Leia a transcrição da entrevista de Beto Richa ao UOL
Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, participou do Poder e Política, programa do UOL conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A gravação ocorreu em 20.mai.2015 no estúdio do UOL, em Brasília.
Narração de abertura [EM OFF]:
Beto Richa tem 49 anos. É engenheiro civil formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Filho do ex-governador do Paraná José Richa, que comandou o Estado de 1983 a 1986, Beto Richa estreou na vida pública em 1994, ao 28 anos, elegendo-se deputado estadual pelo PSDB. Quatro anos depois, foi reeleito para mais um mandato na Assembleia Legislativa do Paraná.
Em 2000, Beto Richa tornou-se vice-prefeito de Curitiba e foi secretário municipal de Obras. Dois anos depois, disputou a eleição para o governo do Paraná, mas ficou em terceiro lugar.
Em 2004, Beto Richa elegeu-se prefeito de Curitiba. Foi reeleito em 2008, no primeiro turno, com votação recorde na cidade –77% dos votos válidos.
Sempre pelo PSDB, Richa renunciou ao cargo de prefeito no meio do segundo mandato para disputar o governo do Paraná e foi eleito no primeiro turno. Em 2014 reelegeu-se para mais um mandato de governador, também no primeiro turno.
Beto Richa atravessa um início de segundo mandato complicado. Viu sua polícia reprimir violentamente uma manifestação de professores e teve o nome citado em escândalos de corrupção. Após 5 meses de gestão, é desaprovado por 76% dos paranaenses.
UOL [OFF]: Olá. Bem-vindo ao “Poder e Política - Entrevista”. O programa é uma realização do portal UOL. Esta gravação é realizada no estúdio do UOL, em Brasília. E o entrevistado desta edição do “Poder e Política” é o governador do Paraná, Beto Richa, do PSDB.
Governador, teve nesta quarta-feira (20.mai.2015) uma reunião de governadores com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O que pode se esperar de resultado de uma reunião dessa?
Primeiro que é uma reunião muito importante, onde o Parlamento, o Congresso Nacional, sensível às dificuldades das administrações públicas, em especial os governadores, com tantas atribuições e responsabilidades, sem ter a devida contrapartida financeira. Ao contrário, nós temos assistido a uma concentração extravagante de recursos em Brasília e cada vez mais, me parece que essa é a intenção do governo federal, governadores e prefeitos de joelhos, com pires na mão, totalmente dependentes do poder central. Então, em função dessas dificuldades, questões tributárias, repasse de recursos federais, discutidos no Congresso Nacional. Eu acho que a reunião foi importante, mesmo porque existe uma reclamação de governadores que muitas propostas são votadas e aprovadas no açodamento, ali no Congresso Nacional, até atendendo muitas vezes a interesses corporativos, que acabam atribuindo mais demanda financeiras para os Estados, que não estão sequer preparados para atender essas novas propostas aprovadas.
A propósito da situação financeira dos Estados. O Senado empurrou para 2016 a entrada em vigor do novo indexador das dívidas dos Estados. O sr. tinha sugerido que poderia ir à Justiça contra essa medida. O sr. foi à Justiça?
Até porque alguns municípios foram à Justiça e tiveram sucesso. Então nós estamos também entrando com esse pedido, já entramos, para ter resguardado isso que nós consideramos um direito. Mesmo porque isso é um problema crucial para as nossas administrações. Sobrecarrega as nossas fianças porque são dívidas impagáveis. IGP-DI mais 6%. Isso é uma bola de neve. O governo federal atua como um agiota, cobrando juros extorsivos dessas dívidas de Estados com a União. O nosso exemplo, para ilustrar, o Estado do Paraná contraiu um dívida lá por 1998, por ocasião do saneamento das dívidas do Banestado.
Isso que eu ia falar. Foi inclusive durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é do seu partido, PSDB, que foi feita essa renegociação.
O momento era outro, Fernando. Hoje todos os Estados já pagaram algumas vezes, essa dívida. Exemplo do Paraná: uma dívida contraída lá por 1998 de R$ 5 bilhões. Já pagamos R$ 10 [bilhões] ao longo deste período e devemos outros R$ 10 [bilhões]. Então é impagável. Isso sufoca nossa capacidade de investimentos em políticas públicas e, sobretudo, investimento em infraestrutura de transporte e logística, que é um gargalo crítico no país.
Que medida objetiva o sr. tomou no primeiro mandato, e agora já no segundo, para reduzir o endividamento do Paraná?
Isso nós fizemos com muita austeridade. Enxugamos a máquina pública. Até por sinal o levantamento mais preciso que se tem conhecimento foi feito aqui no UOL, há cerca de um ano e meio, as dívidas dos Estados brasileiros e aqueles que aumentaram suas dívidas ou diminuíram. O Paraná aparece como um dos Estados que mais reduziram a sua dívida consolidada. O que era antes do nosso governo comprometimento de 89% das dívidas com as receitas correntes líquidas, nós transformamos em 55%. Pagando, se não me engano, cerca de R$ 5 ou R$ 6 bilhões de dívidas que vieram de governo anteriores. Então procuramos racionalizar as ações do governo, diminuindo, isso por uma determinação do governador a todos os secretários, sistematicamente, os gastos de custeio. E reduzimos 5 secretarias.
Agora, o fato é que mesmo assim a dívida continua grande e os encargos sobre ela são difíceis de serem honrados. Com essa entrada na Justiça o sr. espera que a decisão saia e daí para de pagar? O que o Paraná está pedindo na Justiça?
Não. Reduz. Porque a proposta é IPCA mais 4%. Então a gente vai ter uma redução significativa de cerca de R$ 100 milhões por ano nessas dívidas. E complementando a sua pergunta anterior, se você me permite, Fernando, entre as medidas de austeridade e redução dos gastos públicos nós eliminamos, há cerca de dois anos, mil cargos comissionados. Tanto é, que no levantamento do IBGE, o Paraná é apontado como o Estado brasileiro com o menor número de cargos em comissão, em relação ao número de servidores.
O que o sr. acha das medidas do programa de ajuste fiscal que estão sendo anunciadas e propostas no plano federal pela presidente Dilma Rousseff?
Se eu faço no Paraná já tinham me deposto. Agora, são medidas pesadas. Diferente do que ela pregou na campanha eleitoral, que nem que a vaca tossisse ela ia mexer com direitos trabalhistas. E mexeu e foi a fundo. Abono salarial, seguro desemprego, a pensão das viúvas. Enfim, uma série de direitos trabalhistas sendo suprimidos. Eu concordo.
O sr. é a favor das medidas?
Eu sou um político ético. Não agrido meus adversários sistematicamente só para lhes impor um desgaste, como estão fazendo comigo no Paraná. Eu sou a favor do ajuste fiscal. É necessário. O Brasil hoje, na situação em que está, é ingovernável. Só que tem o seguinte. Assim como eu fiz no Paraná para reajustar algumas alíquotas de impostos, para pedir também um esforço dos servidores, eu dei o exemplo. Diminui cinco secretarias, mil cargos comissionados, reduzi o gasto de custeio. O salário do governador e de todos os nossos secretários de primeiro escalão foi congelado, não aplicamos o reajuste. Isso faltou para o governo federal. 39 ministérios, um só ministério não foi reduzido ou fundido com ações similares ou sobrepostas. Redução dos milhares e milhares dos cargos em comissão. Eu acho que o governo deveria dar o exemplo antes de pedir o esforço da sociedade e, em especial, impor um esforço pesados aos trabalhadores.
