Topo

MST reúne milhares de mulheres em dia de manifestações pelo país

10.mar.2015 - Integrantes do MST invadem a sede do Ministério da Agricultura, em Porto Alegre, no final da manhã desta terça-feira - Cau Guebo/Estadão Conteúdo
10.mar.2015 - Integrantes do MST invadem a sede do Ministério da Agricultura, em Porto Alegre, no final da manhã desta terça-feira Imagem: Cau Guebo/Estadão Conteúdo

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

10/03/2015 18h44

Mulheres ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizam, nesta terça-feira (10), uma série de ações em diversos Estados contra o atual modelo de agronegócio no país. Fábricas foram invadidas, estradas fechadas e acampamentos montados nas principais capitais brasileiras.

As manifestações marcam a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, na qual é proposta a agroecologia como alternativa à participação de multinacionais na agricultura do país. Até o momento, não há registro de depredação nem atrito com a polícia.

Um dos maiores atos ocorre no Rio Grande do Sul (RS). Na madrugada desta terça-feira, foram invadidas duas fábricas na cidade gaúcha de Taquari (96 km de Porto Alegre). Manifestantes chegaram em 20 ônibus para bloquear os acessos à empresa de produto agrícola Adama, e a de beneficiamento de madeira Duratex.

"Em contraponto ao agronegócio que não produz alimentos, destrói a biodiversidade e contamina os alimentos, com o uso intensivo de agrotóxicos, defendemos a agricultura camponesa para a produção de alimentos saudáveis, sem venenos e a preservação da vida das camponesas e camponeses", afirmou a dirigente no RS do setor de gênero do MST, Arlete Bulcão. 

No fim da manhã, o movimento invadiu a sede do Ministério da Agricultura, em Porto Alegre, antes de participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do RS.

Outra manifestação importante foi registrada no município baiano de Feira de Santana. Agricultores do MST acamparam no Parque de Exposições da cidade antes de partirem em passeata rumo a Salvador.

Eles interromperam a caminhada na Estação Experimental da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), onde montaram barracas. A viagem será retomada nesta quarta-feira (11).

Em Goiás, aproximadamente 1.500 camponesas ligadas ao MST, ao MCP (Movimento Camponês Popular), à Fetraf (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar) e à Pastoral da Terra ocuparam a unidade da norte-americana de processamento de alimentos Cargill, na capital, Goiânia. 

Já em Alagoas, 2.000 sem-terra ocuparam agências do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, em Maceió e no interior do Estado. O mesmo ocorreu em Pernambuco, onde agências da CEF (Caixa Econômica Federal) tiveram o acesso restrito.

Lá, as camponesas exigem agilidade no PNHR (Programa Nacional de Habitação Rural) e criticam o Pronaf, que, segundo elas, não tem atendido às necessidades dos assentados.

Enquanto isso, no Ceará, 500 trabalhadores rurais ocupavam uma agência do BNB (Banco do Nordeste), na capital, Fortaleza. Em Sergipe, 400 sem-terra ingressaram em uma filial do Banco do Brasil. Nesta tarde, os manifestantes se reúnem com os superintendentes dos bancos. 

Em Brasília (DF), 500 mulheres fizeram um ato no Ministério da Agricultura em denúncia ao agronegócio, que, segundo o movimento, "atenta contra a vida de milhares de mulheres em todo o país".

No Maranhão, 600 sem-terra tomaram o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), na capital São Luís. Eles prometem ficar no local até esta quarta-feira, quando marcharão até o Palácio dos Leões, sede do governo estadual.

No Rio Grande do Norte, camponesas obstruíram o trânsito em cinco rodovias, na região de João Câmara. Já no Espírito Santo, cerca de 1.000 mulheres fizeram uma marcha pelo município de Colatina.

Durante a ação, houve bloqueio da ES-259. Enquanto isso, outras cem famílias ocupavam a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Linhares.

Nessa segunda, outras manifestações foram registradas no país, como a ocupação de uma usina no Mato Grosso e o bloqueio de uma rodovia federal em Tocantins.