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Técnica de enfermagem é presa suspeita de levar bebê de maternidade em GO

Segundo a polícia, o bebê foi rejeitado pela mãe e deixado na maternidade para adoção - Divulgação/Polícia Civil
Segundo a polícia, o bebê foi rejeitado pela mãe e deixado na maternidade para adoção Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

31/05/2019 14h00Atualizada em 03/06/2019 13h03

A Polícia Civil de Goiás prendeu a técnica de enfermagem Elenita Aparecida Lucas Correia, apontada por colegas como a responsável por ter levado um bebê recém-nascido da UTI neonatal da Maternidade Nascer Cidadão ontem em Goiânia.

Segundo a polícia, o bebê foi rejeitado pela mãe e deixado na maternidade para cuidados clínicos e para ser encaminhado à adoção.

As autoridades disseram que a técnica em enfermagem transportou a criança dentro de um baú de moto por mais de 30 km a fim de levá-la para a casa de sua tia Elida Correa Dantas, que encaminhou o bebê para uma prima de Elenita e seu marido. Os quatro foram presos. A defesa de Elenita diz que ela agiu "sob forte emoção" para ajudar a prima. A advogada de Elida diz que ela é inocente. Os outros dois presos e a maternidade não se manifestaram.

Eles serão indiciados por subtração de menor incapaz, segundo informou o delegado do caso, Wellington Lemos. Elenita também responderá pelo crime de ter colocado em risco a vida e a saúde de bebê ao transportá-lo dentro do baú da moto.

"Estávamos esperando pelo pior, por talvez encontrar o bebê sem vida. Foi um milagre", disse Lemos.

A técnica em enfermagem trabalhava no setor ambulatorial da maternidade. "Ela foi até a UTI neonatal, solicitou para pegar o bebê no colo para fazê-la arrotar, aproveitou o descuido de uma das responsáveis, simulou com um cobertor o corpo de um bebê no berço e o levou", declarou o delegado.

"Ela usou uma espécie de saco de lixo para levar o bebê até o estacionamento. Uma testemunha viu o momento em que Elenita deixou a maternidade carregando uma sacola que parecia estar pesada. No estacionamento, Elenita colocou a criança no baú da moto e a transportou dentro dele por mais de 30 km até a casa da tia", afirmou.

As enfermeiras responsáveis pela UTI neonatal do hospital perceberam que a criança tinha sumido e procuraram a polícia.

Segundo o delegado, Elenita retornou à maternidade após o crime e se apresentou voluntariamente à polícia. Em seu depoimento, alegou que pegou a criança para doar para a prima e o marido porque o casal teria perdido um bebê aos seis meses de gestação da mulher.

No entanto, o delegado ainda apura a versão da técnica de enfermagem. "Ela alegou que agiu de forma impensada imbuída pela comoção da historia da prima. Entretanto, estamos verificando se houve planejamento e premeditação ou mesmo pagamento ou promessa de dinheiro, o que agravaria o indiciamento e a pena dos quatro envolvidos", informou Lemos.

Após o rapto, o recém-nascido foi localizado e recolhido pela Polícia Civil na casa dos suspeitos e deve ser entregue ao conselho tutelar.

Outro lado

Com relação ao caso, o advogado de Elenita, Pablo Pereira Santana, disse ao UOL que ela "agiu com boas intenções vendo o bebê que havia sido abandonado pela mãe, bem como vendo o sofrimento de sua prima que havia acabado de perder um bebê".

"Ela em um estado sob forte emoção vendo o sofrimento da prima, que tinha perdido uma gestação e queria adotar uma criança, em um ato impensado, acabou retirando esse bebê da maternidade", explicou Pablo.

"É importante destacar que ela cometeu tal ato acreditando que estaria fazendo bem para essa criança que até então foi abandonada. Ela acreditava que com sua prima essa criança seria bem cuidada e que teria tudo que uma criança necessita", finalizou a defesa da técnica em enfermagem.

A advogada de Elida, Flavia Maria de Oliveira, afirmou que a tia não sabia que a sobrinha levou o bebê e que ela foi surpreendida com a aparição de Elenita na porta de sua casa. A defesa alega que a cliente é inocente e provará no processo.

"Elida não achou nada de estranho no fato, porque seu sobrinho Leonardo e advogado e disse que tomaria as medidas judiciais cabíveis. No mesmo dia após o almoço a Polícia Civil foi até a sua residência e a conduziu até a Delegacia dando-lhe voz de prisão. A mesma provará sua inocência durante a instrução processual. E que nunca compactuou com subtração de menor. Senhora digna de 65 anos, foi presa e incriminada por um fato que não cometeu, vai provar sua inocência", disse a defesa em nota.

As defesas dos outros dois presos (prima de Elenita e o marido) não responderam à reportagem. A Maternidade Nascer Cidadão também não se manifestou.