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Segundo MP, mensalão e petrolão tinham objetivo de perpetuar PT no governo

O procurador da República, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato - Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
O procurador da República, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato Imagem: Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

14/09/2016 19h00

Ao apresentar a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o caso do tríplex do Guarujá, o procurador da República Deltan Dallagnol, da força tarefa da Operação Lava Jato, fez uma ligação entre o Mensalão e o Petrolão. Para ele, ambos teriam os os mesmos objetivos: garantir a governabilidade de Lula, perpetuar o PT no poder e encontrar formas para enriquecer ilicitamente.

Segundo o MPF, Lula teria distribuído cargos entre os deputados federais para fortalecer a sua base aliada. Em 2002, o governo tinha 254 deputados, passando para 325 em 2003. “Lula é o elo comum essencial deste elo criminoso entre vários personagens da Lava Jato. Sem ele, o esquema não aconteceria”, afirma Dallagnol.

Mais do que o enriquecimento ilícito, Lula teria se beneficiado em seu governo por se tornar politicamente forte, aumentando e fortalecendo sua base aliada e garantindo um “colchão de recursos”, nas palavras do procurador, para ganhar eleições.

Se as denúncias forem aceitas pelo juiz federal Sergio Moro, o ex-presidente pode se tornar réu pela primeira vez em uma ação criminal resultante das investigações da Lava Jato.

Investigação apartidária

Após a manifestação de que as investigações referentes à Lava Jato são partidárias, a força tarefa da Lava Jato buscou rejeitar esse rótulo, explicando as razões pelas quais as denúncias envolvem, em sua maioria, representantes do PT, PP e PMDB. “A acusação de que existe partidarismo da Lava Jato envolve uma teoria da conspiração. Todos os procuradores não têm vinculação partidária e contam com diferentes visões de mundo. São cerca de 300 agentes públicos concursados atuando nesse caso. Dizer que essas pessoas estão se unindo para prejudicar alguém não faz sentido”, diz Dallagnol.

Segundo o procurador, o fato de alguns partidos se repetirem nas denúncias têm a ver com o momento pelo qual o país vivia nos anos de investigação. “Os esquemas eram operados pelo governo federal, que visava atrair mais partidos para o governo e, por esse motivo, as investigações recaem sobre o PT, o PMDB e o PP. Essa também é a razão pela qual os partidos de oposição têm menos visibilidade”, avaliou.