Técnica de autocura e estimulação dos olhos promete fazer você enxergar melhor
A terapeuta ocupacional Tatiana Reis ainda estava na faculdade quando conheceu em uma palestra o Self-healing, método que promete reeducar os olhos e aperfeiçoar a visão. Na época, ela tinha seis graus de hipermetropia, quatro de astigmatismo e muita dor de cabeça. Foi atraída mais pelo desejo pessoal de melhorar sua visão do que pela questão profissional. Hoje, ela diz não mais precisar de óculos para enxergar e a técnica virou o foco de seu trabalho.
Milagre? Não, disciplina e exercícios para os olhos. Sim, é possível exercitar os olhos e melhorar sua visão (nada de "uma vez com óculos o grau só vai piorar"). O método foi criado nos anos 70, nos EUA, por um ucraniano inconformado com o diagnóstico que lhe foi dado pelos médicos aos sete anos de idade: com problemas como catarata e astigmatismo graves e apenas 1% da visão, ele foi declarado cego.
Especialista em distrofia muscular, Meir Schneider criou sua teoria com base em experiências feitas com ele mesmo e que tiveram como inspiração o médico americano William Bates, autor do livro Visão Perfeita Sem Óculos, publicado em 1919. Hoje, Meir diz ter recuperado 70% de sua visão.
Para o estilo de vida moderno, a técnica cai como uma luva. Principalmente nas grandes cidades, onde a imensidão de prédios e obstáculos impossibilitam ver o horizonte, e o dia a dia de trabalho e até mesmo de lazer, sempre associados a equipamentos eletrônicos como televisores e computadores, deterioraram - e muito - a visão da maioria da população.
A série de exercícios de autocura é simples, mas demanda muita disciplina e paciência, bem lembradas pelo pastor Cesar Guandalini, 45, adepto da técnica há 6 meses. "Recomendo perseverança, pois estes resultados serão melhor obtidos, na minha opinião, após repetição dos exercícios", diz. Para ele, cuja qualidade de vida ficou prejudicada quando começou a sentir a vista embaçada e dificuldade para ler, os resultados apareceram em quatro semanas.
A terapeuta recomenda praticá-los todos os dias ou no mínimo quatro vezes por semana e, sempre que possível, em ambientes ao ar livre. Mas nada impede que sejam feitos na mesa de trabalho ou até mesmo no sofá de casa. Eles devem ser feitos sem óculos de grau ou lentes de contato.
O tempo para se obter algum resultado varia de pessoa para pessoa, mas, de modo geral, leva-se até três meses para se obter alguma melhora no caso de uma vista cansada e até um ano e meio em casos mais graves, como glaucoma. Vale salientar que os exercícios não "curam" casos graves, como catarata, mas ajudam a evitá-los e, uma vez instalados, colaboram para trazer mais qualidade de vida ao paciente. É sempre importante, em todos os casos, procurar um oftalmologista antes e usar os exercícios como apoio às técnicas tradicionais.
Não há contra-indicações, e até crianças pequenas podem praticar os exercícios como uma "brincadeira". Aliás, é recomendável que se comece desde cedo a educar os olhos, para prevenir futuros problemas. Em idosos, a técnica pode trazer melhor qualidade de vida.
O olho mais fraco
A técnica começa com uma estimulação de músculos de regiões que são fundamentais para o olho, como o pescoço, os ombros, as têmporas e a testa (veja passo a passo no álbum acima). O objetivo é relaxar os olhos e estimular e circulação sanguínea e a oxigenação, que são fundamentais para os olhos. "Quando há má circulação, a visão perde o foco e surge a dor de cabeça. A longo prazo, pode dar origem a um glaucoma", afirma a terapeuta. Vale tirar uns minutinhos no dia para esse momento de relaxamento, em especial quando surgir aquela enxaqueca.
Visão em declínio
Devido ao estilo de vida moderno, os problemas de visão começam cada vez mais cedo e são mais graves, afetando a qualidade de vida
Os óculos viraram uma dependência, uma comodidade. E sem a estimulação dos olhos, os problemas de visão só tendem a se agravar
Um outro passo é identificar qual é o seu olho mais forte e qual é o mais fraco. Segundo Tatiana, todos nós temos um olho mais potente que o outro e, com o passar dos anos, esse desequilíbrio só tende a aumentar. O mais fraco é aquele cujo grau da lente é maior. "O cérebro é esperto e acaba acessando sempre o olho mais forte, pois sabe que ele vê melhor. Isso aumenta o desequilíbrio entre eles", fala.
Para fortalecer o olho mais debilitado, coloque um plástico ou papel preto sobre um óculos, no lado do olho mais forte. Ao bloquear o acesso do cérebro ao olho que ele mais usa, ele entra em "pane" e a pessoa pode até se sentir enjoada.