São duas coisas portanto. Uma, o exemplo que o governo tem que dar, outra, são as medidas propriamente. No que tange às medidas propostas, o sr. acredita que elas são corretas?
São pesadas.
Mas são corretas?
É difícil pra eu avaliar, Fernando. Porque eu não estou lá. Eu não sei exatamente quais as necessidades financeiras, orçamentárias do governo federal. O que vai gerar de impacto, a economia de cada uma dessas medidas. Mas não há dúvida alguma que é uma punição muito severa aos nossos trabalhadores o corte de todos esses direitos conquistados historicamente pelos trabalhadores. Se eu faço isso no Paraná, eu estava arrebentado.
E o sr. acha que falta o exemplo da presidente, do governo dela, em cortes. É isso?
Claro que sim. Você vai pedir um esforço para a sociedade. As pessoas se sentem enganadas. Vai aumentar os impostos, vou perder os meus diretos trabalhistas e o que o governo fez para dar o exemplo? Primeiro tem que apertar o cinto da administração pública o máximo que puder. E daí pedir o esforço da sociedade, mas já com o exemplo dado.
De maneira mais eloquente até do que o sr., o seu partido, o PSDB, foi na terça-feira, dia 19, à TV, e mostrou cenas da campanha de 2014, nas quais a presidente Dilma Rousseff falava sobre condução da política econômica e afirma, o seu partido, que a presidente mentiu ao ter dito aquilo na campanha. Ela mentiu? O sr. acha que essa é uma boa linguagem pro PSDB no programa de TV?
Olha. Estão apontando os erros cometidos.
Falou que ela mentiu.
O erro ou mentira, que seja. Isso ficou claro. Ela usou até um termo mais enérgico, dizendo que “nem que a vaca tussa vou mexer em direitos dos trabalhadores”. Então a vaca tossiu. E foi feito, e foi feito com energia, com profundidade. Com a supressão de direitos trabalhistas.
Mas o seu partido falou que a presidente mentiu. O sr. concorda com isso? Porque é do PSDB.
Nesse aspecto sim. Porque ela disse que não ia mexer e mexeu. E o Aécio [Neves] participou da campanha, nós vimos ali as promessas feitas pela presidente, que não se confirmaram depois.
Eu notei que no programa partidário do PSDB, de 10 minutos, não são mostrados os governadores de Estado, que em geral são pessoas que ocupam uma função importante de inspirar o partido e dar exemplo de como administram. O sr., por exemplo, não apareceu. Não apareceram governadores. Por quê?
Aí eu não sei. É uma estratégia da direção nacional do partido. Eu também já cedi espaços regionais do programa eleitoral a pedido da Executiva Nacional, numa estratégia que eu acho até justificável. É importante as nossas lideranças, ainda mais nesse momento de grave crise política e moral nesse país, se apresentarem, mostrarem os caminhos adequados, apontarem com responsabilidade os erros e as mazelas desse governo. Então é uma estratégia e nós acatamos.
Eu tenho notado que o seu partido oscila entre pedir ou não pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Qual é a sua posição?
A minha posição já é pública. Fiz até alguns artigos, solicitado por algumas revistas de circulação nacional, dizendo que não há fato jurídico que justifique, até agora, o impeachment da presidente Dilma. Eu volto a insistir, eu faço política com responsabilidade. Esse é o meu ponto de vista. Não estou chamando de irresponsáveis aqueles que têm uma opinião diferente da minha. Mas essa é minha opinião. E foi publicada numa revista, num domingo, até depois do dia seguinte eu vi o posicionamento de líderes que eu respeito também no PSDB, Fernando Henrique, José Serra. Eu nunca fui adepto, Fernando, do “quanto pior, melhor”. Agora, como não há fato jurídico que justifique, então pra que insistir nessa tese? Não podemos ser levados por movimentos populares, por manifestações de rua. Nós temos leis que devem ser respeitadas. Embora eu respeite a insatisfação da população que vai às ruas. O movimento, é importante lembrar, é pacífico, ordeiro, com famílias inteiras nas ruas, de diferentes níveis sociais, trabalhadores, estudantes, questionando, protestando contra o que acontece no país e que deixa todo mundo indignado.
Mas o sr. é um líder do PSDB, ocupa o cargo de governador do Estado do Paraná. Enfim, tem uma história importante no partido. É bom para o PSDB, principal partido de oposição, ter esta posição ambígua quando se observa o que falam diversos dos seus líderes?
Tem opiniões diferentes ou até divergentes dentro do partido. Por isso é o nome, partido. Temos várias partes, embora exista o respeito, a união em torno dos propósitos em relação ao Brasil dentro do PSDB. Agora, nessa situação do impeachment existem diversas opiniões e que são respeitadas. Eu manifestei, não em nome do partido, a minha opinião pessoal em relação à questão do impeachment da presidente Dilma.
Ainda sobre economia. Esta semana teve um fato, o seu secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, deu aquela entrevista propondo a venda de ações de duas estatais, a Copel, energia elétrica, e a Sanepar, de saneamento). Logo em seguida, o sr. divulgou uma nota e disse que não pretende vender as ações das estatais. Respeita a opinião do Mauro Ricardo, mas não falou com ele sobre isso. O que aconteceu? O seu secretário se precipitou, foi isso?
Acredito que sim. Talvez tenha manifesto ali a sua posição pessoal. Sabe que eu respeito o Mauro Ricardo, é reconhecidamente como um dos maiores especialistas em finanças públicas do Brasil. Mas nesse aspecto nós nunca tratamos desse assunto. Nunca passou pela minha cabeça vender partes dessas empresas, muitos menos privatizá-las. Nunca passou pela minha cabeça. Estava no meio de uma entrevista, não sei por que razão ele se saiu com essa.
Isso é uma questão de princípios para o sr. ou uma questão econômica? Do que se trata?
Primeiro é questão de princípio, não privatizar as empresas.
Por quê?
Porque não há necessidade. São empresas sólidas. Empresas que orgulham os paranaenses. Foram fortalecidas no meu governo. Tentaram desqualificar minha candidatura, Fernando, lá na campanha em 2010, dizendo que eu iria privatizar as empresas públicas, notadamente Copel e Sanepar. E aqueles mesmos que me acusaram disso quebraram a Petrobras. A maior empresa brasileira e hoje, segundo a mídia mundial, a empresa não financeira mais endividada do planeta. Eu estou sendo responsável. Fortaleci, reestruturei Sanepar e Copel. A Copel, para você ter uma ideia, bateu um recorde histórico de investimentos no Paraná de R$ 5,5 bilhões, de até outras regiões do Brasil. A Sanepar bateu um recorde de investimentos em saneamento em todas as regiões do Paraná de R$ 2,5 bilhões, e outros três programados para os próximos anos. E ambas as empresas anualmente tem recebido premiações nacionais e internacionais pela qualidade de serviços prestados Estados à população. Então, eu quero que elas continuem nesse ritmo e sem pensar em privatização.
Não tem em um horizonte próximo, no seu entender, a necessidade do Estado do Paraná se desfazer das empresas, nem pelo menos vender parte delas?
