RN: delegado acusado de extorquir traficante teria ameaçado matar policiais

Um delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Graciliano Lordão, está sendo acusado de ameaçar matar dois policiais que denunciaram ao MPE (Ministério Público Estadual) um suposto envolvimento dele e outros dois escrivães na liberação de um traficante.

Segundo denúncia dos policiais, Lordão e outros dois escrivães teriam extorquido e recebido dinheiro do traficante quando ele foi detido e levado para 15ª DP de Ponta Negra, localizada na Zona Sul de Natal. O caso ocorreu em dezembro do ano passado e está sendo investigado em sigilo pelo MPE.

Na noite de terça-feira (28), os dois policiais que denunciaram o caso informaram que estão recebendo ameaças de morte e que pistoleiros já teriam sido contratados no Ceará para assassiná-los esta semana.

Apavorados, o soldado Denis Fernandes de Brito Lima, que é lotado no 5º Batalhão da PM, e o agente da Polícia Civil Gustavo, que não teve o sobrenome divulgado, gravaram áudios e enviaram para grupos da polícia do RN pedindo ajuda.

“Se acontecer alguma coisa comigo, aqui na minha casa, com a minha esposa e com meu filho vocês companheiros fiquem sabendo. Se puderem passar aqui na minha casa para me dar apoio eu agradeceria bastante”, disse o soldado, demonstrando estar emocionado durante a gravação do áudio.

Entenda o caso

Lima relatou que prendeu um suspeito de tráfico de drogas em Ponta Negra e conduziu o homem para o 15º DP, onde o delegado Graciliano Lordão era o titular, porém dias depois se deparou com o acusado de tráfico solto nas ruas de Natal. Ao detê-lo novamente, o acusado de tráfico de drogas disse que pagou a Lordão uma quantia em dinheiro para ser liberado.

Durante a prisão do acusado de tráfico de drogas, os policiais informaram que encontraram na casa do suspeito R$ 20 mil e entregaram a quantia à polícia. Não se sabe destino do dinheiro. O caso foi denunciado ao MPE, que investiga o ocorrido desde dezembro.

Segundo o militar, o material apreendido com o acusado de tráfico como também provas do envolvimento do delegado e dos escrivães já passou por perícia no Itep (Instituto Técnico-Científico de Polícia do Rio Grande do Norte) e esta semana foi entregue ao MPE.

“Tem muito material contundente para levar os envolvidos à prisão. O delegado e os agentes dele estão sabendo que o material periciado no Itep pode prejudicar eles e com o nosso relato mais ainda. Soubemos que eles contrataram duas equipes de Fortaleza para fazer homicídio contra a minha pessoa e do APC Gustavo”, disse o militar.

Soldado PM é escoltado e usa colete a prova de bala

Nesta quinta-feira (30), Lima compareceu ao MPE para denunciar as supostas ameaças ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Na quarta-feira, o soldado procurou a Seded (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) para informar sobre o que estava ocorrendo e foi orientando repassar o caso para o MPE.

A PM informou que o soldado está recebendo escolta, além de usar colete a prova de balas. A casa do militar está sendo monitorada por quatro policiais do Batalhão de Choque ininterruptamente.