Comlurb danifica horta comunitária no Rio pela segunda vez em três meses
Pela segunda vez em três meses, uma horta comunitária mantida em um terreno na rua General Glicério, no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, foi danificada nesta terça-feira (30) por funcionários da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) durante uma poda de árvores no local. Iniciada em abril do ano passado em uma área que estava abandonada, a horta foi completamente destruída no último dia 31 de março, durante outra ação da companhia.
A reconstrução ainda não havia sido finalizada quando o designer Icaro dos Santos, 37, foi surpreendido pela presença dos garis quando saía de casa, nas proximidades do terreno, no início da manhã, para ir ao trabalho. “Estava tudo sinalizado, mostrando que era uma horta, mas mesmo assimeles quebraram os canteiros de tijolo”, contou. “Eles falaram que alguém fez o pedido de poda de árvores”, relatou Icaro, que participou da criação da horta.
A Comlurb informou, em nota, que esteve no local nesta terça para "concluir um serviço de poda nos vegetais que apresentavam risco de queda" iniciado em março, em cumprimento a uma ordem judicial, da 4ª Vara de Fazenda Pública. Segundo a companhia, a Justiça instituiu multa de R$ 5.000 por dia por não cumprimento da decisão.
Também em nota, a Comlurb afirmou que "se compromete a recompor os canteiros, inclusive fornecendo fertilizantes". Segundo Icaro, na primeira ação, representantes da companhia já haviam se desculpado e prometido ajudar na reconstrução, mas não o fizeram. Questionada sobre quando a recomposição dos canteiros será feita, a Comlurb se limitou a responder que o serviço "entrará na programação da Diretoria das Áreas Verdes" do órgão.
Fotos dos canteiros danificados foram publicadas na página da horta no Facebook e provocaram reações irritadas dos participantes. "Não acredito, o trabalho que fizemos todo destruído, de novo?", escreveu uma integrante. "Eles só podem mesmo estar de sacanagem", comentou outra. Cerca de 30 pessoas participam da horta e se reúnem aos sábados.
O clima após a nova intervenção é de desânimo. "A gente tem aceitação geral da comunidade. Antes estava sujo, cheio de moita. Quando teve o primeiro ataque, houve uma grande mobilização dos vizinhos para reconstruir. Mas se a Comlurb continuar destruindo, fica inviável continuar. O prejuízo material não foi tão grande. O pior é o emocional. Era uma construção coletiva", declarou Icaro.
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