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Síria vai encorajar outros inimigos dos EUA se ficar sem resposta, diz Obama

Obama faz discurso para a nação do Salão Leste da Casa Branca para falar sobre a Síria - Evan Vucci/Pool/AFP
Obama faz discurso para a nação do Salão Leste da Casa Branca para falar sobre a Síria Imagem: Evan Vucci/Pool/AFP

Do UOL, em São Paulo

10/09/2013 22h20Atualizada em 11/09/2013 01h11

Em pronunciamento à nação transmitido pela TV na noite desta terça-feira (10), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que vai insistir no "caminho diplomático" na busca de uma solução para o conflito na Síria, mas mostrou ceticismo e tentou convencer a opinião pública e o Congresso de que uma ação militar no país do Oriente Médio é necessária.

“Os Estados Unidos encorajarão inimigos se não fizer nada sobre Síria”, disse Obama. “Em que mundo nós viveríamos se os EUA deixassem que um ditador usasse esse veneno [gás sarin]?”, continuou. “É isso que faz os EUA diferentes, excepcionais. Com humildade e determinação, sem perder o foco da verdade”, finalizou.

O ataque, atribuído ao regime do ditador Bashar Assad, matou mais de mil civis. “Sabemos que Assad é o responsável pelo ataque químico. Mas a humanidade declarou que essas armas não podem ser usadas. Em 21 de agosto essas regras básicas foram violadas”, disse Obama.

“Essas coisas aconteceram e não podem ser negadas. A questão agora é o que os Estados Unidos e a comunidade internacional farão a respeito. É também um perigo para a nossa própria segurança. Se não agirmos, o perigo do uso de armas químicas vai voltar à humanidade”, declarou o presidente. “O propósito é deixar claro para o mundo que não vamos aturar o seu uso”, completou.

Diplomacia

Obama, contudo, afirmou que a iniciativa da Rússia de propor que a Síria submeta seu arsenal de armas químicas ao controle internacional trouxe “luz no fim do túnel”. Diante disso, a fim de dar uma oportunidade às negociações diplomáticas, o chefe da Casa Branca fez um apelo para que a liderança democrata no Senado adie a votação sobre uma ação militar na Síria, incialmente marcada para amanhã.

“Tenho preferência por soluções pacíficas", disse Obama, sem deixar de mostrar ceticismo. "As Forças Armadas estarão prontas para agir caso a diplomacia falhe”, emendou. “Adiem o voto para uso de força enquanto tentamos o caminho diplomático. Continuarei em contato com [o presidente russo] Vladimir Putin.”

A proposta russa, que foi aceita pela Síria, causou grande movimentação diplomática nesta terça-feira. Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU chegou a ser convocada após pedido da Rússia, mas foi cancelada horas depois com a retirada da solicitação.

Ataque limitado

Obama disse reconhecer que a entrada dos EUA em mais uma guerra não é medida popular entre os americanos e reiterou sua opção por uma ação “limitada”.

"Depois do alto preço do Iraque e do Afeganistão, uma ação, mesmo que limitada, não será muito popular", afirmou. “Eu não vou colocar soldados em guerra na Síria, nem vou fazer um ataque aéreo longo. Será uma ação controlada com um objetivo claro: impedir o uso de armas químicas”, afirmou.

“Mesmo um ataque limitado fará com que Assad pense duas vezes antes de usar armas químicas.”