Avião de Moscou chega à Síria com comida e para tirar 180 russos do país
Um avião de carga russo pousou na Síria nesta terça-feira (27) com ajuda humanitária destinada ao país árabe, disse o Ministério Russo de Situações de Emergência ao site de notícias "Russia Today". A aeronave também ajudará a tirar cidadãos russos no país, que vive uma guerra civil e pode sofrer uma intervenção militar nos próximos dias.
A aeronave levou 20 toneladas de comida na cidade portuária de Latakia, segundo o site. O avião voltará à Rússia com 180 moradores de países pertencentes à antiga União Soviética que manifestaram desejo de deixar o país.
A guerra na Síria já dura mais de dois anos e deixou milhares de mortos - quase 100 mil, segundo estimativas. Na semana passada, gás tóxico foi usado em uma área no subúrbio de Damasco, matando pelo menos 355, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, que estima ter realizado mais de 3.600 atendimentos de pessoas que inalaram gás. A oposição fala em mais de mil mortos no ataque e acusa o regime Assad pela matança; o governo sírio acusa os rebeldes pelo ataque e chegou a dizer que achou produtos químicos usados por eles.
Nesta terça-feira (27), fontes ouvidas por agências de notícias afirmam que uma intervenção militar na região é iminente, e deve ser liderada pelos EUA. Desde o fim de semana, as forças americanas se posicionam para a possibilidade de um ataque na região
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, desafiou os Estados Unidos a provar que o governo de Bashar Assad foi responsável pelo ataque químico, e disse que o regime usará “todos os meios possíveis” em caso de um ataque estrangeiro.
A Rússia é um dos países contrários à entrada de outras nações na guerra síria. Na segunda-feira (26), o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, disse que qualquer intervenção internacional sem a aprovação dos países que compõem o Conselho de Segurança da ONU é uma "grave violação do direito internacional".
Segundo ele, o Ocidente se dirige para "um caminho muito perigoso", pois é incapaz de fornecer as provas que sustentem suas alegações sobre o ataque químico supostamente realizado pelo regime sírio. Na segunda-feira (26), o secretário de Estado americano explicou o porquê de não haver provas: John Kerry disse que o regime de Assad destruiu evidências do ataque com gás tóxico em Damasco e que o ataque, "uma obscenidade indesculpável", foi obra do governo sírio.
Inspeção sob fogo cruzado
Segundo Muallem, o governo sírio tem colaborado com os inspetores da ONU que estão no país. Na segunda-feira (26), um grupo que ia verificar a área do suposto ataque químico foi recebida a tiros e deixou o local. Ninguém ficou ferido.
"Nós não tínhamos como garantir a segurança deles", afirmou o chanceler sírio.
A missão dos especialistas da ONU que investiga o suposto uso de armas químicas na Síria foi adiada para quarta-feira (28). Segundo Muallem, a medida foi tomada por falta de garantias dos rebeldes.
"Hoje [terça], nos surpreendeu o fato de que não puderam seguir para o local porque os rebeldes não conseguiram chegar a um acordo para garantir a segurança da missão. Portanto, a missão foi adiada para amanhã (quarta)", disse o ministro.
Reino Unido discute intervenção
O Reino Unido já discute planos para uma possível operação militar em resposta ao suposto uso de armas químicas na Síria, afirmou nesta terça-feira um porta-voz do primeiro-ministro David Cameron. Uma sessão do Parlamento britânico foi convocada para tratar do tema na quinta-feira (29). (Com agências internacionais)
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