Ações é outra situação. Ações sem direito a voto. Ações que não representem diminuição do controle acionário do Estado do Paraná. E quero aqui dar mais um exemplo. Quando eu assumi o governo do Estado tinha cerca de 60% das ações da Sanepar. Hoje tem 74% das ações da Sanepar. Prova de que esta possibilidade de privatização eu não trato disso e está completamente afastada.
Eu queria falar aqui de alguns casos que têm frequentado o noticiário nas últimas semanas e que envolve o seu governo, a sua administração. Vou começar com o seguinte. Na sua avaliação, o sr. foi eleito no primeiro turno, reeleito no primeiro turno também na segunda disputa, 56% dos votos válidos. Tem um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas que mostrou, em março, que o sr. teria 76% de desaprovação na administração atual. O que aconteceu nesse período, da sua eleição para março, para a sua avaliação ter deteriorado tanto aos olhos dos paranaenses?
Primeiro, Fernando, sem querer terceirizar responsabilidades, eu tenho culpa nisso tudo. Mas primeiro é importante lembrar que hoje existe um grande mau humor de toda a população com a classe política. Hoje existe, mas é difícil você encontrar um governante que esteja bem avaliado na sua administração. Segundo, que eu propus, sabendo do risco que a minha imagem pessoal política corria, um ajuste fiscal no Estado do Paraná para o enfretamento dessa crise financeira nacional. Que atinge todas as administrações, em todos os níveis. O Paraná não é uma ilha dentro desse cenário. Então, o primeiro momento foi a ampliação de receitas, onde nós propusemos, em janeiro, e foi aprovado, a recomposição de alíquotas de ICMS e de IPVA. E sem nenhuma aberração, dentro da média do que é praticado no Brasil. Ampliamos de 2,5% para 3% o IPVA, enquanto São Paulo, Rio, se não me engano Minas Gerais, é de 4%. E o segundo momento deste conjunto de ajuste fiscal de medidas era a redução, e o mais importante, de gastos e despesas. E daí houve uma manifestação dos servidores, uma manifestação de professores.
Vou chegar lá...
Vamos chegar lá, mas dizer também que como eu mexi nas alíquotas de ICMS e IPVA. IPVA, por exemplo, é a principal receita do mês de janeiro. Eu tive que respeitar o princípio da noventena. Então ficamos janeiro, fevereiro e março com obras paralisadas, com dívidas que não podíamos pagar, porque só íamos receber, reajustados esses impostos, no mês de abril. E agora estamos colocando a casa em ordem, retomando muitas obras que estavam paralisadas.
Mas não teria sido melhor, então, ter proposto esse aumento no ano interior, para ganhar a noventena já em 2014 e poder cobrar em janeiro?
Mas foi o que fizemos lá no final do ano com a vinda do Mauro Ricardo, que é um especialista no setor e identificou estas áreas que estávamos com impostos defasados em relação ao resto do país. Então mesmo antes de assumir, em dezembro ele fez essas propostas
Vamos falar dos professores. Em abril, policiais e professores, o Brasil inteiro viu nos telejornais e todos os meios de comunicação, os policias e professores entraram em confronto em frente à Assembleia Legislativa em Curitiba, no Paraná, durante um ato que protestava contra o projeto de lei que altera a gestão dos recursos da previdência estadual do Paraná. Duzentas pessoas, aproximadamente, ficaram feridas. O sr., depois do episódio, pediu desculpas à população, lamentou. Mas ficou ainda assim a dúvida, por que a polícia agiu daquela forma violenta? Inclusive em alguns momentos, vídeos de dentro da Assembleia, as pessoas torcendo para a polícia agredir os manifestantes. O que aconteceu?
Até com essa torcida de deputados adversários dá para perceber que o jogo foi político. Não há dúvida disso. Eu acabei de te falar há pouco, os salários que eu pago pros professores do Paraná é um dos maiores do Brasil. Eu garanto a você que eu dei o maior aumento salarial nos últimos quatros aos professores da história do Paraná. Acredito eu, o maior aumento do Brasil. 60% de aumento salarial. Fernando, eu não conheço, e acredito que você também não conhece, uma pessoa que tenha ganho nos últimos quatro anos 60% de aumento nos seus salários. Eu dei aos professores. Mas não parou por aí, 75% eu ampliei a hora-atividade.
O que é a hora-atividade, governador? Para explicar para as pessoas que nos veem.
Hora-atividade é a hora reivindicada pelos professores para ficarem fora da sala de aula. É a hora em que eles ficam corrigindo provas, preparando a aula seguinte. Para você ter uma ideia, um professor com jornada semanal de 40 horas, dá 26 horas de aula e 14 fica fora da sala. Eu preciso repor. É mais um custo para o governo. Ajudei os professores no reivindicado reconhecimento de um curso da Vizivali [Fundação Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu], que aguardavam há 10 anos, em 6 meses resolvemos. Hoje a qualidade dos alimentos da merenda é muito melhor do que era quando assumi. Triplicamos o repasse para cobrir gastos com transporte escolar aos prefeitos municipais. Enfim, tudo que foi pedido eu atendi em relação aos professores. O salário médio no Paraná é de R$ 4,7 mil. Tem professor ganhando até R$ 12 mil no Estado do Paraná, segundo a própria ex-presidente do sindicato, num vídeo, ela reconhece.
Eu estava aqui olhando os números que o sr. me informou, dizendo que no Paraná em 2010, a remuneração no início de carreira era R$ 2,1 mil e em 2014, R$ 3.194.
Esse é o nosso piso. O piso nacional é R$ 1,9 mil, no Paraná é R$ 3,2 mil.
Os professores estão requerendo, até onde eu entendo, na greve atual, estão em greve já há algum tempo no Paraná, desde abril, querem um aumento salarial de 8,17% e rejeitam o reajuste ofertado em duas parcelas pelo governo, de 5%. Na opinião do sr. não tem chegar a 8,17%, é isso?
Olha, foi difícil chegar a 5%. E com muita insistência convenci a minha equipe que era importante apresentar um número que demonstrasse todo o esforço do governo para mais uma vez atender os professores. Agora, pensa só Fernando, 60% nos 4 anos anteriores. Isso garante em torno de 32% de ganho real acima da inflação. E agora eu estou ficando 3% abaixo da inflação, mas já garanti um grande 32%, um grande aumento, acima da inflação. Ainda estamos muito acima no saldo positivo em relação aos professores. Então a greve não justificava. Tínhamos um projeto de lei em votação na Assembleia, que o sindicato pegou como bandeira, que era uma reestruturação no sistema previdenciário do Paraná. Faço questão que a sua equipe ou você mesmo possa checar, que é o sistema previdenciário mais moderno, mais seguro, com uma das maiores solvências do Brasil. É o fundo mais capitalizado que nós temos no país, com R$ 8,5 bilhões no fundo previdenciário. Não fizemos nada além do que migrar 33 mil servidores do fundo financeiro, que é bancado com recursos do Tesouro, para o fundo previdenciário que tem R$ 8,5 bilhões de reais, garantindo uma solvência de mais de 35 anos. Inclusive previsto em 2021, o aporte de R$ 1 bilhão de royalties da hidrelétrica de Itaipu e a formação de uma equipe de estudo paritária, com servidores do governo, para identificar neste período novas fontes de financiamento ou mesmo imóveis que podem ser colocados no sistema.
