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Sem multa, festa lotada no Rio era hostel alugado com ingresso a R$ 200

17.fev.2021 - Festa lotada no alto do morro do Vidigal, na zona sul do Rio - Reprodução/TV Globo
17.fev.2021 - Festa lotada no alto do morro do Vidigal, na zona sul do Rio Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para o UOL, no Rio

19/02/2021 04h00

Imagens de aglomerações na cidade do Rio de Janeiro marcaram o feriado do Carnaval, que teve a festa oficialmente cancelada pela prefeitura. Uma das festas mais recentes, regada a música eletrônica, foi flagrada lotada na manhã da Quarta-Feira de Cinzas no Vidigal, na zona sul carioca.

Sem cumprir medidas sanitárias como distanciamento social, o evento aconteceu em um hostel, a Laje do Neguinho —espaço com vista para a orla das praias do Leblon e Ipanema. Festas foram promovidas no local e em ao menos outros três estabelecimentos do Vidigal durante todo o feriado prolongado.

Até a noite de quinta-feira (18), o hostel —que alugou o espaço para a festa— e os organizadores do evento não haviam sido autuados mesmo após o registro feito por helicóptero da TV Globo.

Laje do Neguinho do Vidigal - Divulgação/Rede Social - Divulgação/Rede Social
Imagem: Divulgação/Rede Social

A festa, que começou na noite de terça (16), viralizou nas redes sociais. Vídeos publicados por moradores do Vidigal no Twitter e que circularam no WhatsApp mostram frequentadores descendo as ladeiras da comunidade nas primeiras horas da Quarta-Feira de Cinzas.

O ingresso para festa, pago via PIX, custou R$ 200. O local só foi informado aos frequentadores no dia do evento —medida adotada por produtores de festas para driblar a fiscalização da Prefeitura do Rio durante o Carnaval, já que houve monitoramento de sites.

Sem música ao vivo, a festa teve DJs ao longo da noite com sets de música eletrônica, pop e funk. Entre os frequentadores, muitos turistas vindos sobretudo de São Paulo e Minas Gerais. O clima era de "pegação" sem qualquer preocupação sanitária em meio à pandemia de covid-19.

Procurada pelo UOL, a administração do hostel não retornou os contatos por mensagens via redes sociais ou telefonemas até o fechamento desta reportagem.

Já a Seop (Secretaria de Ordem Pública do Rio de Janeiro) informou que é "muito difícil" fazer fiscalizações em favelas e que a interdição de festas na mesma comunidade só foi possível com o apoio de PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

Ponto turístico no Vidigal

A favela do Vidigal fica ao lado do Leblon, um dos metros quadrados mais caros do país e destino turístico no Carnaval. Para acessar o local da festa, é preciso subir o morro do Vidigal —o visitante pega táxi ou carro de aplicativo até a entrada da comunidade, onde embarca em uma kombi ou moto-táxi no valor de R$ 5.

Outros três conhecidos estabelecimentos de eventos locais —o Alto Vidigal Bar e Lounge, o Bar da Laje e o Hotel Brisa Mirante— foram autuados durante o Carnaval, segundo a Seop. O primeiro foi interditado por falta de documentação e os dois últimos multados em cerca de R$ 10 mil, por falta de licenciamento e pessoas fumando em lugar fechado.

Em relação à Laje do Neguinho, a Seop afirmou que, para haver multa ou interdição, um fiscal precisa constatar a irregularidade, já que é necessário identificar o responsável pelo local e ter acesso à documentação básica, como número do CNPJ.

Sem entrar em detalhes, a secretaria informou que "alguns casos estão sendo avaliados individualmente e não estão descartadas sanções a empresas devidamente identificadas que tenham descumprido as medidas sanitárias em vigor, principalmente aquelas previamente notificadas sobre as restrições a eventos nesse período".

A sanção para desrespeito a medidas sanitárias pode ser interdição ou multa, que vai de R$ 2.800 a cerca de R$ 3.000 dependendo da atividade econômica. Essa cobrança pode chegar a ser dobrada, em caso de reincidência, e outras multas aplicadas se constatadas mais irregularidades.