Usar produtos antiácaros e manter o quarto limpo e arejado diminuem problemas respiratórios
O local onde passamos mais tempo em casa, onde descansamos e dormimos, também pode ser o menos saudável. Pesquisas mostram que o quarto é uma das áreas da residência com maior concentração de ácaros - eles se acumulam nos travesseiros, nos colchões e nos estofados. Para quem tem problemas respiratórios como alergia e rinite, a situação pode ficar ainda mais complicada.
A escolha correta e a conservação de travesseiros, por exemplo, podem ajudar no combate aos ácaros, assim como manter o local limpo e arejado. “O quarto é onde passamos, em média, oito horas por dia. Porém, se a pessoa fizer o controle correto do ambiente, pode ficar sem problemas respiratórios e até sem medicação”, diz a alergologista Yara Arruma Mello, do Hospital e Maternidade São Luiz.
Ela, que também é Secretária de Ações Específicas na Prevenção da Asma da Associação Brasileira de Asmáticos, explica que o ácaro é um aracnídeo que vive na poeira acumulada dentro dos ambientes e é invisível a olho nu. Ele costuma se alimentar da descamação da pele humana e animal, e de restos de alimentos.
“Por eles serem invisíveis a olho nu, é difícil explicar para as pessoas o estrago que podem fazer no organismo e conscientizar o paciente”, admite a médica.
Dormindo com o inimigo
A consultora de sono Renata Federighi, da fabricante de travesseiros Duoflex, diz que pouca gente se dá conta de que os travesseiros também possuem prazo de validade. “Pode não parecer, mas eles são uns dos ‘esconderijos’ prediletos de micro-organismos, que se alimentam das secreções que eliminamos durante o sono”.
Ela lembra que com apenas seis meses de uso um travesseiro já contém cerca de 300 mil ácaros e, após dois anos, até 25% do seu peso é formado por ácaros vivos, mortos e suas fezes.
“O ácaro é o principal agente de substâncias causadoras de alergias numa casa. Ácaros, fungos e bactérias causam conjuntivite, eczema, sensação de peito fechado à noite, espirros, coceira nas mãos ou face, corrimento ou bloqueio e até mesmo asma”, frisa a consultora.
Assim, camas, colchões e travesseiros mantêm microclimas cujo grau de calor e umidade são favoráveis ao surgimento de ácaros. Estes poluentes biológicos agridem mais as pessoas alérgicas. Federighi conta que, além disso, durante o sono eliminamos secreções pela boca (saliva), ouvidos (cerume), olhos (lágrimas), nariz (coriza), cabelos (seborreia) e pele (suor e células mortas). “Some-se a tudo isso as secreções artificiais, tais quais cosméticos, perfumes, tinturas e maquiagem, para avaliarmos a contaminação maciça diária a que são submetidos os travesseiros”.
Deste modo, mesmo um travesseiro com tratamento antiácaro (feitos à base de zinco piritiona, substância usada em xampus e cosméticos no mundo inteiro), depois de certo tempo, terá sobre suas fibras internas um grande acúmulo dos dejetos acima citados, o que diminui a eficiência antimicrobiana. “Por esse motivo, médicos e fisioterapeutas recomendam a sua troca a cada dois anos”, diz a consultora.
A alergologista conta que um bom recurso para não deixar os ácaros invadirem a cama é usar capas antiácaros nos colchões e travesseiros. “Essas peças são feitas com tecidos com tramas bem fechadas, funcionando como uma barreira física. Elas são encontradas em lojas de produtos para alérgicos”.
Limpeza e ventilação
Outras dicas da médica: colocar roupas de cama e travesseiros ao sol, que é um acaricida; trocar cobertores por edredons e lavá-los/mudá-los a cada 15 dias; passar aspirador com o filtro especial Hepa (High Efficiency Particulate Air ou “partículas de ar de alta eficiência”), que impede que as partículas menores escapem da sucção, e em seguida um pano úmido sem produtos com cheiro forte no chão, ao menos uma vez por dia.
Vale também frisar que o ambiente deve estar sempre limpo e arejado. Para isso, não use vassouras ou espanadores que espalham a poeira fina, que fica em suspensão, para, depois, voltar a se depositar. Retirar tapetes, carpetes, cortinas, almofadas, estantes com livros, bichos de pelúcia, não usar bicamas, evitando tudo o que acumula pó. E, para os alérgicos, não permitir animais dentro do quarto.
O quarto ideal deve ter apenas o essencial, ou seja, uma decoração clean. Além disso, deve ser bem claro e ventilado. A alergologista lembra, também, que se deve preferir o piso de madeira ou frio a carpetes e tapetes. “No caso de cortinas de tecido, se não puder ficar sem elas, o ideal é lavá-las semanalmente. Ou, melhor ainda, trocá-las por persianas que podem ser limpas apenas com um pano úmido”, ensina.
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