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Corregedoria da PM do PA vai investigar mortes após assassinato de policial

Antônio Marcos da Silva Figueiredo, assassinado em Belém nesta terça-feira (4) - Divulgação
Antônio Marcos da Silva Figueiredo, assassinado em Belém nesta terça-feira (4) Imagem: Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

05/11/2014 14h37

O comando geral da PM (Polícia Militar) do Pará informou que acionou a corregedoria da corporação para investigar e apurar denúncias sobre as nove mortes que ocorreram em Belém, na noite desta terça-feira (4), após o assassinato do PM Antônio Marcos da Silva Figueiredo, 43.

Figueiredo estava chegando em casa, no bairro Guamá, quando foi abordado por três homens e assassinado a tiros por volta das 19h30.

O comandante-geral da PM, coronel Daniel Mendes, informou que também acionou o serviço de Inteligência e o gabinete interinstitucional “para monitoramento e controle da situação”.

O Centro de Perícias Científicas Renato Chaves registrou nove mortes em Belém na noite de terça: quatro assassinatos ocorreram no bairro Terra Firme e outros nos bairros Guamá, Jurunas, Marco e Sideral.

Segundo a PM, após o assassinato do policial, “os comandos de policiamento da capital foram acionados para identificação e captura dos criminosos”, porém nenhum suspeito foi preso até agora.

Após o assassinato, moradores do bairro Guamá relataram em redes sociais o clima de insegurança que se espalhou pelo bairro, com a ocorrência de tiroteios.

Logo depois, iniciaram compartilhamentos de áudios em que supostos policiais informavam que estavam no bairro e pediam que a população se recolhesse.

As hashtags #ChacinaEmBelem, #Guamá e #Belém estão desde a madrugada entre as mais mencionadas no Twitter.

“Galera, a polícia tá matando todo mundo nos bairros do Guamá e Terra Firme, fiquem nas suas casas”, escreveu no Twitter Osmar Campbell. “Tiro correndo solto. Vários eliminados”, disse no Twitter Denise Quaresma.

Um outro internauta informou que as ruas do bairro amanheceram desertas e que era “estranho andar pelo Guamá e não ter ninguém na rua às 9 da manhã... Estamos vivendo um pesadelo”, escreveu Adriano Alves.

“Em função do clima de insegurança na cidade, especialmente no Guamá e respeitando o medo dos alunos e familiares, cancelo a reunião de hoje”, informou o professor Pedro Loureiro.

Nesta quarta-feira (5), o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, descreveu o ocorrido como “a banalidade do extermínio” e atribuiu as mortes à polícia. “A 'vingança' por assassinato de policial deflagra terror e mortes em Belém."

O secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes, afirmou que pelo menos seis mortes ocorridas na noite desta terça-feira em Belém têm "características de execução", pois os criminosos usaram moto e capacete para abordar as vítimas.

"Seis assassinatos tiveram a mesma característica. Foram abordados por homens em uma moto e foram atingidas por tiros na cabeça", disse o secretário. As vítimas ainda estão sendo identificadas e todas são do sexo masculino.

Investigações

Segundo a polícia, os assassinatos estão sendo investigados pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil para saber se se foram casos isolados ou se existem relações entre as mortes e também ao assassinato do PM.

“O Sistema de Segurança informa ainda que também apurar não só os casos específicos dos homicídios, mas também os responsáveis pela disseminação e compartilhamentos de informações inverídicas que acabaram por gerar um ambiente de preocupação na população sem qualquer correspondência com a realidade”, informou a PM.

A corregedoria da PM informou ao UOL que o policial assassinado é acusado de homicídio e responderia pelo crime na Justiça comum.  A corregedoria não detalhou sobre o processo. O policial estava afastado das atividades por licença médica.  

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Pará pediu por meio de ofício à SSP (Secretaria de Segurança Pública) o repasse de informações detalhadas sobre as mortes ocorridas em Belém e “solicita investigação e apuração rigorosas”.

“A OAB solicita informações pormenorizadas e oficiais sobre os fatos ocorridos e que deixaram a população da capital paraense em estado de alerta, bem como solicita a investigação e a apuração rigorosas do ocorrido, incluindo o número de mortos, cujos dados desencontrados falam em números de mortos que variam entre 8 a 120 pessoas.”

O documento  também foi encaminhado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, ao Ministro da Justiça e ao Conselho Federal da OAB.

A advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Ana Cláudia Lins, afirmou que a entidade está acompanhando o caso e não descarta a hipótese de retaliação policiais à morte de Figueiredo. “Todas mortes têm características de execução. Os crimes ocorreram com pessoas que estavam nas ruas na noite e madrugada de hoje. Ou foram mortas a tiros na cabeça ou no peito, sem qualquer pista dos assassinos, que estavam em motos”, disse Lins.