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Chuva não dá trégua e afeta 24 mil pessoas no RS; um motorista morreu

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

12/10/2015 12h16Atualizada em 13/10/2015 08h34

Subiu para 24.443 o número de pessoas atingidas no Rio Grande do Sul pela chuva dos últimos dias, segundo boletim da Defesa Civil divulgado no início da tarde desta segunda-feira (12). Ao todo são 3.495 pessoas desalojadas e 4.180 desabrigadas. No Estado, 53 cidades foram afetadas pelo mau tempo que persiste há quse uma semana. 

Até o momento, cinco municípios decretaram situação de emergência e já começaram o preenchimento da documentação no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil: Campestre da Serra, Ibarama, Itaara, Nova Esperança do Sul e São Jerônimo. De acordo com a Defesa Civil, segue o aviso de perigo para riscos de alagamentos e deslizamentos nas regiões sudeste, nordeste e metropolitana do Rio Grande do Sul. 

Outra cidade muito afetada é Eldorado do Sul, na região metropolitana, com 15 mil atingidos pela cheia – dos quais mais de 1.200 tiveram de deixar suas casas. A cidade tem 35 mil habitantes.

O prefeito Sérgio Munhoz lamentou a situação e informou que estuda decretar situação de emergência. “A cidade sofreu muito, as pessoas perderam todos os bens. É um momento muito crítico”, disse. O rio Jacuí transbordou e provocou o fechamento de três escolas, uma farmácia municipal e do posto de saúde da região central. 

Em Porto Alegre, o nível do Guaíba alcançou a medição mais alta – 2,82 metros por volta das 13h desta segunda-feira (12) – desde 1967. A prefeitura fechou 13 das 14 comportas que cercam a cidade para evitar a possibilidade de alagamentos na área urbana. Cerca de 200 moradores ribeirinhos da região das ilhas tiveram de ser removidos para um ginásio de esportes na região central devido ao alagamento do bairro.

12.out.2015 - Catamarã parado em Guaíba (RS) devido à cheia do rio; 21 mil pessoas já foram afetadas pelas enchentes do início de outubro - Divulgação/Defesa Civil-RS - Divulgação/Defesa Civil-RS
Catamarã parado em Guaíba (RS) devido à cheia do rio
Imagem: Divulgação/Defesa Civil-RS

Segundo a Defesa Civil, 4.180 pessoas seguem fora de casa devido ao avanço da água em várias regiões do Estado. O nível dos rios Caí, Taquari e Sinos, que deságua no Guaíba, estão sendo monitorados para eventuais medidas preventivas na retirada de famílias das regiões. O órgão segue auxiliando a população com a distribuição de lonas, colchões, cestas básicas e kits de limpeza.

Devido ao fechamento das comportas, o serviço de transporte por barcos entre Porto Alegre e Guaíba foi suspenso até que o nível do rio volte a se estabilizar. O serviço foi suspenso às 14h30 de domingo (11). A cheia do rio Guaíba, agravada pelo vento que sopra do quadrante sul e ajuda a represar o rio, é a maior dos últimos 48 anos.

O nível das águas dos rios faz com que 3.000 clientes permaneçam sem luz na área de atuação da CEEE. São residências localizadas nas ilhas, em Porto Alegre; Eldorado do Sul; Guaíba; e São Jerônimo. A CEEE está esperando a água baixar para poder realizar o religamento da energia. A medida foi adotada ainda na tarde passada (11). A reportagem tentou contato com as assessorias da RGE e AES Sul, mas não obteve retorno.

Em Rio Grande, no sul do Estado, o porto está com as operação suspensas há 70 horas devido a rajadas de vento que chegam a 80 km/h. O fechamento se deu às 6h da sexta-feira (9) e não há previsão para que o terminal volte a operar. Segundo a praticagem da barra, 13 navios aguardam a reabertura para ingressar na área do porto.

No domingo, um motorista de caminhão foi encontrado morto em um rio de São José do Hortêncio, no Vale do Caí. A vítima foi identificada como Milton Klem, de 37 anos. A suspeita é de que ele tenha se afogado após não ter conseguido passar por uma ponte sobre o rio Cadeia, que está cheio. A travessia fica em uma estrada do interior do município.

Na região central do Estado, a cheia afeta cerca de 400 moradores das cidades de Santa Maria, Cachoeira do Sul, Rosário do Sul e São Gabriel. Em Santa Maria, 134 famílias tiveram de deixar suas casas. A prefeitura decretou situação de emergência. Em Cachoeira, 100 famílias estão desalojadas.

Pelo menos 21 estradas estaduais e seis federais estão com bloqueios parciais ou totais devido ao nível dos rios. São 14 estradas totalmente bloqueadas e outras dez com trânsito parcial, além de duas rodovias com água na pista e uma com buracos provocados pela chuva.  

A meteorologia prevê o ingresso de uma massa de ar polar no Rio Grande do Sul nesta terça-feira (13), que pode afastar a possibilidade de chuva. A instabilidade, porém, deve retornar ao Estado já na quarta-feira (14) devido ao aquecimento. A previsão é de chuva forte e temperaturas próximas dos 30°C.