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Garota cria perfil que apoia violência contra 'bandidos' e sonha em ser PM

Uma das postagens do perfil "Policia Feminina" no Instagram - Reprodução/Instagram
Uma das postagens do perfil "Policia Feminina" no Instagram Imagem: Reprodução/Instagram

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

25/02/2015 18h30Atualizada em 27/02/2015 10h14

Um perfil conhecido como "Polícia Feminina” nas redes sociais, criado por uma estudante de 21 anos de administração do ABC Paulista, tem postado mensagens de apoio à violência contra criminosos. "Trate os bandidos com muito amor. Não economize nos carinhos", diz uma das mensagens, que mostra uma imagem de um revólver para ilustrar a frase.

Nas fotos, aparecem agentes da Polícia Rodoviária Federal e da PM (Polícia Militar) do Distrito Federal, entre outras corporações, o que alimentou a suspeita de que policiais estivessem envolvidos nas postagens. As corporações negam envolvimento.

A página já possui mais de 6.360 seguidores no Instagram e 290 curtidas no Facebook.

A dona do perfil -- que não quis se identificar -- diz sonhar em ser PM e estuda para um concurso público da área. Ela explica que direcionou a página para o público feminino devido às discriminações sofridas. “Ser militar já é difícil, agora imagina ser mulher e militar?”. Para a garota, não houve apologia ao crime nas publicações. “Exagerei nas palavras, mas não tem como definir minha revolta. As pessoas acham que militares são verdadeiros bandidos”, disse em entrevista ao UOL via Facebook.

Ao ser questionada sobre pena de morte no Brasil, ela diz ser contra. “Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa. Que apertar o gatilho seja a última opção, mas se não restar opções, que morra o que faz mal”.

 

A vice-presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Indira Quaresma, disse que o órgão irá enviar um ofício às polícias do DF para que abram sindicância e apurem a conduta das corporações. “Somos contra qualquer tipo de apologia e perfil é uma afronta à nossa Constituição. O que se espera dos órgãos de segurança pública é, antes de tudo, respeito à vida.”

O perfil “Polícia Feminina” agrega fotos de mulheres de diversas corporações do país. “Não compactuamos com este tipo de postagem que denigre a imagem dos policiais que arriscam suas vidas nas ruas do Brasil”, afirmou a PM do DF. A Polícia Civil do DF também não aprova e enfatiza que tem como princípio "a defesa dos direitos individuais e coletivos".

Já para Polícia Rodoviária Federal, é inusitada a preocupação com o perfil, mas a violência contra os policiais deve ser observada. “Uma página com seis mil seguidores não é preocupante. No DF, neste ano, quatro agentes de segurança pública foram assassinados fora de serviço.”

Para o advogado especialista em direito eletrônico João Paulo Todde as imagens publicadas no perfil instigam o crime. “Policial ou não, o administrador do perfil poderá responder por apologia a violência, cuja pena varia de três a seis meses de detenção”.