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Wagner diz que acusações de R$ 82 milhões em propinas são "infundadas"

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL, em Salvador

26/02/2018 16h45Atualizada em 26/02/2018 21h07

Alvo de investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Cartão Vermelho, deflagrada na manhã desta segunda-feira (26), o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) classificou como "infundadas" as acusações de que teria recebido R$ 82 milhões decorrentes de propina e caixa dois num suposto superfaturamento nas obras de reforma da Arena Fonte Nova, em Salvador. Ele também disse que a busca e apreensão que ocorreu em sua casa nesta manhã foi "absolutamente desnecessária".

"Nunca recebi nem nunca pedi propina", afirmou Wagner, durante entrevista à imprensa na tarde de hoje na capital baiana. "Eu não peço e não autorizo ninguém a pedir qualquer tipo de reciprocidade por obras feitas, e assim foi na questão da Fonte Nova.

"Eu não sei de onde eles tiraram aquele valor de R$ 82 milhões e acho estranho que antes de a investigação chegar ao fim, alguém já se pronuncie nesses termos. Eu tenho mais de quarenta anos de vida pública, tive oito anos como governador, e o empresariado baiano é a minha maior testemunha de como é que nós agimos aqui”, disse o ex-governador.

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As declarações foram dadas ao lado dos advogados Thiago Campos e Pablo Domingues.

O petista também negou que dinheiro decorrente dos supostos desvios tenha sido usado para bancar a campanha de 2014 do atual governador Rui Costa.

Sobre falhas apontadas à época pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) acerca do modelo de licitação que resultou numa PPP (Parceria Público-Privada (PPP), supostamente direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações (FNP) formado pelas empresas Odebrecht e OAS, Wagner disse que pode ter havido uma "falha de entendimento"

"Em PPP não existe a figura do superfaturamento como está se insistindo em falar", afirmou. “Há uma incompreensão da Polícia Federal, assim como houve do Tribunal de Contas do Estado, do que é uma PPP e o que é uma obra pública. Não existe superfaturamento em PPP. Nós contratamos a PPP do estádio para entregarem o estádio. O valor da Arena Fonte Nova está entre os mais baixos entre os estádios da Copa de 2014 e há pronunciamento do TCU dizendo que os preços estão absolutamente normais”, declarou o ex-governador.

Manchete de jornal

O ex-governador questionou o fato de a perícia ter apreendido 15 relógios durante a operação em sua casa nesta manhã.

“Levaram os relógios que estão listados aí. Espero que ela [a delegada Luciana Matutino] mande periciar, pois ela disse que são objetos luxuosos. Na perícia, seguramente, ela vai ver o valor dos relógios. A maioria são relógios absolutamente simples. Eu gosto de relógios. Não tem nenhum luxo, como foi dito por ela, acho estranho ela ter dito isso sem ter feito perícia", disse Wagner na entrevista.

Segundo a delegada, o ex-governador pedia que a Odebrecht comprasse relógios para que ele pudesse usá-los para presentear pessoas próximas.

“Acho que a sociedade brasileira já está ficando um pouco cansada desse processo, no qual a ordem da desembargadora federal de busca e apreensão determina sigilo do que foi obtido e saem dando uma declaração dessas", reclamou o petista, que também questionou o fato de alguns meios de comunicação terem comparecido a sua casa antes do início da operação. Para ele, a operação da PF só serve para virar "manchete de jornal".

"Outra coisa que acho estranho é que alguns órgãos da imprensa chegando antes da PF", criticou.