Governador, eu entendo quando o sr. diz que o salário na média, em comparação com os outros Estados, no Paraná, é maior. O sr. me apresentou os números aqui, imagino que isso é público, os professores devem ver. Mas ainda assim, como a educação, nós nos últimos anos todos discutimos sobre a prioridade que isso tem que ter, embora o sr. tenha dado esse aumento maior nos anos passados, que relatou agora, não seria o caso de pelo menos repor as perdas inflacionárias do período anterior?
A dificuldade é financeira, Fernando. Eu não posso. Para mim seria muito cômodo. Você há de convir que seria muito confortável, para mim, como gestor e como político, atender a todas as demandas corporativistas. E o que eu faço com as finanças do Estado? Eu devo satisfação à população do meu Estado. Eu tenho que ser responsável. Eu coloquei em risco a minha imagem pessoal para colocar medidas no Paraná que garantam um desenvolvimento sustentável, um desenvolvimento vigoroso. Que o Estado possa também investir em outras áreas, políticas de segurança, saúde, educação, infraestrutura. Foi isso que eu fiz. Agora, estamos 3% abaixo da inflação apenas, com os 32% que eu dei de ganho real nos 4 anos anteriores.
Eu tenho certeza que os professores, a população do Paraná, vai olhar essas suas declarações aqui no UOL. E eu queria então perguntar para o sr., porque temos um impasse, os professores estão em greve no Paraná. Eles querem 8,17%, o Estado ofereceu 5%. Não há a menor hipótese do Estado melhorar essa proposta?
É difícil. Já melhoramos bastante para 5%. Tudo é possível, só que eu vou tirar dinheiro de outra área. Não tem dinheiro sobrando hoje. O ajuste fiscal que eu fiz vai dar uma certa tranquilidade ao Paraná.
Mas é possível tirar de outra área? Tem condições?
Condições tem. Mas dá para tirar da saúde? Dá para paralisar obras que estão em andamento? É essa a conta que tem que fazer. Tem Estado que não está dando nem 5%. Tem muitos Estados no Brasil que não estão conseguindo pagar a folha de servidores. Estados que estão parcelando.
Se o sr. fosse compelido hoje a chegar nos 8,17%, o sr. ofereceria quanto e tiraria de qual área?
Mas aí tem que fazer um estudo mais amplo, complexo. Já te garanto que os 5%, estou tirando de algumas áreas. Para garantir 5% de reajuste. E nesse passo que está indo, Fernando, essas demandas corporativas, em alguns lugares abusivas, isso instrumentalizado por partidos políticos, isso não há dúvida. Se a gente não colocar um limite nisso aí, daqui a pouco toda a arrecadação das administrações, 100% vai para pagar folha. E como é que fica o cidadão comum? Que precisa de qualidade de vida, que precisa de investimentos, de infraestrutura. É isso que nós temos que ter, o equilíbrio. Até onde nós podemos chegar.
O sr. falou agora que, em geral, essas demandas são instrumentalizadas politicamente por grupos que não são o seu. O sr. poderia descrever por que o sr. acha isso e quais grupos são esses.
Faço questão. Agora, só exemplificando também, que num levantamento na capa de um jornal de circulação nacional mostrava que professores da rede pública hoje estão ganhando mais do que professores da rede particular. E nesse ritmo vai passar longe o que ganham. Mas não tem problema. Educação...
Mas isso é bom, não é?
É bom. Só para mostrar o outro lado da coisa. Eu sempre tive a educação como prioridade absoluta do meu governo. Cito o exemplo de quando fui prefeito de Curitiba. Os aumentos à classe de servidores da educação foram similar ao que eu dei agora. E conseguimos, lá na prefeitura de Curitiba, saltar do 6º para o 1º lugar no Ideb, que é o índice que mede a qualidade do ensino feito pelo Ministério da Educação. Ficamos em 1º lugar em todas as avaliações no meu período de prefeitura, com os investimentos que fizemos. Lamentavelmente agora, o Paraná, junto com outros 15 Estados, caiu na avaliação do Ideb, bem como boa parte das escolas particulares. Então o problema é conjuntural e precisamos fazer uma análise mais profunda do que está acontecendo com a educação no país. O próprio governo federal cortou R$ 7 bilhões da educação no Brasil.
Mas vamos lá. O que aconteceu naquele confronto? Eu faço questão de explicar, até porque as pessoas me conhecem, nunca fui de confronto. Abomino, e para mim violência, agressão, é inaceitável. Sou uma pessoa conciliadora, de fácil diálogo, acessível. O que aconteceu ali é que eles quiseram ir para o confronto. Não há dúvida, Fernando, que eles queriam um cadáver naquele dia.
O sr. diz, os manifestantes?
Os manifestantes. E aí tinha a convocação de grupos radicais. Tinha convocação pela internet de black blocs. Tiraram as grades e foram pra cima dos policiais. E por que a Assembleia estava cercada? Eu recebi uma determinação do Tribunal de Justiça para que garantisse o funcionamento da Assembleia Legislativa. Lembrando que é uma instituição democrática. Ali tem 54 deputados, que independentemente da sua orientação ideológica e, independentemente da sua opinião na apreciação de uma ou outra matéria, um ou outro projeto, eles têm a legitimidade do voto popular para representar cada um dos paranaenses. Já tinham invadido a Assembleia uma vez, foi uma festa lá dentro. Era bandeira dos partidos de extrema esquerda, de entidades controladas por esses partidos. E ficaram acampados dentro do plenário. Eu nem precisava de determinação judicial para cercar a Assembleia, é obrigação do governante. A Constituição determina que são áreas invioláveis. Era invasão de uma instituição democrática. Eles foram lá para invadir. Tinha palavras de ordem, invadir e invadir, proibir a votação do projeto. Por quê? De forma maldosa, o sindicato dos professores espalhou para todos os servidores do Paraná que eu ia acabar com a aposentadoria deles, quando, volto a insistir, o fundo é o mais capitalizado do Brasil, com recursos do contribuinte. Eu dei 10 passos para frente e estou dando 1 atrás, para garantir a segurança desse fundo. Porque a projeção, Fernando, nos próximos 5 anos, é a aposentadoria de mais 30 mil servidores. O que vai representar para os cofres do Estado um ônus de mais R$ 200 milhões. Então foi isso que aconteceu. Movimentos radicais jogando pedras nos policias, foram para cima dos policias. E aí houve um confronto. Lamentavelmente. Já instaurei o inquérito na Polícia Militar, na Polícia Civil, para apurar eventuais abusos ou excessos que possam ter sido cometidos.
Mas governador, uma polícia estadual, qualquer uma, não tem que estar preparada para esse momento de confronto e de provocação que tem sido cada vez mais comum, pelo menos de 2013 para cá, quando tivemos as jornadas de junho?
Em 2013 não tivemos um ferido. Num movimento que foi maior que esse.
Pois é. Mas tivemos no Brasil inteiro problemas. Aí as polícias estaduais não teriam que estar preparadas para saber reagir com a força correta no momento em que são provocadas?
A polícia estava cercando o prédio da Assembleia. Alguns manifestantes desses grupos radicais foram pra cima dos policias com as grades, aí os policiais reagiriam. O único momento que eles foram pra cima, foi para que voltassem ali naquela cerca de contenção para evitar a invasão da Assembleia Legislativa. Os policias não foram lá no meio da praça bater em professores. Nunca foi a nossa ideia que isso acontecesse. Eu tenho o maior respeito pelos professores. Sempre procurei visitar escolas. Sempre valorizei a classe dos professores. E aí vai lá, os meus adversários políticos, os maus perdedores que eu derrotei na eleição passada no primeiro turno, eles não aceitam o resultado, buscam hoje um 2º turno, foram lá instigar os manifestantes no trio elétrico. Alguns que estão réus na Lava Jato, querem ir lá ser meus julgadores. Outro que eu derrotei, gravou um vídeo, contra o piso nacional de R$ 950 pros professores, contra a hora-atividade. Estava lá instigando os manifestantes contra mim.
