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Candidato do PRI declara vitória no México e é felicitado por Calderón

Do UOL

Em São Paulo

02/07/2012 07h33

O candidato mexicano do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto, declarou-se vitorioso nas eleições presidenciais de domingo (1º), com base em uma amostragem conhecida como contagem rápida dos votos.

Acompanhado por sua esposa, a atriz Angélica Rivera, ele afirmou em discurso que buscará a reconciliação e a união nacional e prometeu uma presidência "moderna e responsável". Disse ainda que vai continuar lutando contra o crime organizado, embora com uma nova estratégia para reduzir a violência e proteger a vida dos mexicanos, e que se esforçará para dar resposta às demandas legítimas da população, mas pediu unidade aos mexicanos para superar juntos os desafios que enfrenta o país.

"É momento de propiciar e encorajar a reconciliação nacional" e de "deixar de lado nossas diferenças e privilegiar nossas coincidências", falou.

Além disso, ele disse que impulsionará uma "renovada economia de livre mercado com sentido social que gere empregos e distribua a riqueza". 

Peña Nieto também foi felicitado pelo presidente mexicano Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), mas o candidato esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), recusou-se a fazer qualquer pronunciamento até um anúncio oficial dos resultados da votação.

A contagem rápida --feita com base em uma amostra de 7.000 atas de registros de votos de 143 mil mesas eleitorais-- costuma ser um indicador confiável dos resultados das eleições mexicanas.

De acordo com essa estimativa, Peña Nieto teria entre 37,93% e 38,55% dos votos e Obrador entre 30,09% e 31,86%. Josefina Vázquez Mota, candidata do PAN, de Calderón, teria obtido entre 25,10% e 26,03% dos votos.

A chamada "contagem rápida", divulgada pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), tem uma margem de erro de 0,5%, informou o presidente do órgão, Leonardo Valdés. Segundo ele, em mensagem em rede nacional, a participação no pleito foi superior a 62% e mais de 49 milhões de pessoas votaram. "A eleição de hoje é a que mais votos recebeu na história do México", disse.

Obrador, no entanto, afirmou que os dados das eleições divulgados até agora não coincidem com os seus e disse que vai esperar pelos resultados oficiais. O candidato da esquerda mexicana, que não reconheceu sua derrota nas últimas eleições presidenciais, em 2006, emitiu sua mensagem segundos depois que dados do IFE indicaram que ele tinha perdido as eleições deste domingo.  

Segundo ele, "há um processo legal estabelecido que consiste em realizar uma apuração. E na próxima quarta-feira deve-se revisar todas as atas e conhecer os resultados". "A informação que nós temos indica outra coisa", acrescentou, sem detalhar que dados possui e qual divergência pode haver com os divulgados pelo presidente do IFE. 

Calderón

Calderón felicitou neste domingo Peña Nieto por sua vitória nas eleições presidenciais e manifestou sua mais "absoluta disposição" para que se dê uma transição ordenada, transparente e eficaz.

Em mensagem à nação depois da divulgação dos resultados da contagem rápida realizada pelo IFE, o líder mexicano pediu aos mexicanos que deem seu apoio ao próximo chefe do Executivo para que a próxima administração comece em 1º de dezembro nas melhores condições.

O próximo governo, que vai representar o retorno do PRI ao poder após dois períodos de seis anos nas mãos do PAN, contará com as sólidas bases que conseguiram construir nos últimos anos, disse o presidente. 

"As eleições foram realizadas em um clima de paz e tranquilidade na maior parte do país", afirmou o presidente, dizendo que trabalhará até o último dia de seu mandato para que a situação do México melhore. Milhares de policiais foram mobilizados para proteger quase 80 milhões de eleitores de possíveis atos de violência de cartéis em zonas eleitorais. 

O PRI governou o México de 1929 a 2000, até a vitória de Vicente Fox (PAN), presidente que antecedeu Calderón. Obrador ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2006. Na época, ele se recusou a reconhecer a vitória de Calderón e liderou uma série de protestos. Desta vez, todos os candidatos prometeram respeitar o resultados do pleito, que não prevê um segundo turno. 

Além de seu novo presidente, os eleitores mexicanos escolheram neste domingo novos congressistas, alguns governadores e prefeitos, numa eleição marcada pelo debate sobre economia e a guerra às drogas. 

Economia e segurança

No campo econômico, as questões mais prementes na campanha eleitoral foram a pobreza extrema --que afeta quase um terço dos mexicanos-- e a sensação, de grande parte da população, de perda de poder aquisitivo, apesar das taxas de crescimento recentes do país (entre 3% e 4%).

Outro tema importante do debate eleitoral foi a insegurança. O México vive sua maior onda de violência ligada ao narcotráfico, com casos de chacinas, sequestros e desaparecimentos ligados a disputas entre cartéis, e entre narcotraficantes e autoridades. São estimados 50 mil mortos desde 2006, quando o presidente conservador Felipe Calderón foi eleito e abriu uma ofensiva contra o narcotráfico. No entanto, não é esperada uma mudança radical na política de repressão ao tráfico, nem a retirada do Exército das ruas do país. (Com BBC Brasil e agências internacionais)