Porto Alegre decide derrubar passarela para construir corredor humanitário

A passarela da rodoviária de Porto Alegre será derrubada para a construção de um corredor humanitário para passagem de veículos emergenciais. A obra foi anunciada na noite desta quinta-feira (9), pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), e deve ficar pronta amanhã.

O que aconteceu

O corredor humanitário servirá de passagem para ambulâncias, caminhões do Exército e operadores de sistemas emergenciais. A demolição começou às 19h, mas foi paralisada por questão de segurança e deve continuar na manhã desta sexta-feira. A nova via vai ligar a Castelo Branco ao Túnel da Conceição — região tomada pela enchente do Guaíba.

Estrutura atual é baixa e não permite passagem de veículos de emergência, como caminhões. "A comida e o remédio têm que chegar, a ambulância e o caminhão do Exército têm que passar. Então é um corredor que salva vidas. É por essas razões que nós tomamos essa decisão", disse o prefeito.

Via será temporária. A obra consiste na colocação de pedras em um trecho de cerca de 300 metros. Após finalizada, a via terá pista única operando em apenas um sentido, variando a mão. De acordo com a prefeitura, a operação será finalizada nesta sexta-feira.

Posteriormente, a passarela será reconstruída. Em coletiva de imprensa, Melo disse que uma nova estrutura de ferro será construída após a tragédia.

Números da tragédia

Ao menos 107 pessoas morreram com a tragédia climática no Rio Grande do Sul. De acordo como último balanço divulgado pelo governo gaúcho, 431 municípios foram afetados.

Em 6 horas o número de desalojados quase dobrou. São 327.105 desalojados, de acordo com o boletim das 18h da Defesa Civil. Mais cedo, às 12h, eram 165.112 pessoas fora de suas casas.

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Ainda de acordo com o balanço, 134 pessoas estão desaparecidas. Ao todo, mais de 1,7 milhão de pessoas foram afetadas, com 754 feridos.

Mais cidades começam a sofrer com as enchentes

Nível do Guaíba foi a 4,90 metros na tarde desta quinta-feira. Esse foi o menor nível desde o agravamento da crise climática.

Com a alta histórica do Guaíba, cidades do Sul gaúcho também começaram a sentir os estragos. Municípios banhados pela Lagoa dos Patos, onde desagua o Guaíba, tiveram o aumento de suas margens. A Prefeitura de Rio Grande, a 300 quilômetros da capital, publicou fotos mostrando a invasão das ruas pelas águas.

Medidas de auxílio de crédito para famílias

O presidente Lula anunciou nesta quinta uma proposta de facilitação de crédito. O alvo serão pequenos produtores e empresas afetadas pelas enchentes.

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Serão demandados, inicialmente, R$50,9 bilhões. Cerca de 3,5 milhões de pessoas serão beneficiadas, segundo o anúncio. Esse dinheiro será remanejado por meio de empréstimos e antecipação de benefícios.

Ministérios não serão afetados. Baseado no decreto de calamidade, aprovado pelo Parlamento, não será remanejado dinheiro de nenhum ministério. O impacto sobre as contas públicas será de R$ 7,6 bilhões.

Abastecimento de arroz está garantido, dizem produtores

Produtores de arroz disseram que "não há motivo para alerta com arroz". Em meio à crise e boatos, a Federação Nacional dos Produtores de Arroz publicou nota tranquilizando os brasileiros: "Não temos problemas com relação ao abastecimento do mercado interno".

Maior parte das lavouras gaúchas já foi colhida. De acordo com Instituto Rio Grandense do Arroz, dos 900 mil hectares semeados, 84,2% foram colhidos. Destes, 2,55% foram perdidos inteiramente e 1,97% foram parcialmente perdidos. Resta 11,26% da plantação total a ser colhida. O estado é o maior produtor nacional do alimento, com 70% da produção.

Segurança é reforçada

O governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou hoje o reforço no policiamento dos abrigos. São mais de 400 em todo o estado, que estão acolhendo desabrigados pelas fortes chuvas. Os policiais vão trabalhar para preservar a privacidade dos acolhidos, especialmente mulheres e crianças, segundo o governo.

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Anúncio foi feito após seis suspeitos de estupro serem presos. A previsão de investimento no policiamento imediato está em torno de R$ 217 milhões.

Cavalo resgatado

O cavalo que comoveu o Brasil após ficar ilhado sob um telhado em Canoas foi, enfim, resgatado. Resgatado por bombeiros em botes na manhã desta quinta-feira, o animal foi levado a um centro veterinário. Mariângela Allgayer, veterinária que atende o cavalo, disse que ele está desidratado, mas recebendo cuidados de profissionais.

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