Quem era?
Roberto Requião [PMDB]. Ele gravou um vídeo, posso te mostrar aqui na sequência, entrando com uma Adin [Ação Direta de Inconstitucionalidade] contra o piso nacional de R$ 950 dos professores, contra a hora-atividade. Hora-atividade, dei 75% de ampliação. Piso nacional, que ele foi contra R$ 950, hoje é R$ 3,2 mil, conforme eu te passei aqui agora, Fernando. Então, a greve foi política. Queriam agressão, queriam provocação, queriam um cadáver naquele dia. Enfim, instrumentalizados pelo PT.
Mas eu entendo que o sr., e o governo do Estado do Paraná, reconheceram, que talvez houve um erro de abordagem das forças policiais. Tanto que, pelo que eu entendi, o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, o comandante da Polícia Militar, o coronel Cesar Vinicius Kogut, e o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, deixaram os cargos. Não foi isso?
Deixaram.
Ou seja, foi por que houve um problema na condução do processo talvez...
Porque estava insustentável. Primeiro, que o secretário de Educação há tempos queria sair. Ele é da iniciativa privada, uma pessoa de sucesso hoje no meio empresarial, um grande executivo que participa de várias empresas. E já queria sair. Há algum tempo ele já tinha pedido pra mim. Aí culminou com esse fato, ficou meio insustentável. E na Segurança Púbica também. Houve uma divergência entre o comando da Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública. Ficou insustentável, foi para a mídia. Houve manifestação de policias e oficiais da Polícia Militar. Então houve esse desentendimento e achei por bem que devia, conversando com eles, trocar o comando da Polícia e também da Secretaria de Segurança.
Para encerrar o assunto professores. Pelo que eu entendi, e o sr. disse, tudo é possível, tem que tirar dinheiro de outras áreas. Hoje, de 0 a 10, qual a chance de evoluírem essas negociações e o sr. ter que fazer um remanejamento para tentar acabar com esse movimento grevista?
É difícil, Fernando. Até porque, eu volto a insistir, cheguei com muito esforço ao número de 5%. 5% representa a mais na folha de servidores R$ 65 milhões por mês. É um dinheiro que faz falta hoje na crise que vivemos, que afeta todos os Estados brasileiros. Tenho me esforçado, 5% foi esticando a corda, tirando recursos de áreas importantes para poder fazer essa situação. Mas eu acho que não é o problema o salário. Cada hora é uma bandeira nova. O sindicato é comandado pelo Partido dos Trabalhadores, que conseguiram, momentaneamente, desviar o foco das denúncias do petrolão, das denúncias de mensalão. Essas denúncias e apurações tem saído do Estado do Paraná e eles acharam por bem, lá no Paraná mesmo, desviar o foco e puxar pra mim essa insatisfação da sociedade, e que hoje tem ocupado a mídia do Paraná e a mídia nacional. Eles querem me arrastar para o mar de lama em que eles estão hoje.
O sr. espera, portanto, que os professores aquiesçam e aceitem os 5%, seria a única forma?
Eu espero que sim. Porque não podemos penalizar quase 1 milhão de alunos que já estão há algum tempo sem aulas.
Teve um advogado, Tarso Cabral Violin, eu li a respeito, anunciou que vai protocolar um pedido de impeachment do sr. por causa do confronto de abril. Como o sr. reage a esse tipo de iniciativa?
Eu digo que não reconheço a autoridade moral desse sujeito. Depois daqui, eu vou te mostrar a foto dele abraçado com o Lula, até me parece embriagado. E esse sujeito montou um blog para me perseguir já há algum tempo. É um petista de carteirinha. Foi diretor da Celepar no governo Roberto Requião [PMDB]. Então não reconheço a autoridade moral desse sujeito para falar qualquer coisa a meu respeito.
Recentemente, um auditor chamado Luiz Antônio Sousa foi preso sob a acusação de envolvimento com fraudes na Receita do Paraná. Ele fez um acordo de delação premiada e disse que usou R$ 20 mil do dinheiro que desviou para comprar 70 divisórias de compensado para o seu comitê de campanha à reeleição no ano passado, 2014. Luiz Antônio Sousa também afirmou que o grupo do qual ele fazia parte fraudava, anulava multas tributárias, etc. E teria repassado, segundo ele, cerca de R$ 2 milhões em propina à sua campanha à reeleição no ano passado. O dinheiro teria sido recolhido de fevereiro a setembro do ano passado, 2014, e entregue ao então inspetor geral de fiscalização da Receita Estadual, Márcio de Albuquerque Lima. O sr. sabia desses fatos? Como responde a eles?
Claro que eu não sabia. Ele fala que o esquema de corrupção na Receita vem de mais de 10 anos. Outros fiscais que também foram presos dizem que o esquema de corrupção na Receita vem de 30 anos. Procurei, nos 4 anos como governador, combater de todas as formas qualquer tipo de corrupção. Notadamente, na Secretaria de Fazenda, na Receita Estadual do Estado do Paraná. Você há de convir comigo que não é fácil. Um fiscal vai abordar um empresário, identifica uma sonegação de milhões de reais, cobra uma propina e muitas vezes o empresário dá. Como é que você combate essa situação? Agora o cara está preso. E é importante destacar aqui, com diversas, se não me engano mais de uma dezena, de acusações de pedofilia e estupro de vulnerável. Estupro de crianças. E ali existe uma pressão muito forte, e ele falou isso. Agora, eu nunca tive contato com esse cidadão. A minha campanha eleitoral nunca recebeu esses recursos. E lá atrás, quando eu recebia denúncias de alguns empresários, de entidades que representam o comércio, sempre vinha com a informação de que era pro governo, pra campanha, para desviar o foco. O cara não vai tomar dinheiro e dizer que é pro bolso dele. Nós estamos investigando, estamos processando essas pessoas. Tem uma investigação que já acontece na Secretaria de Fazenda, comandada pelo Mauro Ricardo, para apurar todas essas denúncias que foram realizadas. Agora, a minha campanha não recebeu um centavo de fiscais da Receita através de propina e corrupção.
Pelo que eu entendi, há uma compra realmente dessas divisórias de compensados que foram entregues no endereço da campanha.
Eu vi na televisão, anteontem, R$ 5 mil em notas. Mas que seja R$ 20 [mil]. Não foi solicitação da minha campanha. Eu vi pela imprensa a divulgação que a nota fiscal da compra desses materiais está em nome desse fiscal que está preso. E nós alugamos o comitê de uma empresa, pela segunda campanha consecutiva, 2010 e 2014, e já tem a manifestação do tesoureiro da campanha, da coordenação local em Londrina, que nunca houve a solicitação desses materiais. Estão apurando, me parece que foi o proprietário do imóvel que fez esta aquisição para o comitê, que está lá até hoje. O madeirite está lá até hoje.
Mas o sr. está dizendo que chegou esse madeirite, esse compensado, esse material, e o comitê não sabe exatamente por que que chegou?
