Reale rebate Gleisi: Senado tem "estatura moral" para julgar Dilma
Miguel Reale Júnior, um dos advogados de acusação do processo de impeachment contra a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), rebateu nesta terça-feira (30) a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e disse que o Senado Federal tem, sim, “estatura moral” para julgar a presidente petista. “Esse Senado tem estatura moral para realizar esse julgamento e estatura moral para realizar um veredito de condenação”, disse Reale Júnior durante seu pronunciamento.
A declaração do advogado foi vista como uma resposta à afirmação da senadora Gleisi Hoffmann na última sexta-feira (25), quando ela disse que o Senado não teria “moral” para julgar Dilma. “Qual é a moral que tem os senadores aqui para dizer que ela é culpada, para cassar? Quero saber. Qual é a moral que vocês têm?", disse Gleisi. A indagação de Gleisi gerou uma confusão no Senado e fez com que o presidente do Senado, Renan Calheiros, revidasse e dissesse que ele interveio para “desfazer” o indiciamento de Gleisi realizado pela PF no âmbito de investigações relacionadas à Operação Lava Jato, o que causou uma nova confusão.
O pronunciamento de Reale Júnior foi marcado pelo tom incisivo e, por vezes, inflamado. Ao longo de quase meia hora de discurso, ele citou que o impeachment da presidente Dilma representaria o início de uma “nova era” para o país e citou, repetidas vezes, que o Senado tinha capacidade moral de realizar o julgamento da presidente petista.
É por isso que neste instante, este Senado Federal, que pela sua história, tem estatura moral, sim, para realizar esse processo de impeachment e que ganha estatura moral pelo que realizou neste processo de impeachment ao longo desses meses
Miguel Reale Júnior, advogado da acusação
Nos últimos meses, a mídia internacional chamou atenção para o fato de Dilma ser julgada por um Senado onde 56% dos seus integrantes respondem a acusações como improbidade administrativa e corrupção passiva, de acordo com dados da ONG Transparência Brasil.
Reale Júnior também questionou a tese de que o impeachment de Dilma Rousseff seria um golpe de Estado, como tem sido defendido pela petista e seus aliados.
“Estamos há nove meses ou mais vivendo um processo de impeachment sem que tenha sofrido um risco o processo democrático neste país. Sem que uma pessoa sequer tenha tido uma limitação em seus direitos políticos e individuais”, afirmou Reale Júnior.
Sobre os questionamentos da defesa de Dilma sobre a legalidade do processo, Reale disse que "há autoria e há dolo". "Não é apenas um formalismo e um respeito ao devido processo legal, mas é a verificação exata da ocorrência efetiva de fatos delituosos graves, são graves. Dizem: 'Não há crime de responsabilidade'. Como não há crime de responsabilidade? Há crime de responsabilidade, há autoria e há dolo. Há, sim. Há crime de responsabilidade, há cadáver e há mau cheiro desse cadáver."
Miguel Reale Júnior falou logo após o pronunciamento da também advogada de acusação Janaina Paschoal. Os dois tiveram, ao todo, uma hora e meia para fazer suas considerações finais. Neste momento, quem fala é o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, que também terá uma hora e meia para se pronunciar.
Após esta fase, tanto a defesa quanto a acusação terão até uma hora para réplica ou tréplica.
Depois da fase de debate entre acusação e defesa, os 81 senadores podem falar por 10 minutos sobre o processo de impeachment. Até o momento, há 66 senadores inscritos para falar.
Por fim, antes de ser aberta a votação, dois senadores falam pela acusação contra a presidente e dois, em sua defesa, por cinco minutos cada um. Depois disso, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, abrirá a votação para que os senadores julguem Dilma.
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