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PF realiza a 30ª fase da Operação Lava Jato

Para o Ministério Público Federal, "há fortes indicativos da participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu" - Hedeson Alves/Efe
Para o Ministério Público Federal, "há fortes indicativos da participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu" Imagem: Hedeson Alves/Efe

Do UOL, em São Paulo

24/05/2016 07h16Atualizada em 24/05/2016 09h15

A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta terça (24) a 30ª fase da Operação Lava Jato. Cerca de 50 policiais federais e dez servidores da Receita Federal cumprem mandados em São Paulo e Rio.

Segundo as investigações, os alvos dessa fase são grandes empresas fornecedoras de tubos para a Petrobras, incluindo alguns de seus executivos e sócios, um escritório de advocacia utilizado para o repasse de dinheiro, dois funcionários da Petrobras e operadores financeiros.

Para o Ministério Público Federal, "há fortes indicativos da participação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque nos ilícitos". Os dois já foram condenados por participação no esquema.

Nesta fase, batizada de "Vício", são cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva (sem prazo) e nove de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos e depois é liberada).

Os envolvidos são suspeitos de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

De acordo com a PF, "três grupos de empresas são investigados por terem se utilizado de operadores e de contratos fictícios de prestação de serviços para repassar valores à Diretoria de Serviços e Engenharia e Diretoria de Abastecimento da Petrobras".

As investigações apontam que os contratos já celebrados pela Petrobras com duas fornecedoras de tubos que efetuaram pagamentos de propinas totalizam mais de R$ 5 bilhões. O pagamento de propina perdurou pelo menos entre os anos de 2009 e 2013, sendo que os valores pagos, no Brasil e no exterior, superam a quantia de R$ 40 milhões.

Também estão sendo cumpridos mandados para apurar pagamentos indevidos a um executivo da área Internacional da Petrobras em contatos firmados para a aquisição de navios-sondas.

De acordo com a PF, o nome "Vício" remete à "sistemática, repetida e aparentemente dependente, prática de corrupção por determinados funcionários da estatal e agentes políticos que aparentam não atuar de outra forma senão através de atos lesivos ao Estado".

A nota da PF diz ainda que o nome também remete à ideia de que "alguns setores do Estado precisam passar por um processo de desintoxicação do modo corrupto de contratar de seus representantes".

Duas fases em dois dias

A fase de hoje ocorre um dia após a deflagração da 29ª fase, que foi batizada de "Repescagem", o que não é habitual na Operação Lava Jato. A 28º, por exemplo, foi realizada no dia 12 de abril, ou seja, houve um intervalo de mais de 40 dias.

Questionado em abril sobre os intervalos das fases, o juiz Sergio Moro, que cuida das ações em primeira instância, disse que a "Operação Lava Jato não é seriado de TV, que tem que ter capítulo toda semana".