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"Vou provar que os meus bens têm fundo no meu trabalho", diz Duque

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

19/03/2015 15h34Atualizada em 19/03/2015 17h35

O ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque se defendeu das acusações de corrupção nesta quinta-feira (19) durante audiência pública da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a petrolífera na Câmara. “Eu vou me defender, eu vou provar que os meus bens têm fundo no meu trabalho. Tenho 34 anos de companhia, tenho orgulho por ter sido diretor por nove anos”, afirmou o ex-diretor.

O ex-diretor foi preso na última segunda-feira (16) e foi denunciado pela Procuradoria por lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. De acordo com o Ministério Público, Duque "esvaziou" algumas contas em seu nome que existiam na Suíça e enviou € 20 milhões para contas no principado de Mônaco. O dinheiro não havia sido declarado à Receita Federal e foi bloqueado. Durante a prisão do ex-diretor, a Polícia Federal apreendeu 131 obras de arte, ainda sem avaliação de valor.

Por ser investigado pela Justiça, Duque tem o direito e se manteve calado por pelo menos quatro horas de depoimento. O ex-diretor rompeu o silêncio por apenas duas vezes para responder os questionamentos sobre sua mulher, Maria Auxiliadora Tuburcio Duque, e seu filho.

Para defender a família, Duque admitiu que seu filho trabalhou na Technip, que segundo a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), seria sócia da UTC. A UTC é uma das companhias suspeitas de pagar propina para Petrobras. O ex-diretor negou que a Technip tenha relação com a UTC e que o filho estivesse trabalhando para empresa atualmente. A deputada e Duque não informaram o nome do filho do ex-diretor.

“Quando ele recebeu o convite eu fiz uma consulta formal à Petrobras para saber se havia algum impedimento e a resposta da companhia foi de que não havia nenhum problema”, disse Duque.

Ele também negou que sua mulher tenha se encontrado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Segundo a reportagem do blog "O Antagonista", a mulher de Duque "entrou em desespero" com a prisão do marido em novembro de 2014 e procurou Okamotto, que "prometeu resolver depressa a situação".

Ainda segundo a revista, Lula também teria se encontrado com a mulher de Duque e teria procurado o ministro Teori Zavascki, relator das ações sobre a operação Lava Jato do STF, para tratar da prisão do ex-diretor.

Duque é suspeito de cobrar propina de 2% a 3% dos contratos da estatal que seriam destinados ao PT. Ele teria sido indicado para o cargo pelo ex-ministro José Dirceu, também alvo da Lava Jato.

O ex-gerente de Serviços Pedro Barusco, que era subordinado a Duque, afirmou em depoimento à CPI na terça-feira (10) que o ex-diretor tratava com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para o pagamento das propinas dentro da estatal.

O advogado de Duque, Alexandre Lopes de Oliveira, afirmou que a delação premiada de Barusco, que aponta Duque como um beneficiado do esquema de pagamento de propina, é uma “farsa”. “Duque refuta qualquer acusação de participação do esquema”, afirmou o advogado. 

Vaccari nega as acusações.