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Como os norte-americanos elegem um presidente

Sarah Wheaton

25/09/2012 21h57

No dia das eleições, 6 de novembro, o processo quase permanente de levantar dinheiro, apertar mãos e fazer discursos faz uma breve pausa enquanto os norte-americanos votam em seu próximo líder.

Entre o dia em que um candidato potencial monta um “comitê exploratório” para considerar uma candidatura à presidência, no início do ano antes da eleição, e o momento em que a última urna se fecha, ele ou ela participa de uma agenda de eventos que compõem o processo eleitoral dos EUA:

Entenda o processo eleitoral dos EUA

Maio a final de agosto

As campanhas: conheça o novo presidente

Só depois de vencer os integrantes de seu próprio partido numa série de primárias estaduais, começando em janeiro e normalmente se estendendo até a primavera no hemisfério norte, é que o desafiante volta seu foco para o homem na Casa Branca. Normalmente, o candidato pergunta aos eleitores: “Vocês estão em melhor situação do que estavam há quatro anos?”

O presidente em exercício pergunta: “Vocês não querem de fato aquele cara, querem?”

Este ano, uma eleição que aparentemente seria um referendo sobre a capacidade do presidente Barack Obama de criar empregos e consertar a economia agora se tornou --em grande parte devido ao fato de Mitt Romney ter escolhido Paul D. Ryan, um conservador fiscal linha dura, como seu vice-- uma escolha distinta entre duas versões muito diferentes: Obama promove o governo como ferramenta para melhorar as vidas das pessoas, e Romney apresenta o governo como algo que sufoca a prosperidade e a liberdade.

A estratégia: ganhar o colégio eleitoral

Quando os candidatos fazem agendas de campanha e pensam em comprar anúncios, eles não se preocupam com muitas das áreas mais populosas. Isso ocorre porque a eleição presidencial não é determinada pelo total de votos populares, mas pelo Colégio Eleitoral.

Cada um dos 50 Estados e Washington, D.C., a capital, recebe um número determinado de “votos eleitorais” baseados, grosso modo, na população. Com poucas exceções, o vencedor num Estado recebe todos os votos daquele Estado, independentemente da margem. Pelo menos 270 dos 538 votos são necessários para vencer.

O Colégio Eleitoral foi estabelecido na Constituição como um compromisso entre Estados pequenos e grandes quando o tamanho do país e os valores eram muito diferentes (as mulheres não podiam votar, os negros eram escravos e a desconfiança em relação às pessoas de baixa escolaridade era conflitante com os ideais filosóficos sobre democracia). O sistema seria difícil de mudar porque faz parte da Constituição.

A Califórnia tem a maior parte dos votos eleitorais, 55. Todos certamente irão para Obama, por isso, ambas as campanhas ignoram a Califórnia. Em vez disso, dão toda atenção a New Hampshire, atrás de seus quatro votos.

Final de agosto – início de setembro

As convenções: é oficial

As convenções são eventos grandes nos quais o candidato de cada partido é oficialmente nomeado. Um partido também pode lançar astros em ascensão e elaborar suas plataformas, ou agenda política. Os analistas buscam sinais de discórdia ou enfraquecimento do entusiasmo.
A Flórida é o maior “Estado indeciso” --Estado onde o resultado na noite de eleição pode oscilar para qualquer um dos candidatos. Não é coincidência o fato de os republicanos terem feito sua convenção de quatro dias lá, começando em 27 de agosto. Os democratas se reuniram na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte, na semana seguinte.

Outubro – início de novembro

Os debates: conversas e surpresas de outono

Os candidatos se enfrentam frente a frente em três debates em outubro, diante do público e transmitidos ao vivo pela televisão. Eles usam esses eventos para superar um ao outro em seriedade e tratar dos assuntos que mais importam aos eleitores --temas que este ano incluem a economia, saúde e a ameaça do Irã. Um debate traz questões do público, o que é um teste chave para a capacidade de os candidatos se conectarem com os eleitores.

A taxa de desemprego mensal é anunciada na primeira sexta-feira de cada mês, então o número de outubro sai em 2 de novembro. Até a mínima mudança para cima ou para baixo determina a narrativa durante o último final de semana de campanha.

As mudanças legais significam que grupos políticos não filiados aos partidos e candidatos podem levantar quantias ilimitadas de dinheiro, geralmente de doadores anônimos. Será que os dólares equivalem a votos, ou os anúncios saturados de ataques simplesmente cancelam uns aos outros? O efeito do dinheiro nas campanhas será debatido por muito tempo depois que as últimas urnas forem contadas.
Todos os 50 Estados permitem o voto antecipado, o que significa votos pelo correio ou abertura de urnas para votar pessoalmente. As datas e regras variam consideravelmente: a Carolina do Norte aceita cédulas a partir de 6 de setembro, mas a Pennsylvania começa a aceitá-las em 23 de outubro.

6 de novembro

A votação: E o vencedor é...

A maioria dos norte-americanos vota em 6 de novembro por voto secreto.

O processo varia muito. A maioria dos eleitores vai a igrejas, escolas e outros espaços públicos para colocar suas cédulas nas urnas, que podem ser eletrônicas, de escaneamento ótico, cartão perfurado ou outros métodos. No Estado de Oregon, as pessoas só podem votar pelo correio.

Os cidadãos norte-americanos podem começar a votar aos 18 anos, embora cada Estado tenha suas próprias regras de registro eleitoral, que definem se os presos têm direito a votar, e que tipo de identificação é exigida nas urnas.

A noite das eleições fornece uma tarde inteira de entretenimento para os que adoram política. O horário de votação varia por Estado, e as urnas normalmente abrem algumas horas antes do início do horário comercial, às 9h, e fecham algumas horas depois das 17h, fim do horário comercial. Os Estados Unidos continental se estende por cinco fusos horários, portanto os resultados demoram várias horas para sair. Oficiais eleitorais locais contam as urnas enquanto organizações da mídia gradualmente “projetam” o vencedor em cada Estado, baseadas nas pesquisas de boca de urna com pessoas que já votaram, contagens parciais, e a intuição dos especialistas em política.
O primeiro candidato a acumular 270 votos eleitorais vence.

Pode levar semanas para que os oficiais eleitorais “certifiquem” os totais de votos, mas normalmente o vencedor é óbvio (o ano 2000 foi evidentemente uma exceção). O perdedor normalmente faz um telefonema para parabenizar o vencedor, depois faz um discurso para agradecer seus apoiadores. O discurso do vencedor normalmente enfatiza a unidade nacional depois de uma temporada de campanha divisória.

Quase 133 milhões de norte-americanos votaram em 2008, número que representa 62,2% do eleitorado, um recorde. Números similarmente altos este ano poderiam ser um sinal de que o movimento que o presidente Obama criou há quatro anos atrás ainda continua forte; uma grande abstenção provavelmente seria benéfica para Romney.

20 de janeiro

A posse: Olhando para frente

O novo mandato presidencial começa em 20 de janeiro.

O chefe do supremo tribunal dos EUA administra o juramento do presidente durante uma elaborada cerimônia pública em Washington, D.C., que conta com música, discursos pomposos e milhares de norte-americanos no frio ao ar livre.

O que aquece?

A especulação sobre a próxima eleição.