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Extrato de planta amazônica protege da radiação solar

Da Agência USP

Em São Paulo

27/09/2012 07h00

O extrato da planta amazônica Protium heptaphyllum, também conhecida como Almecegueira ou Breu, é eficiente na proteção da pele contra a radiação solar. Testes feitos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo) demonstram que o vegetal tem propriedades antioxidantes, que agem no combate aos radicais livres (moléculas altamente reativas que podem danificar as células sadias do corpo), auxiliando na prevenção contra o envelhecimento e o surgimento de câncer de pele

A pesquisa aponta para a importância dos estudos da biodiversidade amazônica e suas propriedades. Cerca de 120 remédios vendidos no mundo usam substâncias extraídas de plantas das florestas tropicais, como a Amazônia. Além disso, de acordo com centro de estudos do Câncer dos Estados Unidos, mais de dois terços de todos os medicamentos que têm propriedades anti-câncer foram encontrados nessa biodiversidade. Os elementos naturais das florestas também são usados para tratar malária, bronquite, hipertensão, diabetes, entre outras doenças.

Como funciona

Os componentes do extrato, quando aplicado sobre a pele, agem para a preservação de sistemas responsáveis pelo controle dos radicais livres no organismo humano. Com a irradiação da superfície cutânea pelos raios ultravioletas, há um desequilíbrio entre a proporção das substâncias nocivas e seus combatentes. Assim, os agentes protetores naturais sofrem uma queda ao serem consumidos em sua ação para a remoção dos radicais livres.

“A radiação solar provoca a geração de muitos radicais livres na pele e os mecanismos antioxidantes naturais não são suficientes para neutralizar todos eles, resultando em danos ao tecido”, explica a farmacêutica Ana Luiza Scarano Aguillera Forte, autora do trabalho. “Como o extrato tem grandes quantidades de antioxidantes, ele mesmo sequestra os radicais livres na pele”, completa.

Durante o estudo, o gel formulado com o extrato foi aplicado sobre a pele de camundongos sem pelos, que foram submetidos aos raios ultravioleta B (UVB), radiação mais energética que é responsável pela vermelhidão, a primeira resposta da pele à exposição ao sol. Foram testados, assim, dois sistemas responsáveis pela proteção antioxidante da pele e uma enzima indicadora de inflamação.

Com o recebimento dos raios UVB, quando não há a aplicação de extrato, os elementos do sistema protetor cutâneo sofrem queda. “No entanto, essa queda dos sistemas protetores endógenos não foi observada nos animais que receberam a formulação contendo o extrato”, conta Ana Luiza.

A recuperação dos níveis desses sistemas deve-se, provavelmente, à neutralização dos radicais livres pelos compostos antioxidantes presentes no gel de Protium. Por sua vez, a atividade da MPO, naturalmente elevado pela exposição à radiação, a qual aumenta a inflamação, não foi inibida. Este, todavia, explica a pesquisadora, é um dado que precisa ser melhor estudado, a partir de testes de irritação cutânea antes mesmo do recebimento da radiação, uma vez que não se sabe se a inflamação seria efeito dos raios UVB ou do próprio gel.

Potência da Amazônia

Anteriormente aos estudos in vivo, foram realizados testes com o extrato de Protium e de outros três vegetais amazônicos com maior atividade antioxidante dentre um grupo de 40 que faz parte do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do governo federal. Ana Luiza observou as propriedades antioxidantes e os efeitos tóxicos dos extratos utilizando cultura de células. Como todos os vegetais apresentaram bons resultados quanto à ação contra radicais livres, a escolha se deu a partir da toxicidade. “O extrato que se mostrou menos tóxico quando irradiado no UVB foi o Protium, por isso foi o escolhido”, relata.

Apesar dos resultados positivos, antes que o produto possa ser disponibilizado ao consumidor ainda é necessária uma série de novos testes, para constatação de segurança e toxicidade, além dos efeitos em geral do gel. Ainda assim, é possível constatar as potencialidades do uso do extrato da planta na proteção contra os efeitos da radiação solar. Existem estudos que apontam que os protetores (que deveriam ficar apenas na superfície da pele) podem penetrar nas camadas cutâneas mais profundas, causando o aumento de radicais livres, que são gerados a partir da degradação do filtro solar exposto à radiação. Assim, o uso do extrato vegetal estudado poderia prevenir essa reação.