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Mídia estrangeira compara Cunha a Frank Underwood e diz que "queda continua"

Jornal "Le Monde" destaca a prisão de Cunha, "arquiteto do impeachment" - Reprodução/Le Monde
Jornal "Le Monde" destaca a prisão de Cunha, "arquiteto do impeachment" Imagem: Reprodução/Le Monde

Do UOL, em São Paulo

19/10/2016 17h43

A realidade com toques de ficção. Ao noticiar a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha nesta quarta-feira (19), a imprensa estrangeira lembrou da comparação do ex-deputado com o personagem Frank Underwood, político americano da série "House of Cards", citou seu protagonismo no impeachment de Dilma Rousseff e também as acusações que sofre na Justiça brasileira.

Segundo o jornal francês "Le Monde", em sua edição online, "a queda de Eduardo Cunha continua". "Aquele que levou à retirada de Dilma Rousseff foi preso pela polícia", diz a publicação, que chama Cunha de "arquiteto" do impeachment.

A citação a Frank Underwood, interpretado por Kevin Spacey na série americana, foi feita pelo jornal inglês "The Guardian". "Comparado por alguns a Frank Underwood do 'House of Cards', Cunha também foi acusado de ter recebido até R$ 116 milhões de propina nas investigações da Operação Lava Jato sobre a gigante estatal de petróleo Petrobras", escreve o diário. Segundo o "Guardian", Cunha construiu sua base de poder "conhecendo os segredos dos outros".

O jornal inglês também afirma que Cunha é, "consistentemente, um dos políticos mais rejeitados no Brasil e o slogan 'Fora, Cunha' se tornou popular, resumindo uma aversão generalizada à classe política".

Já o jornal espanhol "El País" publicou o cronograma da queda de Cunha, desde o momento em que o STF (Supremo Tribunal Federal) o afastou da presidência da Câmara, em maio. A publicação também lembrou do momento que o ex-deputado renunciou à presidência da Casa, "com lágrimas nos olhos e diante das câmeras, que reproduziam aquela cena a um país estupefato".

"Nessa época, Cunha já era o político mais impopular do país. Maquiavélico, inteligentíssimo, cínico, viciado no trabalho, conhecedor de cada detalhe do regulamento da Câmara e das entrelinhas e atalhos do poder de Brasília, sempre manteve influência direta a muitos deputados do Congresso brasileiro", escreve o "El País".

A publicação também lembra que Cunha sempre negou ter contas na Suíça, "alegando, com o cinismo calculado e a cara de pôquer que o caracterizava, que ele não era o dono dessas contas, e somente 'usufrutuário'".

O jornal encerra afirmando que Cunha é um "político veterano que acumula dados comprometedores para o PMDB e, possivelmente, para o próprio presidente [Michel] Temer"."Ele [Cunha] sempre afirmou que não aceitaria esse tipo de acordo [de delação] com a Justiça, mas outros [acusados] também asseguraram isso e mudaram de opinião quando começaram a passar dias e noites no cárcere."

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