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Alvo do Conselho de Ética, André Vargas não vai à sessão que o ouviria

Na presença do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, o deputado André Vargas (então no PT), repeti gesto que marcou a prisão dos petistas condenados no julgamento do mensalão - Sérgio Lima - 3.fev.2014/Folhapress
Na presença do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, o deputado André Vargas (então no PT), repeti gesto que marcou a prisão dos petistas condenados no julgamento do mensalão Imagem: Sérgio Lima - 3.fev.2014/Folhapress

Do UOL, em Brasília

29/07/2014 13h06Atualizada em 29/07/2014 17h35

Investigado pelo Conselho de Ética da Câmara, o deputado federal André Vargas (sem partido-PR) não foi nesta terça-feira (29) à sessão marcada para ouvi-lo sobre a extensão do seu envolvimento com o doleiro preso Alberto Youssef.

Procurado pelo UOL antes da sessão, Vargas foi lacônico e informou apenas que estava fora de Brasília e não pretendia comparecer. Já o seu advogado, Michel Saliba, argumentou que o ex-petista não iria ao Congresso porque ainda trabalha na sua defesa e alfinetou o relator, Júlio Delgado (PSB-MG), afirmando estar “pautado pelo calendário eleitoral” e interessado em criar “factoide” ao marcar o depoimento para hoje.

Delgado, por sua vez, rebateu justificando que a elaboração da defesa independe do trâmite do processo e que planejava concluir a instrução ainda hoje, conforme prazo determinado pelo regimento.

As testemunhas de defesa que seriam ouvidas hoje também não compareceram, alegando problemas de agenda. O conselho ouviria o coordenador operacional da Arquidiocese de Aparecida, Denir Campos, e o consultor jurídico do Ministério da Saúde Fabrício de Oliveira Braga.

Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou que Vargas tivesse acesso a todos os documentos do processo, com quase 15 mil páginas, e deu prazo para que prepare nova defesa por escrito até a sexta (1º). Vargas já havia apresentado uma defesa por escrito em maio. Desde que foi aberto o processo, em abril, Vargas não depôs no conselho nenhuma vez.

O relator, porém, considerou a estratégia protelatória e argumentou que a defesa poderá apresentar seus novos argumentos no mesmo dia em que marcar a sessão para entregar o seu parecer, com o seu voto, sobre o caso.

“Essa mesma decisão do STF não suspende o processo e, portanto, não impede que se encerre a instrução [com a juntada de documentos e oitiva de testemunhas]. O que estou fazendo é cumprir o prazo de 40 dias de instrução”, disse Delgado. “Não preciso dos fundamentos da defesa para fazer o meu relatório.”

Candidato à reeleição, ele negou ainda que haja açodamento do processo para ter um desfecho antes de outubro, conforme acusa a defesa de Vargas. “Não estou fazendo campanha como meus colegas, estou cumprindo a minha função, tanto é que estou em Brasília hoje. Tenho um prazo no Conselho de Ética que precisa ser cumprido e vou fazê-lo.”

Vargas é investigado por suposta quebra de decoro sob acusação de ter favorecido Youssef em contratos públicos em troca de favores pessoais. O doleiro é pivô da operação Lava Jato da Polícia Federal que apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

No seu parecer, o relator poderá pedir até a cassação do mandato do parlamentar. No entanto, para que alguma eventual punição seja aplicada, o relatório precisará ser aprovado pelo conselho e pelo plenário da Câmara. (Com informações da Agência Câmara)