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Médico é espancado por paciente que não quis esperar atendimento no RN

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

06/12/2015 21h13

O médico Antônio Andrade, plantonista da Unidade Mista de Saúde de Tibau do Sul, localizado no litoral sul do Rio Grande do Norte, foi espancado com socos e chutes por um homem identificado como Guilherme Mendes Faria, porque ele não quis esperar pelo atendimento médico, na noite da última sexta-feira (4). Andrade teve o supercílio cortado por conta da agressão.

Segundo o CRM-RN (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte), o médico estava realizando uma sutura em um paciente quando o rapaz chegou para ser atendido e se alterou ao saber que teria de esperar. “O agressor chegou ao hospital com sinais de embriaguez e um ferimento na cabeça. Ao ser informado de que o médico estava realizando um procedimento cirúrgico e de que ele teria de esperar para ser atendido, começou a falar palavrões”, contou o vice-presidente do CRM-RN, Jeancarlo Cavalcante.
 
Imagens feitas por pacientes que estavam no corredor do hospital mostram o homem gritando na porta do consultório médico e depois aplicando golpes de muay thai no médico, numa sequência de socos e chutes.
 
Sem defesa, o médico caiu no chão e continuou sendo chutado.
 
Funcionários e pacientes se desesperam para conter Faria, pois o hospital não disponha de seguranças para detê-lo. O médico se levantou ensanguentado, com ferimentos no supercílio.
 
“O agressor Guilherme Faria chegou à unidade, exigia atendimento imediato e, por isso, ficou incontrolavelmente perturbado e agressivo. Gritava e esmurrava a parede da Unidade de Saúde. O médico de plantão incomodou-se com aquela gritaria, interrompeu um pequeno procedimento que estava realizando e saiu para tentar explicar ao paciente que ele iria ter de esperar mais um pouco, pedindo que o mesmo se acalmasse. Guilherme, num ato covarde, chutou, esmurrou e se agarrou ao médico, já no chão. Acompanhantes tentaram detê-lo”, informou em nota a Prefeitura de Tibau do Sul.
 
Funcionários do hospital conseguiram fechar a porta de saída da unidade hospitalar para que Faria não fugisse. Segundo o CRM-RN, cerca de meia hora depois a PM (Polícia Militar) chegou ao local e deteve o agressor.
 
Faria foi levado para a delegacia de plantão do Agreste, onde foi lavrado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Faria foi autuado em flagrante por desacato e lesão corporal, mas, por ser réu primário, foi liberado. A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito e remeter para o MPE (Ministério Público Estadual) denunciar o caso à Justiça.
 
O CRM-RN classificou como uma agressão covarde a um vulnerável, pois o médico é idoso e estava no exercício de sua profissão sem segurança. Cavalcante diz que o CRM já solicitou reforço em postos e unidades hospitalares municipais e estaduais do Estado para que casos como este não ocorram.
 
“Esta não é a primeira vez que acontece aqui no Estado, por isso solicitamos e alertamos as autoridades municipais e estaduais que é necessária a segurança em postos e unidades de atendimento, principalmente no período da noite, quando é mais propício chegar pacientes alterados por ingestão de bebida alcoólica ou entorpecentes. Este caso é um exemplo do perigo que profissionais de saúde se submetem para trabalhar”, disse Cavalcante.
 
O CRM-RN informou que nesta segunda-feira vai publicar uma nota de desagravo e que o caso já está sendo analisado pela assessoria jurídica para que sejam tomadas as providências cabíveis. O conselho disse ainda que tentou localizar o médico agredido, mas não conseguiu.
 
O prefeito de Tibau do Sul, Valdenício Costa, a secretária de Saúde, Leide Costa, e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Tibau do Sul, Norma Lilian Fagundes de Lima, repudiaram a atitude do agressor contra o médico e destacaram, em notas, que estão solidários ao profissional de saúde. A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) destacou que está acompanhando o caso junto à polícia. A prefeitura disse ainda que esteve com o médico, no sábado (5), e que está prestando o auxílio necessário.
 
A SMS não justificou o porquê de o hospital não estar com segurança e se o local vai receber reforço para evitar agressões.
 
O UOL tentou localizar o agressor Guilherme Mendes Faria, mas não conseguiu. A reportagem telefonou para a clínica do pai dele, o médico Marco Rey, mas as ligações não foram atendidas.