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McDonald's: Vendedor perde rim e atirador alega acidente; vídeo mostra ação

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

10/05/2022 09h23

Imagens de câmeras de segurança do McDonald's em que um atendente foi baleado por um cliente na madrugada de ontem, na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, mostram a confusão no restaurante que teria sido motivada por um cupom de desconto. A vítima acabou ferida na barriga e perdeu um dos rins. Já o atirador prestou depoimento, não foi detido, e alegou que o que houve foi um "acidente".

A gravação do circuito interno do fast-food mostra o funcionário, Mateus Domingues Carvalho, 21, sendo agredido com um tapa pela janela do drive thru e revidando o ataque do cliente, que foi identificado como o sargento do Corpo de Bombeiros, Paulo César Albuquerque.

Posteriormente, é possível ver nas imagens o cliente entrando na loja com a arma na mão e caminhando até o funcionário. Em seguida, Mateus cai ferido e é ajudado por uma terceira pessoa. O cliente deixa o local caminhando. O momento do tiro não é visível no vídeo da câmera de segurança.

Perda de um rim e parte do intestino

Mateus foi levado pela Polícia Militar para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, onde passou por cirurgia.

Segundo a família do profissional, o tiro foi disparado à queima-roupa. Marcela Costa, tia da vítima, contou ao UOL que o sobrinho precisou remover o rim esquerdo e parte do intestino, devido à gravidade do ferimento.

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Imagem: Reprodução/Globo e Arquivo Pessoal

Ele ainda vai precisar passar por mais uma cirurgia no intestino para que ele não precise ficar usando bolsa de colostomia. O quadro de saúde dele no momento é estável. Ele já conversou com a gente um pouquinho.

Justiça nega pedido de prisão

Na tarde de ontem, a juíza Teresa Pinto Coelho Diniz, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, indeferiu o pedido de prisão temporária contra o sargento Paulo César Albuquerque. Na decisão, ela alegou que o investigado foi identificado por meio de vídeos que circulam nas redes sociais, e fotografias extraídas da internet, "não estando devidamente esclarecido no inquérito a origem de tais elementos probatórios e a forma como foram obtidos".

Após a divulgação das imagens, Paulo César se apresentou à Delegacia da Taquara, responsável pelo caso. À polícia, ele alegou que o disparo foi acidental.

A Polícia Civil informou que vai pedir novamente à Justiça a prisão do militar.

Procurado, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro informou que Paulo César responderá civilmente pelos seus atos na justiça comum e que foi determinada a suspensão imediata do porte e posse de armas do militar, além a instauração de um inquérito policial militar para apurar a conduta do profissional e a abertura de um conselho disciplinar.

"A corporação repudia veementemente todo e qualquer ato criminoso, assim como condutas ilícitas que transgridam os preceitos da ordem, da disciplina e da moral, características da profissão de bombeiro militar", diz em nota.

Discussão por desconto

Testemunhas relataram à família de Mateus que a discussão entre ele o cliente foi motivada por um cupom de desconto. O bombeiro fez um pedido no drive-thru e somente no final do pedido informou que teria um cupom de desconto. De acordo com os relatos, o profissional teria informado que só poderia aplicar o benefício no começo do pedido, o que deu início a briga entre eles, que acabou com o jovem baleado.

Mateus é de Minas Gerais e veio para o Rio de Janeiro trabalhar. Ele está na cidade há três anos, de acordo com a família, e é funcionário do McDonald 's há mais de um ano. O jovem já havia relatado problemas de segurança no local para os parentes.

Em nota, o McDonald's informou que "lamenta profundamente e informa que prestou socorro imediatamente ao funcionário, que foi levado rapidamente para o hospital pela polícia. A empresa está acompanhando e dando todo o suporte para seus familiares e já está colaborando com as investigações sobre o caso".