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Internet vai transformar objetos comuns em computadores inteligentes

Especial para o UOL

23/09/2014 06h00

Os números sobre o crescimento da internet nos últimos anos são sempre relevantes – a rede já atinge 40% da população mundial -, mas dimensionar sua potencialidade para o futuro é uma tarefa mais interessante.

A internet é como uma série reescrita a cada episódio. As estrelas que brilharam no capítulo anterior mudaram drasticamente e não são mais as mesmas. Há 10 anos, o Google era apenas um buscador. Alguém se lembra do ICQ ou do Messenger?

Essa série não tem um diretor, um produtor, mas sim milhões de pessoas e empresas que pensam, criam, escrevem e editam o pensamento todos os dias, ao mesmo tempo e em diferentes países. Ninguém pode afirmar como será o próximo capítulo, mas todos percebem que fazem parte de um momento considerado divisor de águas na história do desenvolvimento da humanidade.

Hoje a internet está ligada principalmente a elementos computacionais como desktops, laptops, tablets e telefones. Mas a capacidade de armazenamento e processamento em nuvem permite prever que o próximo capítulo da internet será um mergulho na chamada "internet das coisas".

A partir da fácil capacidade de armazenamento e processamento a baixo custo em nuvem, qualquer objeto que tem acesso à rede pode ser convertido para um computador. Relógios, óculos, carros, motos, bicicletas, termostatos, geladeiras e roupas terão a capacidade de saber onde estamos e o que necessitamos, e atuar de forma inteligente para nos ajudar.

Se a geladeira está quase vazia, ela saberá que precisa de menos refrigeração e, portanto, consumirá menos energia. A piscina vai saber exatamente quanto necessita de cloro, assim como a grama entenderá quanto precisa de água. Se estiver calor e a casa estiver cheia, a temperatura do ambiente se autorregulará. As compras de rotina serão feitas e entregues automaticamente e vamos determinar os produtos apenas quando precisarmos deles.

Uma cidade poderá conectar de forma inteligente seus semáforos e seu sistema de iluminação com fontes  de geração de energia gratuitas e provenientes de fontes renováveis. Essa energia se armazenará nas baterias dos carros que serão, principalmente, elétricos, e se conduzirão sozinhos.

Um supermercado não terá falta de estoque porque, com a identificação dos produtos, poderá prever a reposição em tempo hábil, e saberá quais produtos os clientes que vivem em sua área de influência compram - e com que frequência.

A internet permitirá ser mais amigável com o meio ambiente e iniciará uma nova ordem nas cidades em relação ao consumo e ao cuidado com energia e recursos.

Haverá mudanças nas arquiteturas das cidades. Os bancos terão menos sucursais porque os movimentos de dinheiro serão todos virtuais e o comércio não precisará de grandes espaços, pois venderão mais pela internet do que em lojas físicas.

Com relação ao comércio eletrônico, as mudanças serão igualmente importantes. Hoje estamos em um estágio inicial de comércio online - inclusive em países desenvolvidos como Estados Unidos, onde o e-commerce representa cerca de 10% do comércio como um todo. Porém, é fundamental frisar que o e-commerce cresce quase cinco vezes mais rápido do que o varejo offline.

O percentual do e-commerce seguirá crescendo mais de 50%, gerando uma divisão mais difusa entre o comércio eletrônico e físico. Será comum, por exemplo, que uma pessoa caminhando em um bairro receba em seu telefone uma oferta para comprar algum produto na próxima meia hora com um desconto especial. Essa pessoa verá o produto na loja, pagará pelo próprio telefone e o receberá em casa, sem que fique evidente se a compra foi feita online ou na loja física.

Os empreendedores que se prepararem para este cenário terão um mercado imenso e com muitas oportunidades para explorar.

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