curitiba e Ribeirão Preto, por exemplo, têm mais de 30% de suas águas desperdiçadas.

O estudo também cruza os valores arrecadados e investidos com o serviço de saneamento durante o ano, outro índice que nem sempre está ligado à posição da cidade no ranking.

“Essa relação nem sempre é direta, porque é preciso ver qual o estágio em que a cidade está. Uma cidade que tem os outros indicadores baixos, por exemplo, não consegue dar um salto muito grande rapidamente, mesmo investindo altos valores”, diz  Édison Carlos, presidente do instituto. “Às vezes, a obra só vai acontecer no outro ano e o resultado acaba aparecendo mais para frente”, acrescenta.

Ele ressalta, no entanto, que falta de investimento significa crescimento estacionado. “Não vai melhorar nunca. Se você reinveste o dinheiro arrecadado, a cidade progride; se não, vira caixa da empresa ou da prefeitura”, comenta.

Duas cidades, no entanto, conseguiram grandes saltos no ranking também por melhorarem sua relação entre o que foi arrecadado e investido. Petrolina (PE), que faturou R$ 47,8 milhões e investiu R$ 44,9 milhões (94%) em 2012, pulou da 64ª para a 47ª posição em relação ao ano passado. Campo Grande (MS) foi da 53ª para a 33ª posição após ter investido R$ 113 milhões, com arrecadação de R$ 284 milhões (40%).

No outro extremo está Porto Velho: a capital de Rondônia, com baixíssimos índices de atendimento de água e esgoto tratado para a população --32% e 2%, respectivamente-- ocupa a centésima e última posição entre as maiores cidades do Brasil. Além disso, a cidade, por meio da Caerd (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia), investiu apenas 2% em relação ao que foi arrecadado em 2012 --R$ 510 mil de R$ 39,7 milhões.

De acordo com a empresa, deverá ser assinado em setembro um contrato para revitalização da rede, cujas obras devem se estender por um ano. Com isso, estima-se que as perdas sejam reduzidas para 20%. O furto de água está entre os principais problemas da cidade, o que deverá ser combatido.

Capitais em baixa

Apesar do bom desempenho das cidades do Sudeste, nenhuma capital da região está entre as dez primeiras colocadas. A melhor é Belo Horizonte, em 18º, seguida por Vitória (23ª), São Paulo (25ª) e Rio de Janeiro (56ª).

No caso de São Paulo, a Sabesp informou que nos últimos dez anos houve "uma queda de 9,8 pontos percentuais no índice de perdas. Em 2013, atingiu 31,2% em perdas totais". O número fica abaixo da média nacional, de 37%.

A empresa diz que vem combatendo fraudes e desvios, que correspondem a um terço desse total. Em relação ao esgoto, a Sabesp afirma que elevou o índice de coleta nas cidades atendidas da Grande SP de 62% para 84%.