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Dilma instala Comissão da Verdade e diz que não haverá ressentimento, ódio nem perdão

Dilma chora ao citar familiares de desaparecidos - Sergio Lima/Folhapress
Dilma chora ao citar familiares de desaparecidos Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Mauricio Savarese

Do UOL, em Brasília

16/05/2012 12h44

Em um ato que reuniu ex-presidentes da República e os mandatários STF (Supremo Tribunal Federal), da Câmara dos Deputados e do Senado, a presidente Dilma Rousseff (PT) instalou, nesta quarta-feira (16), a Comissão da Verdade, que passará os próximos dois anos apurando  violações aos direitos humanos ocorridas entre 1964 e 1988, período que inclui a ditadura militar.

"A comissão não abriga ressentimento, ódio nem perdão. Ela só é o contrário do esquecimento", disse a presidente, que chorou durante o ato ao citar familiares de desaparecidos entre 1964 e 1985, período que durou a ditadura.

Dilma afirmou que não revogará a Lei da Anistia, que perdoou crimes cometidos por agentes do Estado no período.

A presidente afirmou que escolheu "um grupo plural de cidadãos, capaz de entender a dimensão do trabalho que vão executar com toda a liberdade e sem interferência do governo".

Dilma elogiou ações dos antecessores Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Fernando Collor (PTB) e José Sarney (PMDB) na transição para a democracia.

"Essa não é uma ação de governo. Estamos celebrando um ato de Estado", disse.

Lei da Anistia

A presidente, sem mencionar a Lei da Anistia, disse valorizar "pactos políticos que nos levaram à redemocratização".

Grupos de direitos humanos se dividiram entre os que aderiram ao modelo da comissão e aos que consideram a iniciativa insuficiente por não resultar em punições para agentes do Estado que cometeram crimes.

Os comandantes das três Forças Armadas estiveram presentes na cerimônia, mas não discursaram.

Tanto Dilma como o porta-voz da comissão, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, repetiram que não haverá "ressentimento contra os militares".

Dias alfinetou Sarney e Collor, que já foram filiados ao partido de sustentação da ditadura. Ele afirmou que "três presidentes" se envolveram na luta pela redemocratização.

"Não somos donos da verdade, mas seremos seus perseguidores obstinados", disse Dias.