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Cassações não prejudicam trabalhos na Câmara Municipal de SP, diz Mutran

Maurício Savarese<br/> Do UOL Notícias<br/> Em São Paulo

20/10/2009 17h32

O mais antigo vereador na Câmara Municipal de São Paulo, Wadih Mutran (PP), afirmou nesta terça-feira (20) que não recebeu doações ilegais para sua campanha eleitoral, ao contrário do que afirma a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que cassou os mandatos de 13 vereadores nesta segunda. Segundo Mutran, os trabalhos na Casa não serão prejudicados, assim como a votação do Orçamento até o fim do ano.

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O juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral, determinou nesta segunda-feira (19) a cassação imediata de 13 membros da Câmara Municipal de SP, acusados de receberem doações de campanha irregulares da AIB (Associação Imobiliária Brasileira). Os parlamentares também foram declarados inelegíveis por três anos. Segundo o juiz, a entidade não poderia realizar doações a campanhas eleitorais. Os vereadores podem apresentar recurso.

Mutran, corregedor da Câmara, presidente da comissão de Finanças e famoso por integrar a chamada tropa de choque dos ex-prefeitos da capital Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta (PTC), disse que recebeu doação de R$ 50 mil da AIB por meio de um cheque nominal. "Se fosse uma doação por trás dos panos, não estava passando por esse problema", afirmou o vereador, que está há quase 27 anos na Casa.

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A decisão afasta dos cargos os vereadores Adilson Amadeu (PTB), Adolfo Quintas Neto (PSDB), Carlos Alberto Apolinário (DEM), Carlos Alberto Bezerra Júnior (PSDB), Cláudio Roberto Barbosa de Souza (PSDB), Dalton Silvano do Amaral (PSDB), Domingos Odone Dissei (DEM), Gilson Almeida Barreto (PSDB), Marta Freire da Costa (DEM), Paulo Sérgio Abou Anni (PV), Ricardo Teixeira (PSDB), Ushitaro Kamia (DEM) e Wadih Mutran (PP). Os vereadores podem recorrer



Conforme denúncia do Ministério Público, a AIB doou R$ 3,1 milhões para um grupo de 29 vereadores eleitos nas últimas eleições. Os 13 vereadores cassados receberam R$ 1,655 milhão. As investigações revelaram que a AIB seria, na verdade, um braço do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), e, pela lei eleitoral, é vetada a doação de sindicatos a candidatos.

Mutran disse ainda que, mesmo tendo sido corretor de imóveis, só visitou a sede do Secovi-SP como parlamentar uma vez, para receber uma homenagem. O decano afirmou que vai procurar conhecer melhor os donos da empresa e que não aceita doações de qualquer um, o que o leva a crer na honestidade da associação que contribuiu com sua campanha. "Eu acredito que sejam pessoas idôneas, eles deram dinheiro de monte por aí."

Mutran, que tem reduto eleitoral na zona norte e recebeu pouco mais de 29 mil votos nas eleições de 2008, também disse que recebeu ligações de apoio ao longo desta manhã, inclusive do ex-prefeito Pitta. "Faltou o Maluf me ligar. Ele podia ter me ligado. Puxa, Maluf, me liga!", pediu.

Na Câmara, que teve sessão plenária aberta normalmente, a maioria dos atingidos pela decisão compareceu, com exceção dos tucanos Ricardo Teixeira - que está fora do país - e Adoldo Quintas Neto.

Um vereador petista, que pediu para não ser identificado disse aos jornalistas que a maioria dos afetados pela decisão sinalizou que não tratará do assunto até que a Justiça se pronuncie sobre os recursos e sobre se as cassações serão suspensas. "O clima está péssimo, porque, mesmo adversários, são colegas." Segundo ele, o tom dos discursos é o de evitar esse assunto para não dar mais munição para a imprensa e para a oposição.

Os vereadores Abou Anni e Dalton Silvano, estão entre os cassados que se pronunciaram no plenário hoje, mas não falaram sobre o caso. A exoneração dos vereadores depende da Mesa Diretora, que informou não ter sido notificada da decisão até a noite de ontem. Nesta terça, a Mesa ainda não se manifestou sobre o caso.