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Obama: Agirei por decreto se o Congresso obstruir

No discurso anual do "Estado da União", em sessão conjunta do Congresso norte-americano, Obama defendeu ainda a redução da desigualdade entre gêneros, e entre pobres e ricos: ""Os EUA acreditam que ninguém que trabalhe 8h por dia deveria manter uma família na pobreza" - Jewel Samad/AFP
No discurso anual do 'Estado da União', em sessão conjunta do Congresso norte-americano, Obama defendeu ainda a redução da desigualdade entre gêneros, e entre pobres e ricos: ""Os EUA acreditam que ninguém que trabalhe 8h por dia deveria manter uma família na pobreza" Imagem: Jewel Samad/AFP

Do UOL, em São Paulo

29/01/2014 01h35Atualizada em 29/01/2014 02h05

O presidente americano, Barack Obama, advertiu nesta terça-feira (29) que tomará decisões por decreto, se o Congresso se negar a agir em favor da classe média. "Os Estados Unidos não ficam parados, e eu tampouco. Assim, não importa onde e quando, poderei dar passos sem legislação para expandir as oportunidades para mais famílias americanas, e é o que eu vou fazer", disse Obama.

Barack Obama discursou na madrugada desta terça-feira (29), horário de Brasília, no Congresso norte-americano, em Washington. O discurso "Estado da União" é realizado anualmente e reflete a visão da presidência norte-americana sobre a situação do país. Por cerca de uma hora, a partir da 0h de Brasília, os membros dos três Poderes do governo americano - 435 representantes, 100 senadores, nove juízes da Suprema Corte, o presidente, o vice-presidente e o gabinete de secretários, além do chefe das Forças Armadas - estiveram todos reunidos em um mesmo local.

No discurso, Obama elogiu a evolução da economia dos Estados Unidos. Nós viramos a página, depois de lutar contra a crise econômica, e estamos preparados para avançar, declarou o presidente.

"É por isso que eu acredito que este pode ser um ano de avanço para a América", afirmou. "Depois de cinco anos de coragem e esforço obstinado, os Estados Unidos estão mais bem posicionados para o século XXI do que qualquer outra nação do planeta", insistiu.

O presidente também pediu ao Congresso que aumente o salário mínimo federal, convocando os legisladores a ajudar a reverter a profunda disparidade de renda no país.

Independência energética

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que seu país está mais perto da independência energética do que esteve "em décadas" e afirmou que isso é devido, em grande medida, à exploração de gás natural.

"Os Estados Unidos estão mais perto da eficiência energética do que estiveram em décadas", afirmou o presidente durante seu discurso anual sobre o Estado da União no Congresso.

O presidente lembrou que o setor privado planeja investir quase US$ 100 bilhões em novas usinas de gás natural e prometeu que eliminará os impedimentos burocráticos para ajudar os estados a construí-las.

O presidente destacou que a produção de petróleo e gás natural não é a única que está em seu auge: "Também estamos nos transformando em um líder mundial em energia solar", garantiu.

"A cada quatro minutos, uma casa ou empresa nos Estados Unidos adota a energia solar; cada painel que é instalado tem por trás um trabalhador cujo emprego não pode ser terceirizado no exterior", insistiu Obama. 

Terrorismo

Obama comentou que o governo nort-americano colocou a rede Al-Qaeda "no caminho da derrota", mas que "sua ameaça evoluiu", e grupos correlatos plantam raízes em novos lugares do mundo. "No Iêmen, Somália, Iraque e em Mali, temos de continuar trabalhando com aliados para enfraquecer essas redes e torná-las inoperantes", declarou Obama.

O presidente também prometeu vetar qualquer projeto de lei apresentado pelo Congresso que imponha novas sanções ao Irã, em meio a sensíveis negociações sobre o programa nuclear de Teerã.

"As sanções que nós colocamos em prática nos ajudaram a tornar essa oportunidade possível. Mas, deixe-me ser claro: se esse Congresso me enviar novos projetos de sanções, agora, isso ameaça descarrilar essas conversas. Eu vou vetar. Pelo interesse da nossa segurança nacional, precisamos dar à diplomacia uma chance de ser bem-sucedida", pediu Obama.

No discurso, o mandatário norte-americano apontou que não exitará em usar a força quando necesário, mas que segurança interna se faz também com uma diplomacia forte, e que esta diplocia tem garantido, por exemplo, sucesso nas negociações no Irã.

O presidente abordou ainda a situação na Ucrânia e apoiou os protestos pró-democracia. Ele defendeu que os manifestantes têm o direito de serem ouvidos sobre o futuro de seu país.

"Na Ucrânia, defendemos o princípio de que as pessoas têm o direito de se expressar livre e pacificamente e que tenham a palavra para o futuro de seu país", completou Obama.

Local secreto

O secretário de Energia, Ernest Moniz, é o único integrante de alto escalão do governo Barack Obama ausente no discurso sobre o Estado da União.

Durante a intervenção de Obama no Capitólio, Moniz estará em um lugar secreto, como acontece todos os anos com um secretário do governo. O objetivo é garantir a continuidade do Estado, caso a Câmara de Representantes seja alvo de algum ataque, ou seja afetada de alguma forma.

Essa medida é tomada no Estado da União e nas cerimônias de posse do presidente recém-eleito, a cada quatro anos. (Com AFP)