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Bebidas de cafeterias têm 'níveis alarmantes de açúcar', mais que refrigerante

"Estas bebidas quentes devem ser algo ocasional. Estão carregadas com uma quantidade inacreditável de açúcar e calorias", disse a ONG - Monica Almeida/The New York Times
"Estas bebidas quentes devem ser algo ocasional. Estão carregadas com uma quantidade inacreditável de açúcar e calorias", disse a ONG Imagem: Monica Almeida/The New York Times

17/02/2016 11h57

Um grupo de especialistas britânicos descobriu que bebidas vendidas em redes de cafeterias têm quantidades "alarmantes" de açúcar --mais até do que refrigerantes. A Action Sugar analisou 131 bebidas quentes de redes britânicas como Starbucks, Costa e Caffe Nero e descobriu que um terço delas continha pelo menos tanto açúcar como uma lata de Pepsi ou Coca-Cola, que têm o equivalente a nove colheres de chá da substância.

A ONG britânica disse que em alguns dos casos mais extremos, as bebidas continham 20 colheres de chá de açúcar ou mais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde a recomendação é de que o consumo diário de açúcar não ultrapasse 10% das calorias ingeridas diariamente, em uma dieta saudável, o que daria cerca de 50 g por dia. Mas a organização afirma que seria melhor diminuir até esta quantia mínima.

"Maiores benefícios à saúde podem ser alcançados se o consumo diário de açúcar for reduzido para 5% das calorias ingeridas (ou cerca de 25g de açúcar por dia)", afirmou a OMS em um relatório de março de 2015.

Redes de cafeterias como a Starbucks e a Costa afirmam que se comprometem em reduzir o açúcar em suas bebidas.

Rótulo vermelho

Entre as bebidas avaliadas estavam cafés de sabores como mocha e latte, bebidas quentes com sabor de fruta e chocolate quente de cafeterias e também de redes de fast-food.

A organização britânica descobriu que 98% das bebidas testadas receberiam um rótulo vermelho com um alerta --se fossem produtos vendidos em supermercados-- mostrando que a bebida é inadequada devido à grande quantidade de açúcar.

Uma das bebidas encontradas no Starbucks da Grã-Bretanha, uma bebida quente com frutas --uva com chai, laranja e canela, no tamanho "venti" (grande)-- é a com maior conteúdo de açúcar entre as bebidas analisadas, com 25 colheres de chá de açúcar por porção.

Em segundo lugar ficou o Chai Latte-Massimo-Eat In da rede Costa Café, com 20 colheres de açúcar.

E, em terceiro, novamente o Starbucks com o Mocha de Chocolate Branco com Chantilly, tamanho grande: 18 colheres de açúcar, segundo a Action Sugar.

A pesquisadora da ONG, Kawther Hashem, pediu que as redes de café reduzam a quantidade de açúcar em suas bebidas, coloquem mais informações nos rótulos e acabem com os copos de tamanho grande. Além disso, a pesquisadora também alertou para que o consumo diário dessas bebidas fosse evitado.

Estas bebidas quentes devem ser algo ocasional, não uma bebida de todo o dia. Estão carregadas com uma quantidade inacreditável de açúcar e calorias e, frequentemente, são acompanhadas de um petisco com muito açúcar e gordura

Hashem disse à BBC que ficou "surpresa" com os resultados e disse que a Action Sugar testou apenas as bebidas vendidas em tamanho grande.

Graham MacGregor, presidente da organização, disse que "este é mais um exemplo das quantidades escandalosas de açúcar adicionadas à nossa comida e bebida".

Uma porta-voz da rede Starbucks afirmou que a empresa está "comprometida em reduzir o açúcar adicionado" às bebidas em 25% até o ano de 2020 em sua linha de "bebidas indulgentes".

"Nós também oferecemos uma grande variedade de opções mais leves, caldas sem açúcar, adoçantes naturais também sem açúcar e mostramos todas as informações nutricionais (dos produtos) na loja e online", disse.

Kerry Parkin, chefe de comunicações da rede Costa, afirmou que a rede já tomou "medidas significativas" para reduzir a quantidade de açúcar em suas bebidas. Parkin acrescentou que a rede vai estabelecer metas de redução de sal e açúcar até 2020.