Neste exercício você pode jogar uma bola de uma mão para a outra ou para cima, correr ou pular no lugar ou sobre uma cama elástica, pedir para alguém te jogar a bola e você devolver ou pode ainda andar no lugar, dois passos para a frente, dois para trás. Tudo isso ajuda o olho fraco a perceber o movimento e estimular o cérebro a usá-lo. Aconselha-se não fazer mais do que cinco minutos, de duas a três vezes ao dia.
Problemas modernos
A visão central é, sem dúvida, a mais usada e estimulada nos dias de hoje. Acontece que os olhos não foram feitos para enxergar de uma só forma, e o excesso do uso de apenas uma determinada forma estressa a visão.
"Ao longo de milhares de anos usamos a visão periférica, quando o homem caçava a andava pela floresta. Hoje, principalmente quem usa óculos presta atenção apenas na visão central. Isso acaba gerando perda do campo visual, estresse e desequilíbrio nos olhos e até doenças", conta.
Para ela, os óculos são necessários, mas hoje se transformaram em verdadeiras "muletas", pois poucas pessoas sabem que podem reverter seu problema de visão sem cirurgia e até mesmo que os olhos necessitam de estimulação para funcionarem melhor.
Guandalini lembra que no começo duvidou que a técnica, indicada por um médico, funcionasse. "Achei algo muito diferente, pois sempre soube que deveria usar óculos para esses problemas", conta.
Para quem fica muito tempo em frente ao computador e até mesmo da TV, o mais indicado é a estimulação da visão periférica, que é feita com um pedaço de papel preto colado entre as sobrancelhas, de forma a estimular a visão lateral do olho.
Sempre olhando para a frente, o papel acaba "apagando" a visão central e, consequentemente, descansando o olho estressado. Movimentos com os braços de cima para baixo e com as mãos "chamam" a atenção para os lados, aumentando o campo visual e estimulando as tão pouco usadas células periféricas do olho.
Reis indica uma pausa a cada 40 minutos no trabalho para fazer um dos exercícios de Self-healing e se levantar para ajudar o sangue a circular melhor - como já dissemos, algo fundamental para os olhos.
Já para a vista cansada, um exercício que ajuda a relaxar o olho e a trazer mais nitidez e foco é o balanço longo. Com o braço estendido à frente, faça movimentos circulares, como se fosse um pêndulo. Mantenha o dedo indicador esticado e, durante todo o movimento, olhe apenas para a sua ponta.
Olhar para longe no horizonte por alguns minutos todos os dias, ajuda a evitar vista cansada, opacidade e embaçamento da visão, perda de foco e pode, com o passar dos anos, até impedir o surgimento de algo mais grave, como a catarata. É importante piscar suavemente e não deixar os olhos fixos em um único ponto, mas movimentá-los pela imagem.
"Quando olhamos perto, o cristalino, que é a 'lente' ocular, como se fosse um óculos dentro do olho, se enruga e se achata, e quando olhamos longe, ele se alonga. Se olhamos só para perto, com o tempo, ele fica mais rígido, porque não é estimulado a se alongar", explica Tatiana. Até no trânsito mesmo é possível praticar esse exercício. Quando estiver parado, ao invés de olhar a placa da frente, olhe o céu ou alguns prédios distantes.
Exercício para pupila
Para saber mais
- Método Meir Schneider
- Associação Brasileira de Self-healing
- Saúde visual por toda a vida (Meir Schneider) - Editora Cultrix (recém-lançado no Brasil)
- Movimento para a autocura (Meir Schneider) - Editora Cultrix
- Manual da autocura (Meir Schneider e Maureen Larkin) - Editora Triom
Um exercício bem simples é, de pé ou sentado, ficar de frente para o sol e movimentar a cabeça lenta e suavemente para os dois lados, como em um movimento de "não". Isso funciona como uma "musculação" para os olhos e os ajuda a se adaptar cada vez melhor - e sem lágrimas - aos diferentes graus de luz.
A pupila nada mais é que um músculo e sem estimulação, ele fica cada vez mais atrofiado. "De frente para o sol, a luz bate bem forte nas pálpebras, e a pupila se fecha. Ao virar a cabeça para os lados, ela se abre, fazendo um exercício de fortalecimento", fala a especialista.
Outro grande problema da vida moderna que afeta os olhos é o excesso de luminosidade até mesmo à noite, no quarto onde dormimos, e o fato de nos deitarmos cada vez mais tarde, utilizando a visão por muito mais tempo. "Se tem alguma luz, mesmo fraca, o nervo ótico é ativado e o olho não descansa como deveria, mesmo quando dormimos", explica Reis.
Para esses casos, um exercício simples é esfregar as palmas das mãos para aquecê-las e colocá-las sobre os olhos por alguns minutos, sem pressionar. Cobertos com as mãos e aquecidos, os olhos ficam em um ambiente escuro total e podem descansar e se energizar.
A terapeuta indica, ainda, quando for viajar para algum lugar mais isolado ou com mata, andar no breu por alguns minutos, para estimular os olhos a se acostumarem com o escuro.
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