Nós alugamos o imóvel. E me parece, segundo a informação que o nosso comitê deu, que é todo mobiliado. E não cabe a mim, governador, saber o imóvel em cada cidade, quem comprou o telefone, onde é que está a mesa, onde é que está a divisória, a porta. Isso já foi esclarecido pelo nosso partido.
Quando o sr. fala que ele é uma pessoa sob quem pesam várias acusações, enfim, há uma certa desqualificação dessa fonte que está presa. Agora, em geral, é assim mesmo, governador. Quando acontece um crime, em geral, alguns criminosos falam algumas coisas, outros não. O fato de ele ser uma pessoa complicada, ter crimes que pesam contra ele, desqualifica também essa acusação que ele faz nesse caso?
Sim. Nos leva a crer que sim. Porque uma pessoa que estupra criança não tem nenhuma moral. E, de mais a mais, ele deu dinheiro para outro fiscal, que disse que era para a minha campanha. Então se existe alguma corrupção ali entre eles, uma corrupção que já vem há décadas, como é que vai se provar que esse dinheiro veio para a minha campanha? Nós nunca trabalhamos com isso, Fernando. Já é minha quinta campanha majoritária de que eu participo, e as minhas prestações de contas são detalhadas, são prestações com milhares e milhares de páginas, de folhas encaminhadas ao TRE. E foi aprovada devidamente pela Justiça Eleitoral a prestação de contas que fizemos em todas as nossas campanhas, em especial essa de 2014.
Com relação a esse valor que essa pessoa, Luiz Antônio Souza, o auditor, cita de R$ 2 milhões de propina repassados à campanha, do que se trata isso?
Se houve alguma propina, se houve achaque a empresários, que um passou para o outro, isso deve ser investigado, mas eu posso te assegurar que esse dinheiro não entrou na minha campanha.
O sr. citou agora há pouco o senador Roberto Requião, que é do seu Estado, Paraná, do PMDB, ele publicou recentemente uma mensagem em uma rede social dele dizendo que a renúncia é uma das poucas saídas para o governo que “bate em professor, rouba dinheiro pública e desgoverna o Estado”. O que o sr. tem a dizer para o Requião?
Ele é um maluco. Todo mundo conhece o político irresponsável que ele é. Primeiro que ele nem está aqui no Brasil. Está lá na Letônia, pode investigar, é o senador turista. Não trabalha, adora mordomias, ele andava a cavalo toda manhã quando era governador, tem um inquérito no Ministério Público, que ele desviou R$ 8 milhões dos cofres públicos para tratar os cavalos, que ele fazia passeios com seus convidados toda manhã. Adorava vinho importado. Na residência oficial construiu uma adega com mais de mil garrafas, que ele ganhava dos empresários e empreiteiros, que uma vez ele me falou isso. Ele tem uma imagem para o público externo e na verdade o seu comportamento é muito diferente. Ele devia trabalhar mais, ele devia aceitar o resultado das urnas, eu posso dizer que ele é um mau perdedor. Ele espalhou para todo mundo que seria candidato ao governo e ia me dar uma sova. Eu pus 2 por 1 nele na urna. Porque seus métodos são ultrapassados, ele representa o atraso. O Paraná andou para trás no seu período de oito anos de governo, ninguém queria investir no Paraná. Ouvi de empresários, dos mais renomados do mundo, como Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissan. Só estava investindo de volta do Paraná porque tinha mudado o governo. Ele afugentava investidores, porque não existia segurança jurídica, não existia trabalho, não existia políticas públicas para atração de investimentos, não existia segurança no Paraná, ninguém queria mais se arriscar. Hoje vivemos o maior ciclo industrial. Renault, por exemplo, investiu R$ 2 bilhões. Temos o maior investimento privado da história do Paraná acontecendo, da Klabin, de R$ 7 bilhões. Reestruturamos todo o governo, a paz que trouxemos ao campo. [Requião] não permitia o plantio e comercialização, nem transporte no porto de Paranaguá, de soja transgênica. Um atraso para a agricultura, que é a vase da nossa economia e salva a balança comercial brasileira. Os escândalos no porto de Paranaguá, administrados por seu irmão, até investigação da Polícia Federal. Assessor que foi preso, que monitorava pessoas, ficou mais de um ano preso na cadeia, então ele precisa pensar muito bem antes de falar de uma pessoa honrada. E eu faço questão. Eu vou levá-lo ao constrangimento de comparar o meu governo com o dele, na área que ele quiser discutir, principalmente no campo ético
Tem um inquérito no Ministério Público do Paraná que investiga Fernanda Richa, sua mulher. Ela estaria sendo acusada de exigir dinheiro de auditores fiscais para que o sr. os promovesse. O que é essa história?
Essa história, eu soube ontem à noite aqui em Brasília. É uma canalhice. Essa história é uma canalhice. É difícil eu falar para você, Fernando, porque possivelmente você não conhece a minha esposa. Qualquer marido vai defender a sua mulher. Mas pergunte no Paraná quem é Fernanda Richa. Pergunte a quem você quiser. Até no meio político, aquele que for sério, for ético, vai reconhecer a mulher de valor que ela é. Nunca lidou com essas coisas. Garanto para você que ela nem sabe o que é auditor fiscal, nem sabe onde fica a sede da Receita [estadual]. Isso foi resultado de uma carta anônima, que jamais o Ministério Público, na minha opinião, devia ter aceito. Devia ter arquivado na hora. Até porque o Ministério Público sabe quem é a minha mulher. Uma mulher de valor, trabalhadora. Uma mulher de princípios e valores, muito religiosa, e vem de um bom berço, uma boa família, eu não aceito, repudio com toda a veemência a divulgação que deram ontem [19.mai.2015] a uma carta anônima. Volto a insistir, eu não aceito. Já recebi dezenas de ligações ontem de pessoas solidárias. Mais, indignadas com a divulgação que deram no Estado do Paraná por uma pessoa que nem nome nem cara tem.
Os auditores citados foram de fato promovidos em 5.mai.2014, agora, há algum liame entre isso e os auditores, sua mulher conhece alguns desses auditores, falou com eles?
Não acredito. Não conhece. Isso não existe.
Ela nunca falou com esses auditores?
Não existe. Não existe isso.
Mas ela conhece os auditores?
Acredito que não, vou saber se ela conhece os auditores? Nós trabalhamos no governo já há 4 anos e meio. Perguntar se minha mulher conhece professores, se minha mulher conhece profissionais da saúde.
Nesse caso, como o fato foi divulgado nesta semana, o sr. chegou a conversar com ela e indagou sobre de onde poderia ter surgido?
Não, foi divulgado ontem à noite, eu estava aqui em Brasília.
O sr. chegou a falar com ela depois disso?
Ela chegou do México hoje [20.mai.2015] pela manhã.
E falou com ela, quando ela chegou, ou não teve oportunidade?
Não falei com ela ainda. Mas já tem muitas pessoas solidárias e grupos de advogados dos mais renomados do Paraná que já se encontraram para defendê-la.
Outro caso. Estou aqui dando uma oportunidade para o sr., daí a gente detalha isso, acho importante isso. O fotógrafo Marcelo Caramori foi preso recentemente por suspeita de envolvimento com esquema de prostituição de menores. Ao ser preso, disse que havia sido assessor do governo do Paraná, mostrou uma tatuagem em apoio ao sr., disse que era seu amigo. Esse Marcelo Caramori de fato trabalhou para o sr., tem alguma relação com o sr.?
