Ativista política encerra greve de fome de 16 anos na Índia
Uma ativista política encerrou uma greve de fome de 16 anos nesta terça-feira (9), na Índia. Irom Sharmila lambeu um pouco de mel de seus dedos e declarou: "Eu jamais esquecerei este momento".
Conhecida como a "Dama de Ferro de Manipur", Irom Sharmila iniciou seu jejum em 5 de novembro de 2000, após presenciar o assassinato de dez pessoas em uma parada de ônibus no povoado de Malom.
A "Dama de Ferro" protestava com o objetivo de acabar com a Lei de Faculdades Especiais das Forças Armadas (AFSPA), que permite que as forças de segurança de Manipur -- onde há correntes separatistas -- "executem e torturem com impunidade", segundo a Anistia Internacional.
A lei AFSPA foi aprovada pelo Parlamento em 1958 para o nordeste do país, com intenção de conter uma rebelião da etnia naga nessa zona, mas não serviu para evitar o nascimento de novos grupos insurgentes.
Dias após começar seu protesto, a jovem, que na época tinha 28 anos, foi detida pela polícia sob acusação de tentativa de suicídio, penalizada pelo Código Penal indiano com um ano de prisão.
Desde então, a ativista permanecia internada no hospital carcerário Jawaharlal Nehru, em Imphal, capital de Manipur, porque embora cumpra sua pena a cada ano e recupere a liberdade, voltam a prendê-la imediatamente por persistir com o jejum.
No hospital, a indiana recebia alimentos via nasal após ter sido entubada à força. A polícia mantinha a ativista viva ano após ano a alimentando com uma sonda, pois legalmente se pode manter um suspeito detido 364 dias por ano no país.
Nesta terça-feira, um juiz concedeu liberdade mediante fiança depois que Sharmila garantiu que terminaria sua greve de fome.
Horas depois, ela apareceu para uma entrevista para a imprensa com o tubo removido do nariz e saboreando um pouco de mel.
Sharmila disse que planeja concorrer nas eleições regionais em Manipur, em 2017, para lutar contra a lei AFSPA. "Eu preciso de poder para derrubar esta lei", disse. (Com as agências internacionais)
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