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PT defende plebiscito com validade para 2014 e diz que "não houve recuo, mas avanço"

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

04/07/2013 17h55Atualizada em 04/07/2013 20h02

Após reunião da executiva nacional do PT, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou nesta quinta-feira (4) que a sigla defende a realização de um plebiscito sobre a reforma política que tenha validade já nas eleições de 2014. A afirmação foi feita após novo recuo do governo federal, que voltou a dizer que prefere que o plebiscito valha para as próximas eleições, ao contrário do que o vice-presidente Michel Temer havia declarado horas antes.

Para ele, o plebiscito deveria ocorrer em “um prazo mais curto possível”. “A melhor maneira de ouvir a população que está nas ruas é o plebiscito”, disse.

O presidente do PT não quis comentar o recuo do vice-presidente da República, Michel Temer, sobre a validade do plebiscito para as eleições de 2014. “Não foi um recuo, foi um avanço.” Para Falcão, deve ter acontecido um “mal entendido”.

PT dá apoio integral a Dilma sobre plebiscito, diz Falcão

Falcão disse ainda que o partido é favorável à convocação posterior de uma Assembleia Constituinte  para aprofundar o debate sobre a reforma política que for feita agora.

“Não sabemos qual é a extensão que possa ter o decreto legislativo que vai convocar o plebiscito”, disse. “Há outras perguntas que não vão passar pelo plebiscito porque [a reforma política] demanda um debate mais prolongado”, completou.

A proposta do PT é que a constituinte seja convocada para discutir exclusivamente a reforma no sistema político, apesar do entendimento de vários juristas de que não é possível limitar os poderes de uma constituinte.

Não há condições de plebiscito valer para 2014, disse Temer

“Ouvi as opiniões de grandes constitucionalistas que admitem, sim, a possibilidade de constituinte específica, que é convocada com critérios disciplinando com poderes para disciplinar de tanto a tanto da Constituição Federal”, afirmou.

Ele reiterou o apoio do PT ao governo federal e desconversou ao comentar se o partido defendia que a presidente Dilma faça mudanças na sua equipe.
“A nossa posição é de apoio integral às iniciativas da presidente Dilma, que é a grande líder desse processo, cuja iniciativa compete a ela.”

A reunião, que durou o dia todo a portas fechadas na sede do PT em Brasília, foi convocada para discutir a “conjuntura nacional”. 

Lula

Diante da posição de uma ala do partido que ensaia o coro de “Volta, Lula”, Falcão rechaçou que falte união dentro da legenda em torno do nome da presidente Dilma para disputar a reeleição em 2014.

Segundo Falcão, o comentário do deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) na imprensa, de que “já estava na hora de o Lula voltar", não encontra ressonância na direção do partido.
“Vimos uma declaração isolada na imprensa hoje. As pessoas têm direito de terem as suas preferências, mas isso não é posição da direção do PT”, afirmou, acrescentando que o tema não foi abordado na reunião de hoje.

A executiva aprovou um cronograma de mobilização, chamando os militantes a se engajarem na campanha em defesa da reforma política e do plebiscito com validade para 2014. Também foi convocada uma reunião do Diretório Nacional para o próximo dia 20 de julho.

Repercussão

Após o anúncio do recuo do governo, o senador tucano Aloysio Nunes (SP), líder do PSDB no Senado, disse que a presidente Dilma Rousseff se meteu em uma "trapalhada".

"Acho que é um dos maiores fracassos políticos de um presidente da República isso que está acontecendo, por conta da trapalhada em que a presidente Dilma se meteu. Ela primeiro disse que ia pedir ao Congresso para convocar um plebiscito para fazer uma Constituinte exclusiva da reforma política. Depois recuou e quer fazer um plebiscito. A manobra fracassou. Quis fazer uma mágica para desviar a atenção do povo", disse.