É o mesmo caso dos auditores. A investigação de exploração sexual de menores é a mesma. E esse sujeito foi contratado lá atrás pelo meu secretário de Segurança para fazer a cobertura de fotos na região norte do Estado do Paraná. Nunca tinha ouvido nenhum rumor de que esse sujeito estivesse envolvido com a exploração sexual de menores. Senão jamais teria permitido ele fazer parte da nossa equipe. Está sendo investigado, havendo a comprovação, vai ser punido. Já está afastado do governo desde o momento que surgiu essa denúncia.
A pessoa que o contratou disse o que a respeito?
Eu não falei mais com ele, não está mais no governo. Eu nem lembrava quem o tinha contratado, não tem nem condições de lembrar que o contratou, acho que foi em 2011 que ele entrou no governo, mas no seu próprio depoimento é que eu tomei conhecimento. Ele disse que foi contratado, foi convidado, pelo primeiro secretário de Segurança que tivemos. Não estou dizendo que ele tenha qualquer participação também. Obviamente, assim como eu, não sabia das ações ilícitas e ilegais e reprováveis desse fotógrafo
Último caso que eu gostaria que o sr. comentasse. Em março foi preso um suspeito de fraudar licitações para o conserto de carros oficiais do governo do Paraná. No grupo estava Luiz Abi Antoun. Qual o grau de relação que você tem com essa pessoa ou de parentesco com essa pessoa?
Veja bem. Todas essas pessoas que você citou fazem parte da mesma investigação do Gaeco em Londrina. Que foi fortalecida, essa cooperação, o Gaeco é composição de promotores do Ministério Público e policiais militares e civis do governo do Estado. Eu fortaleci essa estrutura no meu governo. E acho que todo tipo de ilícito, de práticas de crimes, crime organizado, crime contra a administração, deve ser investigado, apurado, e havendo responsabilização que paguem de forma exemplar. Essa pessoa é da minha relação pessoal, eu admito, é um parente de sétimo grau.
Sétimo grau?
Sétimo grau.
Nem sei o que é...
Sétimo grau, segundo o Código Civil, nem parente é. Mas é da minha relação, não vou esconder isso, todos sabem, e teve lá uma licitação de oficina para atender às viaturas da polícia na região de Londrina e ele participou. Ou pessoas ligadas a ele participaram. Não há, segundo os advogados, nenhum ilícito nisso, porque nós fizemos uma licitação, pregão presencial, para gestão de toda a frota de veículos do governo, para acabar com a máfia das oficinas, que historicamente, segundo denúncias que recebemos, cobram algumas vezes mais do que custa um determinado serviço ou a reposição de uma peça em um carro. Está investigado, chegou a ser preso, foi solto pelo Tribunal de Justiça, com parecer do Ministério Público dizendo que algumas prisões foram abusivas, lá na cidade de Londrina. E agora, um segundo habeas corpus, me parece que do Superior Tribunal de Justiça, também muito contundente apontando alguns exageros.
Nos depoimentos, nesse caso complexo, um deles, que foi apanhado, esse Marcelo Caramori, o tal fotógrafo, disse ao Ministério Público que o Luiz Abi Antoun seria “grande caixa financeiro” nas campanhas de Beto Richa. O sr. já negou isso. O sr. tem ideia de onde surgiu isso, quer falar sobre isso?
Eu falo, sem a menor dificuldade, é até oportuna a sua indagação para eu poder esclarecer. O que um fotógrafo sabe de arrecadação de campanha? Mesmo porque nós tínhamos a arrecadação centralizada na capital, tínhamos um coordenador financeiro de campanha, e o Luiz nunca fez parte da arrecadação da campanha.
Governador, eu estou lendo todas as coisas... Terminei aqui a listinha, mas eu fiquei pensando. É uma lista grande de acusações que apareceram nos últimos dois, três meses.
Você não acha estranho?
Não sei, mas eu acho que é uma lista grande. Como o sr. se sentiu nesse processo todo, o sr. chegou a pensar em tomar alguma atitude que a gente não saiba qual é? Renunciar, alguma coisa assim?
Nunca pensei em renunciar, isso não passa pela minha cabeça, eu fui eleito pelo voto popular, tenho legitimidade, estou enfrentando com coragem toda essa armação política, a divulgação dessas acusações, delações premiadas que nem podiam ser divulgadas, segredo de Justiça, e está tudo na mídia. Hoje existe um complô político para desviar o foco. Isso ninguém dúvida mais, no meio político, no Paraná e inclusive aqui em Brasília. Existe um complô para desvio de foco dos escândalos de corrupção que envergonham o Brasil. É mensalão, é petrolão, se for mexer no BNDES possivelmente seja pior, é o pior escândalo de corrupção de toda a história do Brasil. Isso já está na mídia mundial, para vergonha dos brasileiros, e agora querem ir lá, confronto com polícia, querem me desgastar de todas as formas, e eu não aceito e vou reagir. Não só pela minha vida política, mas muito mais do que isso. Pela minha honra e minha família, eu não aceito essas acusações. Querem me arrastar para o mar de lama onde eles estão atolados.
O sr. acusa especificamente o PT?
Acuso sim, é um partido que chegou ao poder dizendo que era diferente dos demais, e hoje eles querem insistir dizendo que todos os demais são iguais a eles. Eu sou diferente deles.
Mas nessas acusações, o sr. acredita que o PT que as fez ou está por trás delas, é isso?
Não tenho dúvida alguma. Dando uma grande divulgação, os ataques nas redes sociais são imensos. Identificamos origens de outros Estados do Brasil, muitos Estados do Nordeste me atacando nas redes sociais.
Eu não quero desmerecer o Paraná, o Paraná é um Estado muito importante. Mas, em cima do Paraná está o Estado de São Paulo, que é o Estado que tem o maior PIB do Brasil e é governado há 20 anos pelo PSDB. Tem ali também, quem gosta do PSDB, quem não gosta, e certamente o PT ali desejaria também estar presente. Por que que o PT, ao invés de escolher um Estado maior, de São Paulo, foi escolher o Estado do Paraná para fazer isso que o sr. está falando?
Mas lá em São Paulo também, tem uma greve dura de professores lá para atingir o governo do PSDB. Tentativa de greve, tiveram alguns movimentos lá no Pará, com o governador Simão Jatene, com quem há pouco eu conversava com ele aqui em Brasília, também. E o Paraná, talvez por ser ali o foco das denúncias contra o PT, da Lava Jato, as investigações saem lá do Paraná. Então entenderam por bem, lá no Paraná tinha um momento propício, da votação do meu projeto de reestruturação da Previdência, que é o melhor, o mais seguro e mais capitalizado do Brasil, não havia motivo para aquilo. A invasão da Assembleia Legislativa, com sindicatos instrumentalizados pelo PT. É o sindicato dos professores, é a CUT e outras entidades que o PT controla também, com a convocação de grupos radicais, inclusive black blocs, pela internet.
Eu li um monte de acusações aqui que o sr. negou. O sr. diria que ao longo das investigações, conduzidas pelo Ministério Público, pelos órgãos todos lá que cuidam disso no Paraná, que ao final desse processo não vão aparecer evidências formais contra o sr. e a sua campanha no ano passado?
