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Temer é contra abertura de CPI e vê "intenção política" em investigar Dilma

Do UOL, em São Paulo

26/03/2014 10h16

Em viagem a Haia, na Holanda, para a Cúpula de Segurança Nuclear, o vice-presidente Michel Temer mostrou-se nesta terça-feira (25) contrário à abertura de CPI para investigar a aquisição da refinaria de Pasadena. "A presidente era a chefe da Casa Civil. Convenhamos, ela tinha milhares de atribuições, entre elas a de presidir o conselho (da Petrobras)", disse.

Para o vice-presidente, é "inevitável, em ano de eleição" não enxergar "intenção política" na tentativa de abrir a CPI. "Não vejo necessidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Numa estratégia do governo de evitar uma CPI para apurar a compra da refinaria Pasadena pela Petrobras, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou nesta terça-feira (25) que a representação movida por senadores para que a PGR (Procuradoria-Geral da República) investigue a participação da presidente Dilma Rousseff  (PT) na compra de uma refinaria dos EUA pela Petrobras tem caráter "político-eleitoral".

Segundo Cardozo, o pedido de investigação "transforma bandeiras que são próprias de palanque". De acordo com o ministro, essa representação apenas "coloca a presidente numa situação que não diz respeito a ela".

Nesta terça, senadores do grupo dos "independentes" pediram ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a abertura de investigação sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2006. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal que avalizou o negócio. Janot afirmou que pretende tratar do assunto com "firmeza e celeridade como pede a situação". 

No pedido entregue ao procurador, os senadores afirmam que Dilma pode ter cometido crimes de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa ao autorizar a compra da refinaria.

"Todos os fatos narrados, como se suspeita ocorridos, em um país que notoriamente sofre com a falta de transparência na gestão pública, levam à necessidade de tomada das providências legais cabíveis para que seja investigada, em especial, a prática dos crimes previstos na lei 8.429 e outros que porventura se identifiquem", afirmam os senadores no pedido.

Segundo o ministro, a representação dos senadores "não traz fatos novos" o que, para ele, daria o caráter "político" ao pedido dos parlamentares.

O grupo de senadores optou por recorrer ao Ministério Público antes de pedir abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar o episódio. Em ano eleitoral, os "independentes" consideram que a CPI não terá o mesmo "êxito" que a procuradoria para apurar a compra da refinaria.      

Embora o Ministério Público investigue a compra desde o ano passado, os "independentes" querem que o papel de Dilma no episódio. O pedido de investigação tem apoio dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF). O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também apoia o documento.