Próximos passos: veja como serão as sessões do julgamento de Dilma no Senado
O processo de impeachment chega a sua última etapa após os senadores terem aprovado que a presidente afastada, Dilma Rousseff, seja submetida a julgamento e se torne ré no processo.
Até este ponto, juridicamente a Câmara dos Deputados e o Senado vinham debatendo sobre se havia provas e elementos que autorizassem a realização do julgamento, que, de fato, ocorre apenas nesta última fase.
Agora, o Senado vai novamente ouvir algumas testemunhas e os argumentos da acusação e da defesa para, ao fim, colocar a condenação ou a absolvição de Dilma sob votação. Na fase decisiva, é preciso o voto de 54 dos 81 senadores para confirmar o impeachment.
É esperado que as sessões sejam marcadas em data a partir do dia 23. A decisão cabe ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, que por lei vai comandar as sessões no Senado.
Também cabe a Lewandowski fixar as regras das sessões, como o tempo de fala de cada senador e como será a tramitação das sessões.
Isso ainda não foi definido em detalhes. O Supremo, no entanto, afirmou no julgamento de uma ação sobre o impeachment de Dilma que o processo deveria seguir o que foi determinado pela Lei do Impeachment e o que foi adotado quando do julgamento do ex-presidente Fernando Collor, em 1992.
Veja os próximos passos do processo e como deve ser o julgamento:
Acusação e defesa
A acusação, representada no processo pelos advogados autores da denúncia Miguel Reale Junior e Janaina Paschoal, tem 48 horas para apresentar uma nova manifestação ao Senado, defendendo suas argumentos a favor do impeachment.
Após esse prazo, passam a se contar mais 48 horas para que a defesa da presidente afastada apresente suas razões contra o impeachment.
Data do julgamento
Depois desses quatro dias de prazo para a acusação e defesa, Lewandowski notifica as duas partes e define a data do julgamento. A sessão tem que ser marcada no mínimo dez dias após a notificação da acusação e da defesa.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que esta etapa do processo deverá durar em torno de cinco sessões.
12 testemunhas
Poderão ser ouvidas até 12 testemunhas. Defesa e acusação podem indicar seis de cada lado. As perguntas às testemunhas serão feitas pelos senadores, além dos advogados de cada parte.
Debate entre acusação e defesa
Após as testemunhas serem ouvidas, começa a fase do debate entre a acusação e a defesa, com direito a réplica e a tréplica.
O debate deverá ser entre os advogados responsáveis pela denúncia e o advogado da presidente, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Dilma pode participar dessa etapa de debates, mas não está confirmada sua ida ao Senado.
Após o debate, os representantes da acusação e da defesa deixam o plenário e começa a fase de discussão do processo pelos senadores, quando é a vez dos parlamentares poderem discursar sobre o impeachment.
Está previsto também o interrogatório da presidente como uma das últimas etapas antes da votação. Dilma tem direito a não comparecer ou ainda a se recusar a responder às perguntas dos senadores. Durante a comissão do impeachment, a presidente não foi à sessão em que seria ouvida e enviou uma carta à comissão, lida por seu advogado José Eduardo Cardozo.
Lewandowski resume o processo
Em seguida ao debate e às falas dos senadores, o presidente do STF fará uma exposição dos argumentos da acusação, da defesa e sobre quais são as provas que o processo conseguiu reunir. Essa etapa precede a votação final.
Voto será anunciado ao microfone
A votação será feita com cada um dos senadores anunciando sua opção em plenário. Eles devem responder “sim” ou “não” a uma pergunta semelhante à que foi feita em 1992, no caso Collor: “Cometeu o acusado Fernando Collor de Mello os crimes que lhe são imputados, e deve ser ele condenado à perda do seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para o desempenho de qualquer outra função pública, eletiva ou de nomeação?”.
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