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MPF descarta "momentaneamente" culpa do piloto em acidente que matou Campos

Do UOL, em Maceió

12/02/2015 15h19

O MPF (Ministério Público Federal) informou, nesta quinta-feira (12), que está momentaneamente descartada a culpa dos pilotos na queda do avião Cessna 560XL, que matou os sete ocupantes, entre eles o ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência Eduardo Campos.

O acidente completa seis nessa sexta-feira (13), e para o MPF a hipótese de piora do tempo não pode ser descartada como um fator possível para explicar o acidente.

Na hora do acidente, perto das 10h, chovia e ventava muito no bairro do Boqueirão, na zona leste de Santos (SP). À época, falou-se que o jatinho teria sofrido com fortes “ventos de través” (laterais ao avião) ou ventos de cauda (traseiros ao avião).

Em nota, o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, lotado em Santos e que acompanha o inquérito policial do caso, assegurou que ainda não é possível apontar a causa exata da queda, embora a apuração tenha permitido excluir algumas hipóteses.

No mês passado, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira), disse os pilotos não cumpriram as instruções da carta aeronáutica (documento com o trajeto e outras informações do voo) previstas para a aterrissagem na Base Aérea de Santos, onde a aeronave deveria ter pousado.

Para o MPF, a hipótese de descumprimento está sendo levada em conta, mas cita a “repentina piora das condições climáticas na região pode ter interferido na condução da aeronave”.

Como as caixas-pretas não gravaram as conversas na cabine, não se sabe se os pilotos foram comunicados sobre essas mudanças do tempo.

“Sem os dados da caixa preta disponíveis, ainda não foi possível descobrir o conteúdo do diálogo entre eles nos minutos que antecederam o acidente. Informações preliminares indicam que a gravação de voz na cabine não foi realizada, o que dificulta a investigação”, informou o MPF.

O órgão também ressalta que o jato estava com a manutenção em dia e que piloto e copiloto tinham habilitação familiaridade com o avião. “Além de terem treinamento para aviões semelhantes ao Cessna 560XL, eles já conduziam aquela aeronave havia alguns meses e existia, inclusive, vinculação daqueles condutores à apólice de seguro firmada”, disse o procurador.

Outra situação citada pelo MPF é que, segundo regulamentos internacionais, seria necessária a realização de cursos complementares --exigência que não foi feita pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), conforme as investigações.

Seguro da aeronave em dia

Sobre o pagamento das indenizações às vítimas em terra, o procurador disse que jato estava assegurado por uma apólice da Bradesco Seguros, mas o MPF ainda apura se houve inadimplência por parte dos contratantes.

“Há informações de que o seguro estava vigente, pois a companhia não comunicou oficialmente a rescisão do contrato. O valor a ser pago pela empresa poderá se destinar às famílias das vítimas e aos proprietários de imóveis avariados no entorno do local do acidente”, concluiu o MPF.

Causas descartadas pela FAB

Em janeiro, a FAB descartou algumas causas para o acidente, mas não apontou conclusões. Entre os fatores descartados estão o choque do avião com animais; colisão com Vants (Veículos Aéreos Não-tripulados), os chamados "drones"; aeronave em dorso antes do impacto (voando de "cabeça pra baixo"); fogo em voo e colisão com obstáculo.

Em nota, a família de Eduardo Campos afirmou "que apenas se pronunciará a respeito do assunto após a conclusão de todas as investigações atualmente em curso". Também em nota, a direção do PSB afirmou que "não fará qualquer pronunciamento sobre notícias que tenham sido ou venham a ser veiculadas trazendo supostas conclusões ou mesmo análises parciais dos fatos, aguardando a divulgação dos laudos oficiais pelas instituições encarregadas das apurações".