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PF prende ex-diretores da Queiroz Galvão na 33ª fase da Lava Jato

Do UOL, em São Paulo

02/08/2016 07h25Atualizada em 02/08/2016 13h32

A Polícia Federal realiza a 33ª fase da Operação Lava Jato nesta terça-feira (2), que tem como alvo principal a construtora Queiroz Galvão. Batizada de "Resta Um", a ação cumpre 32 mandados judiciais: dois de prisão preventiva, um de prisão temporária, seis de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor) e 23 de busca e apreensão.

Segundo o Ministério Publico Federal (MPF), o objetivo desta fase é "obter provas adicionais de crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro, relacionados a contratos firmados pela empreiteira Queiroz Galvão com a Petrobras". Em nota, a construtora diz que "está cooperando com as autoridades e franqueando acesso às informações solicitadas".

Aproximadamente 150 policiais federais estão cumprindo as determinações judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais.

Na operação desta terça-feira (2), foram presos preventivamente dois ex-dirigentes da Queiroz Galvão: o ex-diretor Othon Zanoide Moraes Filho e o ex-presidente Ildefonso Colares Filho. Os executivos já haviam sido detidos na sétima fase da Lava Jato, em novembro de 2014, mas foram soltos após decisão da Justiça.

O mandado de prisão temporária é contra Marcos Pereira Reis, executivo da Quip, consórcio que tem a Queiroz Galvão como sócia majoritária. O mandado contra ele ainda não foi cumprido, segundo a PF, porque ele se encontra em viagem ao exterior.

Segundo a PF, o nome "Resta Um" é uma referência à investigação da última das maiores empresas identificadas como parte integrante do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.

"A menção 'Resta Um' não remetendo a um possível encerramento das investigações da Operação Lava Jato que busca alcançar ainda diversos outros fatos criminosos e demais empresas e pessoas participantes de negócios ilícitos junto a estatal", diz nota da PF.

Segundo a PF, as obras investigadas neste momento englobam contratos no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), na Refinaria Abreu e Lima (PE), Refinaria Vale do Paraíba (SP), Refinaria Landulpho Alves (PR) e na Refinaria Duque de Caxias (RJ).

"O Grupo Queiroz Galvão foi identificado, durante a Lava Jato, como o terceiro com maior volume de contratos celebrados com a Petrobras, alcançando um total superior a R$ 20 bilhões ", diz nota do MPF.

De acordo com a nota, a operação contra a construtora trabalha em duas frentes. Por um lado, a força-tarefa investiga a participação da Queiroz Galvão em "um cartel de empreiteiras que participou ativamente de ajustes para fraudar licitações da Petrobras".

"Além dos ajustes e fraude a licitações, as evidências colhidas nas investigações revelam que houve corrupção, com o pagamento de propina a funcionários da Petrobras. Executivos da Queiroz Galvão pagaram valores indevidos em favor de altos funcionários das diretorias de Serviços e de Abastecimento".

Por outro lado, a Lava Jato também investiga se a construtora obstruiu a CPI da Petrobras, em 2009. "Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que R$ 10 milhões em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então", diz a nota.

"Todos os pecados"

Em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Curitiba, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato disseram que as investigações rastrearam repasses, feitos pela Queiroz Galvão de contratos com a Petrobras, no período de 2010 a 2013.

O valor dos contratos da Queiroz Galvão com a estatal chegaria a R$ 24 bilhões, segundo a força-tarefa. De acordo com os procuradores, em praticamente todos esses contratos havia sobrepreço, devido a ajuste de preços das empreiteiras que seriam integrantes do cartel que atuava na Petrobras. Essa prática continuada, segundo o Ministério Público, teria provocado prejuízos bilionários à estatal petrolífera.

Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos procuradores da força-tarefa, disse que a atuação específica da Queiroz Galvão "representa todos os pecados, todas as espécies de crimes" que se verificaram ao longo dos mais de anos de Lava Jato.

Entre os crimes apontados, está o pagamento de propinas a funcionários da Petrobras, doações a políticos via caixa dois e obstrução da Justiça.

Os procuradores voltaram a citar supostos repasses fraudulentos da Queiroz Galvão ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, que morreu em 2014; e à campanha presidencial de 2006 de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Guerra teria recebido R$ 10 milhões e Lula, R$ 2,4 milhões, segundo as investigações.