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Chuvas afetam 118 mil pessoas em 100 cidades do Paraná desde dezembro

Chuva causa alagamentos em várias cidades do norte do Paraná - Sérgio Rodrigo/Tribuna do Norte
Chuva causa alagamentos em várias cidades do norte do Paraná Imagem: Sérgio Rodrigo/Tribuna do Norte

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

16/01/2016 06h00

Desde o início de dezembro, pelo menos 118 mil pessoas foram atingidas pelos fortes temporais que vem afetando o Paraná, somando seis feridos e três mortos, segundo a Defesa Civil.

Somente nesta semana, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) estimou em R$ 50 milhões o investimento necessário para recuperar estradas e pontes destruídas. Ao todo, mais de 100 municípios sofreram as consequências das intempéries e, no momento, sete cidades decretaram situação de emergência e Rolândia está em estado de calamidade pública.

Nesta semana, o governador Beto Richa visitou alguns dos municípios afetados pelas chuvas e estimou em pelo menos R$ 100 milhões os prejuízos para reparar os estragos nas 50 cidades afetadas pela chuva só desta semana. “Estamos priorizando situações emergenciais, pois não há dinheiro para resolver tudo em curto espaço de tempo. O governo está liberando recursos aos municípios que tiveram o estado de emergência reconhecidos”, afirmou Richa.

Os alagamentos, enxurradas e deslizamentos de terras estão entre os principais problemas dos municípios paranaenses.

Uma das prioridades é a recuperação de estradas na região noroeste do estado, a mais atingida pelas chuvas desta semana. A ponte sobre o Rio Pirapó, em Iguaraçu – vizinha a Maringá – na PR-317, por onde circulam cerca de 13 mil veículos por dia, está com o tráfego interrompido.

Nesta manhã, pelo menos 11 estradas estavam com interrupções parciais ou totais, conforme balanço da Polícia Rodoviária Estadual. No entanto, o governo estadual ainda não conseguiu contabilizar o prejuízo causado pelos eventos no estado e deve ter esses dados definidos nos próximos dias.

Segundo o capitão Eduardo Gomes Pinheiro, da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Paraná, os municípios afetados vão fazer os levantamentos para que os governos estadual e federal possam reconhecer os estados de emergência e de calamidade pública. Porém, nesse momento, o foco tem sido em atender às vítimas.

“A infraestrutura foi muito afetada e, nesse caso, são obras caras, mas extremamente necessárias à população e à economia”, reconhece.

Na avaliação do capitão Pinheiro, trata-se do pior janeiro enfrentado pelo estado em termos de chuvas na última década – período em que atua na Defesa Civil. “Em outros anos, chuvas mais severas aconteceram em junho ou julho e não no verão, uma época com características mais propícias. Fazia algum tempo que não tínhamos esse tipo de comportamento”, explica.

Abastecimento de água

Ao longo desta semana, ao menos 15 municípios tiveram o abastecimento de água interrompido em função das chuvas. Em muitas cidades, a elevação do nível dos rios ou problemas causados nas máquinas impediram o fornecimento de água potável à população. Em Maringá, uma das principais cidades do Estado, o atendimento parcial foi retomado na manhã desta sexta-feira (15) e a previsão é que a situação se normalize no domingo (17). Outras cidades, como Apucarana, Arapongas, Nova Esperança e Rolândia, sofrem com o serviço parcial, a situação é semelhante, com previsão de retomada até domingo. Em Londrina e Cambé, o serviço foi afetado até a noite de quinta-feira (14).

Nos municípios de Wenceslau Braz, Nova América da Colina, Jandaia do Sul, Novo Itacolomi, Borrazópolis, Marilândia do Sul, Tomazina e Siqueira Campos, o abastecimento já foi normalizado.

Causas

A influência do fenômeno meteorológico El Niño, que vem ocorrendo desde a primavera, é uma das razões apontadas pela força das chuvas neste ano. O Instituto Meteorológico Simepar, em sua previsão para o verão, afirmou que a estação seria quente, chuvosa e marcada pelos eventos severos devido à combinação do calor com chuvas. “A tendência do comportamento da atmosfera indica que as temperaturas serão elevadas e as chuvas ficarão acima da média, ocorrendo temporais com frequências em todas as regiões do estado”, afirmou o meteorologista Cezar Duquia.