'Grito dos Excluídos' é marcado por protestos contra o governo Michel Temer
O tradicional “Grito dos Excluídos”, manifestação de movimentos sociais que acontece sempre no dia 7 de setembro desde 1995, teve nessa quarta-feira como principal foco a crítica ao governo Michel Temer e a reivindicação de eleições diretas já.
Os protestos aconteceram em cidades dos 26 Estados e mais o Distrito Federal. Não houve registro de ocorrências de depredação de patrimônio ou de confronto entre os manifestantes e as forças policiais.
Houve manifestações em cidades como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Aracaju, Fortaleza, Curitiba, Manaus e Macapá.
Organizadores estimam que cerca de 230 mil pessoas participaram dos atos. Nem todas Polícias Militares fizeram estimativa de público nos locais de manifestação, o que impossibilita uma contagem total e oficial.
Em São Paulo, por exemplo, os atos reuniram cerca de 20 mil pessoas, de acordo com os organizadores. A PM paulista declarou não ter feito em estimativa de público. Já em Brasília, a organização fala em cinco mil pessoas presentes, enquanto a PM do Distrito Federal estimou em 800 o número de manifestantes que participaram do "Grito" na capital federal.
Na capital paulista houve atos pela manhã e à tarde - o da tarde, batizado de "Fora Temer" não estava oficialmente vinculado à programação do "Grito". O primeiro aconteceu na avenida Paulista e seguiu até o parque do Ibirapuera. O segundo, que começou por volta das 16h, começou na praça da Sé, no centro, e seguiu em caminhada até a Praça da República, onde terminou por volta das 19h.
Primeira vez no Grito
Além dos manifestantes habituais, houve quem participasse do "Grito" pela primeira vez. Foi o caso da cozinheira Roberta Firmo Vieira, de São Paulo, que aproveitou para protestar contra a violência policial, lembrando o caso da fotógrafa Deborah Fabri, que perdeu a visão de um olho durante manifestação da semana passada.
Em Curitiba, o ato contou com a participação de famílias, a exemplo do casal de assistentes sociais Thais Fasolo e Brenno Rodrigues, que protestaram acompanhados das filhas Maria Augusta, 10, e Maria Vitória, 7. "É importante apresentar a situação política do país para as meninas", falou Thais.
Em Belo Horizonte, o ato contou com presença de anarquistas. O mecânico de manutenção Helberth Barbosa Silva Almeida, 33, e a tatuadora Izabela Christina de Souza, 21, afirmaram ao UOL são "contra tudo e contra todos". Desde o ano passado, a dupla esteve junta na maior parte dos protestos em Belo Horizonte que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Nesta quarta, Almeida e Souza foram à praça Raul Soares, na área central de Belo Horizonte.
"Eu pedi o impeachment da Dilma por causa da safadeza do PT. Eles foram descobrindo as coisas debaixo dos panos. Foram descobrindo a roubalheira", afirmou o mecânico. "Fui nos protestos, mas não fiquei com o pessoal da direita", disse. "Mas também não sou a favor do pessoal de esquerda. Sou contra tudo e contra todos".
Equipe agredida
Em Brasília, dois integrantes da equipe de reportagem do UOL foram agredidos por manifestantes anti-Temer. O repórter Leandro Prazeres e o cinegrafista Kleyton Amorim entrevistavam uma mulher de um grupo que se manifestava em favor de intervenção militar no Brasil quando foram abordados.
Um manifestante empurrou o jornalista e tentou impedir a entrevista. Foram arremessadas garrafas de água mineral contra Prazeres, sendo que uma delas atingiu seu rosto. O cinegrafista Kleyton Amorim foi agredido com chutes por um rapaz menor de idade, que tentou arrancar a câmera de Amorim.
No Rio de Janeiro, um manifestante fantasiado de Homem Aranha foi detido pela Polícia Militar durante protesto contra o governo Temer no centro do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, o manifestante quis brincar com os policiais, que não receberam bem a brincadeira.
PT criticado e aceito
Em resolução divulgada na última sexta-feira (2), o PT, cujos governos foram alvos das manifestações nos anos interiores, incentivou seus militantes a engrossarem o “Grito dos Excluídos”.
“Nos últimos anos, a gente também fez críticas severas ao modelo da Era Lula e Dilma. O “Grito” tem feito críticas às soluções que eles trazem e que não resolvem os problemas estruturais do povo brasileiro, soluções como os megaeventos – as Olimpíadas e a Copa do Mundo - e a lei antiterrorismo. O “Grito” tem se mantido isento dos desejos e paixões partidárias”, afirmou Rosilene Wansetto, integrante da coordenação nacional do movimento. Ela disse, no entanto, que o “Grito” é aberto e não pode excluir a presença de petistas.
Alguns petistas famosos marcaram presença. Pela manhã, na passeata de São Paulo participaram o prefeito Fernando Haddad e o candidato a vereador Eduardo Suplicy. Em Brasília, o ex-ministro da Secretaria-Geral Gilberto Carvalho esteve na passeata que contou com cerca de 2,7 mil, segundo a Polícia Militar.
História do Grito
O “Grito” se opõe a medidas econômicas consideradas neoliberais pelos movimentos sociais. Fortes durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) (1995-2002), as manifestações perderam densidade durante as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (2003-2010) e Dilma Rousseff (PT) (2001-2016).
Agora, uma semana após a aprovação do impeachment no Senado, o “Grito” voltou a ganhar corpo, e o “Fora Temer” se sobrepôs ao “Vida em primeiro lugar”, lema oficial da edição deste ano.
O “Grito” se opõe a medidas econômicas consideradas neoliberais pelos movimentos. Fortes durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) (1995-2002), as manifestações perderam densidade durante as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (2003-2010) e Dilma Rousseff (PT) (2001-2016).
Agora, uma semana após a aprovação do impeachment no Senado, o “Grito” voltou a ganhar corpo, e o “Fora Temer” se sobrepôs ao “Vida em primeiro lugar”, lema oficial da edição deste ano.
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