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Comandante do avião de Campos não seguiu carta aeronáutica, diz FAB

modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, mesmo modelo que transportava o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos - Reprodução/ airliners.net
modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, mesmo modelo que transportava o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos Imagem: Reprodução/ airliners.net

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

26/01/2015 17h31Atualizada em 27/01/2015 16h37

O comandante do avião que caiu em agosto de 2014 em Santos (SP), matando sete pessoas, entre elas o então candidato à Presidência Eduardo Campos, não cumpriu as instruções da carta aeronáutica (documento com o trajeto e outras informações do voo) previstas para a aterrissagem na Base Aérea de Santos, onde a aeronave deveria ter pousado.

As informações foram divulgadas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira), durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (26). Ainda de acordo com o órgão, o comandante Marcos Martins forneceu informações incorretas sobre seu posicionamento aos centros de controle de tráfego aéreo. De acordo com o Cenipa, ainda não é possível, no entanto, afirmar determinar as causas do acidente.

Segundo o investigador-encarregado do Cenipa, tenente-coronel aviador Raul de Souza, Marcos Martins não seguiu o trajeto previsto nas cartas aeronáuticas. “Ele fez o trajeto diferente do que está na carta”, disse o militar.

O Cenipa informou que, antes da primeira tentativa de pouso, o piloto deveria sobrevoar o ponto chamado de “bloqueio”, que fica sobre a pista. Após esse procedimento, o comandante deveria fazer uma curva à direita, depois retornar em direção ao ponto de “bloqueio”, chamado agora de “rebloqueio”, seguir em direção ao oceano e fazer uma curva à esquerda, reduzir a velocidade e tentar o pouso.

Segundo Raul de Souza, com base em informações obtidas a partir do cruzamento de dados repassados por Marcos Martins ao controle de tráfego sobre sua localização e das coordenadas do voo obtidas com dados de satélite, Martins forneceu informações incorretas sobre sua localização no momento da aproximação do avião.

Em vez de fazer as duas curvas previstas na carta aeronáutica, Marcos Martins fez a aproximação pelo oceano Atlântico e teria tentado pousar diretamente. “Ele passou informações fora da posição prevista”, disse o investigador-encarregado do Cenipa, Raul de Souza.

Durante entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira em Brasília, a FAB descartou algumas causas para o acidente, mas não apontou conclusões. Entre os fatores descartados estão o choque do avião com animais; colisão com Vants (Veículos Aéreos Não-tripulados), os chamados "drones"; aeronave em dorso antes do impacto (voando de "cabeça pra baixo"); fogo em voo e colisão com obstáculo. 

Em nota, a família de Eduardo Campos afirmou "que apenas se pronunciará a respeito do assunto após a conclusão de todas as investigações atualmente em curso". Também em nota, a direção do PSB afirmou que "não fará qualquer pronunciamento sobre notícias que tenham sido ou venham a ser veiculadas trazendo supostas conclusões ou mesmo análises parciais dos fatos, aguardando a divulgação dos laudos oficiais pelas instituições encarregadas das apurações".