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Adolescente que caiu de brinquedo em parque de diversões tem morte cerebral

Isabella do Amaral Vieira sofreu morte cerebral após acidente com brinquedo em parque de diversões em Goiás - Reprodução/Facebook
Isabella do Amaral Vieira sofreu morte cerebral após acidente com brinquedo em parque de diversões em Goiás Imagem: Reprodução/Facebook

Rafael Pezzo

Colaboração para o UOL

03/09/2018 14h08

A adolescente Isabella do Amaral Vieira, de 16 anos, uma das vítimas do acidente com o brinquedo Surf, em Goiás, teve declarada morte cerebral, na manhã desta segunda-feira (3). A informação foi repassada à reportagem do UOL por familiares e confirmada pela administração do hospital em que a menina vinha sendo tratada.

A garota estava internada e sedada em estado grave desde a manhã de 26 de agosto, data em que ocorreu o acidente, no Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HUANA). Pela queda, Isabella perdeu um rim, parte do intestino e sofreu fraturas na coluna e no crânio, além de um inchaço no cérebro. Ela estava sedada e não reagiu à retirada da medicação.

A princípio, o acidente estava sendo tratado pela Polícia Civil como lesão corporal culposa. “No entanto, já fomos informados da morte da Isabella e o caso mudará para homicídio culposo”, confirmou ao UOL o delegado Ricardo Pereira Álvares, da 16ª Delegacia Regional em Ceres. Ele assumiu o inquérito temporariamente nesta segunda-feira (3), no lugar do delegado Matheus Costa Melo, que está de férias.

“Ainda estamos aguardando o laudo pericial que foi realizado no brinquedo e também a melhora de algumas vítimas para concluirmos algumas diligências. Hoje mesmo ouvimos os familiares de uma menina e eles nos disseram que ela ainda não tem condições de prestar depoimento”, completou Álvares.

Segundo nota do hospital, com a autorização da família, foram iniciados todos os procedimentos necessários para doação de órgãos. Ainda não há informações sobre o funeral.

Na madrugada de 26 de agosto, Isabella e mais três garotas foram arremessadas do brinquedo Surf depois que a trava de segurança que protegia os usuários quebrou. O equipamento era uma das atrações do parque de diversões montado na Feira da Indústria, Comércio e Serviços de Ceres e Rialma (Feicer).

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"Enquanto ela estava caída, o brinquedo passou por cima dela uma vez e, antes que passasse de novo, o operador conseguiu tirá-la dali", contou ao UOL Roger do Amaral Vieira, irmão de Isabella.

Segundo ele, depois que a adolescente foi retirada do brinquedo, ela estava desmaiada e não respirava. "Fiquei apavorado, sem saber o que fazer. Então eu a ouvi dar um suspiro forte e voltar a respirar, mas com dificuldade."

Depois da queda, Isabella foi socorrida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceres. Somente na manhã do domingo (26) ela foi transferida ao HUANA.

Outras vítimas se recuperam do acidente

O quadro de Isabella era o mais grave dentre as vítimas do acidente. Amiga de Isabella que também estava no brinquedo, Thalia Aparecida Pires sofreu fratura exposta de dois ossos da canela esquerda, conforme relatado pela mãe dela, a advogada Leidiane Pires. A jovem já recebeu alta do Hospital Ortopédico de Ceres, mas será submetida a exames emergenciais nesta segunda (3) por complicações no fígado. Por este mesmo problema, ela ainda não foi liberada para realizar uma nova cirurgia definitiva na perna esquerda.

Mariane Oliveira Dias, outra vítima do acidente, foi transferida para o hospital Intervida, onde está tratando o pulmão. Segundo sua mãe, Joana D’arc Oliveira Dias, ela não está conseguindo respirar direito. Após melhorar deste problema, Mariane será submetida a uma cirurgia definitiva no tornozelo. A garota também lesionou o punho e já operou o tornozelo, no Hospital Ortopédico de Ceres.

Por fim, Thatiely Carvalho Evangelista sofreu apenas hematomas e arranhões pelo corpo e recebeu alta do Instituto Médico de Ceres (Imec) na manhã da última segunda-feira (27).

O parque de diversões na Feicer foi montado pela empresa Tecno Park de Diversões LTDA, cujos sócios são Anderson Amorim Gonçalves e Juarez Alves da Costa. O proprietário do brinquedo Surf é Joel da Quadra, que até passou mal e chegou a ser internado quando soube do acidente.

No dia seguinte ao acidente, Juarez Alves da Costa apresentou à polícia o certificado de conformidade expedido pelo Corpo de Bombeiros, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), e o alvará concedido pela prefeitura de Ceres.

Ao UOL, Gonçalves afirmou que, apesar de ter seu nome registrado na empresa, não trabalha mais com Juarez. Ele, no entanto, está acompanhando o caso e disse que todos os envolvidos já estão cientes do falecimento de Isabella.

Gonçalves disse que ainda não foi informado sobre a mudança no inquérito policial, nem definiu um advogado para a defesa dele, de Juarez e Joel. Segundo Gonçalves, o operador do brinquedo no momento do acidente, Raimundo Genivaldo Lima da Costa, 43, está em Brasília e já se mostrou à disposição da Justiça.

Devido a boatos de que estivesse alterado no momento do acidente, a polícia realizou um exame toxicológico em Raimundo Genivaldo. Em depoimento, ele afirmou à polícia que não tem controle sobre a velocidade do brinquedo, sendo responsável somente por liga-lo e desligá-lo.