Tenho absoluta segurança e tranquilidade que isso não vai aparecer. O que vai aparecer em breve é a verdade de toda essa armação que estão fazendo contra mim. Você mesmo falou, Fernando, que agora há dois meses, todas essas denúncias? Eu tenho 20 anos de vida pública. Honrada, reta, reconhecida por todos os paranaenses que vem já da história do meu pai. Escuto aqui em Brasília, de grandes jornalistas, de políticos de respeito, que foram uma das pessoas mais íntegras da história da República. E eu não vou jamais macular essa história bonita que vem já desde o meu pai. Fui deputado duas vezes, vice-prefeito, prefeito de Curitiba, prefeito reeleito com uma votação histórica, fui eleito 10 vezes o melhor prefeito do Brasil em todas as pesquisas, eleito e reeleito governador no primeiro turno. Nunca se ouviu falar de uma denúncia de qualquer um desses mandatos que eu participei na vida pública. Agora, concentrado em dois meses, todo tipo de ataque. Ataque moral, ataque que tenta manchar a minha reputação, e isso eu não.
E o sr. está dizendo, para quem nos assiste aqui, que o sr. tem segurança que não aparecerá nenhuma prova material, formal, uma evidência clara de envolvimento do sr. com essa acusações citadas?
Óbvio que não porque não tem. Se não tem eu posso te afirmar com toda segurança que isso...
O sr. foi prefeito de Curitiba. Como o atual prefeito de Curitiba, que foi deputado federal, o Gustavo Fruet [do PDT], filho do Maurício Fruet, ele é oposição ao sr. ou está alinhado ao PSDB no Paraná? Neste momento, por conta dessas acusações?
Neutro. Tenho uma boa relação pessoal com eles, estamos em partidos diferentes, não o apoiei na sua eleição como ele também esteve afastado da minha, temos apenas uma boa relação.
Vamos falar um pouco de política. Para o ano que vem, na eleição de prefeitos, como é que o sr. vai se posicionar em Curitiba?
Ainda esses dias estávamos comentando. Embora ainda tenha tempo para essa definição, temos vários partidos aliados.
Falta um ano para decidir, né.
É. Tem tempo ainda, acho que muita coisa acontece até lá, ams tem alguns partidos aliados que querem lançar candidatura. Aí vamos avaliar qual é o melhor nome, o que vamos fazer, qual vai ser nosso comportamento na eleição.
Existe a hipótese de ter uma aliança a favor da reeleição do Gustavo Fruet?
É uma hipótese.
No caso do seu partido no plano nacional, o PSDB. O PSDB nunca repetiu, depois do Fernando Henrique, nenhum candidato em duas eleição presidencial. José Serra em 2002, [Geraldo] Alckmin em 2006, Serra 2m 2010, Aécio [Neves] em 2014, nunca foi o mesmo candidato em duas eleições.
Consecutivas.
É, sempre se alternou. Diferentemente dos adversários mais diretos, o PT que sempre insistiu com um candidato, que foi Lula, ganhou, e depois foi reeleito, e com Dilma, que foi candidata, foi candidata de novo e reeleita.
Mas o Fernando Henrique também foi reeleito.
Exato. Fernando Henrique sim. Mas depois que Fernando Henrique saiu nunca mais o PSDB teve o mesmo candidato em duas eleições consecutivas para presidente. Isso é boa ou isso é ruim? E como deve ser a posição do partido em 2018?
Eu acho que por um lado é bom, porque o PT lá teve várias vezes a mesma candidatura do Lula porque só tinha ele. Agora, o PSDB, é um bom problema que o PSDB tem, tem vários nomes de respeito, preparados, qualificados para representar o nosso partido, para representar os interesses legítimos da sociedade brasileira, como candidato a presidente da República. Cito o Geraldo Alckmin, o Serra, o Aécio Neves, Aloysio Nunes, Tasso Jereissati, enfim. Vários nomes em condições de representar bem o PSDB e as melhores propostas para vencer eleição, mas que represente o interesse da sociedade brasileira.
Sem prejuízo aí ao seu nome, e de outros, mas em geral, aqui em Brasília, e dentro do PSDB se ouve muito, é que a escolha do partido vai recair sobretudo para duas pessoas, Aécio Neves ou Geraldo Alckmin, pelo menos neste momento. O sr. concorda com essa avaliação, que tudo indica que os dois vão disputar a indicação e qual dos dois o sr. preferiria?
Eu concordo, porque hoje são os nomes mais fortes, temos acompanhado essa disputa, embora ainda tenha muito tempo. Se para [eleição de] prefeito ainda tem tempo, imagina a eleição de presidente da República. Eu e dou bem com os dois, já me perguntaram isso lá atrás, entre o Serra e o Aécio Neves, e verdade, me dou muito bem com eles, tenho respeito, apreço e consideração muito grande por teles. Coordenei a campanha do Serra, nas duas vezes, no Paraná, do Geraldo Ackmin e do Aécio Neves. E fizemos o nosso trabalho, foram vitoriosos no Paraná e criamos nesse trabalho uma boa relação pessoal. Então qualquer um dos que estiverem lá, eu, pessoalmente, fico feliz. O PSDB está bem atendido e é uma grande opção para o Brasil.
O sr. está no se segundo mandato, não pode mais se candidatar à reeleição ao cargo de governador do Paraná. Qual é o seu plano para o futuro, quando encerrar esse segundo mandato?
Não tenho, e não é porque estou nessa situação momentânea, nós vamos dar a volta por cima, com trabalho, com a verdade, com a transparência, que sempre foram muito presentes na minha vida pessoal e pública, mas eu sempre me comportei dessa forma. Me perguntavam até de reeleição, eu falei: “Gente, eu acho que não existe candidato de si próprio. Ou uma conjuntura nos leva a isso, ou quem pensa diferente acaba sendo fadado ao insucesso. Acho que tudo acontece de forma natural. E diferente de muitos, eu não sofro da ansiedade que acomete a classe política. Desse mal, eu não sofro. Então acho que tudo no seu devido momento. Não tenho apego, não tenho mesmo, para ocupar cargos, títulos e posições. E de mais a mais cheguei ao importante e honroso cargo de governador de Estado, eleito duas vezes no primeiro turno. Então vamos esperar mais à frente como vai estar nossa situação, qual o desejo dos paranaenses, se seguimos em frente, se paramos por aqui. Eu não tenho dificuldade alguma em tomar uma decisão como essa.
Última pergunta. Nesses episódios todos, muita tensão, o sr. toma decisões ali, a greve, a manifestação, as acusações. Tem alguma coisa, alguma atitude, que o sr. tomou da qual o sr. se arrepende?
Não, não. Evidente que eu ainda estou triste pelo ocorrido. Eu sempre fui avesso a confronto, a truculência, que operava no Estado do Paraná. O ex-governador torceu até dedo de jornalista. De repórter que fazia perguntas que ele não gostava. Nem muitas vezes perguntas ásperas, nunca foram indelicados com ele. Mas ao contrário disso, eu sou do diálogo, sou uma pessoa de muito equilíbrio emocional, e como toda pessoa de bem, óbvio que não gostou de ver aquelas imagens no centro cívico. Do confronto da polícia com manifestantes. Lógico que isso me causa muito tristeza, ver o que aconteceu no centro cívico. Que sirva de lição.
Governador Beto Richa, do Paraná, do PSDB, muito obrigado por sua entrevista ao UOL.
Eu que agradeço à gentil oportunidade, Fernando, de estarmos aqui conversando de assuntos importantes para o Paraná e para o Brasil.
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