Pai de homem encontrado em cativeiro diz que filho pediu para ser preso
A Polícia Civil informou que o pai do homem que estaria sendo mantido em cárcere privado em Guarulhos, na Grande São Paulo, afirmou que ele havia saído de casa no fim da adolescência, retornado na última segunda-feira, 17, e pedido para ficar preso, uma vez que era usuário de drogas. Armando Bezerra de Andrade, 36, também teria pedido comida ao pai.
O pai de Armando, o porteiro Amâncio Bezerra de Andrade, 67, não foi preso em flagrante porque fez apresentação espontânea, segundo a polícia. O delegado Celso Marchiori, titular do 8° Distrito Policial de Guarulhos (Vila Nova Cumbica), que cuida do caso, informou que não havia motivos legais para solicitar prisão preventiva - como risco de fuga ou de atrapalhar as investigações.
Armando foi encontrado em um cômodo, trancado a chave por fora. Segundo investigadores, ele estava desnutrido e desidratado. A polícia, no entanto, ainda investiga por quanto tempo Armando ficou preso no quarto úmido, de cerca de 16 metros quadrados, equipado apenas com uma cama e um balde.
Também havia um banheiro, com pia, chuveiro e vaso sanitário - todos em péssimo estado de conservação. Vizinhos acreditam que Armando era mantido em cativeiro desde que deixou de ser visto na região, há cerca de 18 anos. Já a Polícia aguarda laudos do IML (Instituto Médico Legal) para determinar o período do cativeiro, mas suspeita que a vítima estivesse presa há menos tempo. Aos vizinhos, o pai dizia que Armando tinha ido morar em Pernambuco e que estaria construindo família.
Depois que o caso foi descoberto, os vizinhos picharam a casa onde a família morava e se mudou há alguns dias.
Os policiais descobriram o cativeiro por acaso. Eles foram cumprir um mandado de busca e apreensão, para uma investigação envolvendo roubo, mas erraram o número e acabaram entrando na casa de Andrade. O pai da vítima foi indiciado por cárcere privado e maus-tratos. Por enquanto, a madrasta e um irmão, que também moravam na casa, não foram incluídos no inquérito.
De acordo com o delegado, Andrade não estava acorrentado nem apresentava sinais de lesão no momento em que foi resgatado. Na parede do cativeiro, porém, há uma argola presa ao lado da cama, que poderia ser usada para amarrar a vítima.
"Nas condições em que foi encontrado, ele estaria morto em um mês", diz o delegado.
Ao ser resgatado, Andrade apresentava transtornos mentais e não conseguia falar, diz a polícia. Ele foi levado ao Hospital dos Pimentas, na mesma região, onde segue em proteção judicial.
*Com informações da Agência Estado
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