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Farc suspendem cessar-fogo na Colômbia após bombardeio que matou 26

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (centro), faz anúncio sobre bombardeio contra as Farc, em Bogotá - Fernando Vergara/AP
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (centro), faz anúncio sobre bombardeio contra as Farc, em Bogotá Imagem: Fernando Vergara/AP

Do UOL, em São Paulo

22/05/2015 12h21

A guerrilha comunista das Farc suspendeu nesta sexta-feira (22) uma trégua unilateral decretada em dezembro, após a morte de 26 guerrilheiros na Colômbia em um bombardeio militar, informou sua delegação nas negociações de paz em Cuba.

"As Farc suspendem o cessar-fogo unilateral", disse a delegação da guerrilha em seu blog, afirmando que adotou esta medida devido à incoerência do governo de Juan Manuel Santos por ordenar ataques contra posições rebeldes em meio à trégua unilateral.

O presidente Juan Manuel Santos havia chamado a operação de uma "ação legítima".

"Os resultados preliminares desta operação são 26 baixas e um menor de idade recuperado", afirmou Santos em um discurso no palácio de Nariño, ao lado da cúpula militar.

O balanço anterior citava 18 mortos e dois feridos no bombardeio.

O bombardeiro abalou o processo de paz que ocorre em Havana e constituiu o ataque mais duro sofrido pelos rebeldes desde o início das negociações, há dois anos.

A operação militar ocorreu na quinta-feira no município de Guapí, Cauca, 480 km a sudoeste de Bogotá, um reduto deste grupo rebelde.

Também foram apreendidos uma metralhadora, 15 fuzis, sete pistolas e um rádio, segundo meios de comunicação locais.

Ainda antes do anúncio do fim do cessar-fogo, o comandante Pastor Alape, um dos delegados das Farc nas negociações de paz de Havana, classificou de assassinato o bombardeio e disse que a trégua unilateral que a guerrilha mantém como sinal de sua vontade de negociação se tornava "impossível".

"Assassinatos sob a profunda noite e em pleno sono, com bombas de 250 quilos sem oportunidade de combater, é um ato traiçoeiro e degradante", escreveu Alape nesta sexta-feira pelo Twitter, na primeira reação da guerrilha após o ataque.

Na mesma zona, há pouco mais de um mês uma emboscada guerrilheira deixou 11 militares mortos, um ataque que abalou a sociedade colombiana, cada vez mais desconfiada do êxito do processo de paz.

As Farc classificaram esta emboscada de defensiva devido aos trabalhos de controle que os militares realizavam na área.

Na época, o presidente Juan Manuel Santos autorizou a retomada dos bombardeios contra a guerrilha, que haviam sido suspensos em março em sinal de boa vontade no âmbito do processo de paz, e que na quinta-feira voltaram a atingir duramente o grupo insurgente.

"A ofensiva permanece até alcançar a paz que espero que seja alcançada o quanto antes!", escreveu o presidente em sua conta no Twitter.