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14% dos usuários de crack nas capitais brasileiras são menores de idade

Estimativas do uso regular nos últimos 6 meses de crack e/ou similares, nas capitais do Brasil, por grupo etário, segundo macrorregião, 2012 - Reprodução Ministério da Justiça/Arte UOL
Estimativas do uso regular nos últimos 6 meses de crack e/ou similares, nas capitais do Brasil, por grupo etário, segundo macrorregião, 2012 Imagem: Reprodução Ministério da Justiça/Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

19/09/2013 11h00Atualizada em 19/09/2013 13h05

Pelo menos 370 mil pessoas usaram crack ou drogas similares regularmente nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal em 2012, segundo o levantamento "Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País", divulgado nesta quinta-feira (19), pelo Ministério da Justiça. Destas, 14% foram menores de idade, ou aproximadamente 50 mil crianças e adolescentes que fizeram uso dessa substância nas capitais do país no período.

Dentro do levantamento feito junto com o Ministério da Saúde, foram considerados o uso do crack e de drogas similares como a pasta-base, a merla e o oxi, que também são consumidos em cachimbos, latas e copos. O levantamento considerou as definições dos próprios usuários, sem comprová-las por exames clínicos.

Definiu-se como “uso regular” o consumo da droga por pelo menos 25 dias nos últimos seis meses, seguindo definição da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) referente ao uso contínuo de entorpecentes.

A estimativa encontrada nas capitais e no DF para a população desses municípios que consome crack e/ou similares de forma regular é de, aproximadamente, 0,81%, o que representaria 370 mil usuários.

Nesses mesmos municípios, estima-se que o número de usuários de drogas ilícitas em geral (com exceção da maconha) foi de 2,28%, ou seja, aproximadamente 1 milhão de pessoas. Os usuários de crack e/ou similares correspondem a 35% desses consumidores de drogas ilícitas nas capitais do país.

  • Reprodução/Arte UOL

    Estimativas de uso regular nos últimos seis meses de drogas ilícitas (exceto maconha) e de crack e/ou similares, nas capitais do Brasil, por macrorregião

Menores usam mais a droga no Nordeste 

As proporções de usuários menores de idade que usam crack e/ou similares variaram conforme a região do país. As capitais do Nordeste, proporcionalmente, foram as que somaram o maior número de usuários entre os menores de idade, correspondendo a pelo menos 28 mil pessoas, segundo o levantamento.

Nas capitais do Sudeste, pelo menos 13 mil crianças e adolescentes usaram a droga em 2012. Nas capitais do Sul e do Norte, o número diminuiu para 3.000 menores usuários em cada uma dessas regiões; e nas capitais do Centro-Oeste, 6.000 menores usaram.

No entanto, em números absolutos, os usuários de crack e/ou similares nas capitais do Sudeste superam os das capitais do Norte (cerca de 115 mil ante 35 mil, devido ao maior tamanho populacional).

As capitais do Nordeste, ainda que estatisticamente apresentem proporções similares de uso frente às capitais da região Sul, foram as que apresentaram o maior quantitativo de usuários de crack e/ou similares, quando considerado o uso regular da droga: aproximadamente 150 mil pessoas frente a aproximadamente 40 mil no sul. Já no Centro-Oeste, aproximadamente 50 mil usaram a droga regularmente no período.

Nas capitais do Norte, o crack e/ou similares representaram 20% das substâncias ilícitas consumidas. Já nas capitais do Sul e do Centro-Oeste, esta cifra é de 52% e 47%, respectivamente, de todas as drogas ilícitas (com exceção da maconha).

Perfil dos usuários

De acordo com o levantamento “Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil”, também divulgado hoje pelo Ministério da Justiça, metade dos usuários de crack do país (aproximadamente 50%) é de jovens adultos de 18 a 30 anos, predominantemente do sexo masculino (78,7%).

O levantamento leva em conta os usuários das capitais, do Distrito Federal e de nove regiões metropolitanas e municípios de médio e pequeno porte do país em 2012.

Os homens também usam por mais tempo a droga (83,9 meses), frente aos 72,8 meses, em média, das mulheres. No entanto, elas consomem mais pedras de crack por dia do que eles: 21, em média, contra 13 dos homens, segundo o perfil de usuários.

Elas também lideram quando o assunto é se prostituir para sustentar o vício, isto é, trocar sexo por dinheiro ou mesmo por drogas: 29,9% das usuárias contra apenas 1,3% dos usuários.

A maioria dos usuários é de solteiros (60%) e grande parte não usa preservativos quando fazem relações sexuais por via vaginal (39,5%). De acordo com o perfil, pelo menos 5% destes usuários já foram infectados pelo vírus HIV no país, sendo 5,9% entre os usuários das capitais e 3% entre os moradores dos municípios.

Entre as usuárias de crack e/ou similares que participaram da pesquisa, cerca de 10% relataram estar grávidas e outros 10% que não sabiam se estavam. Já 22,8% disseram já ter engravidado de duas ou três vezes desde que iniciaram o uso da droga (24,2% das usuárias das capitais); 17,3% engravidaram pelo menos uma vez (15,3% nas capitais) e 6,5% engravidaram quatro vezes ou mais desde o início do consumo (7,3% nas capitais).

No entanto, a maioria das usuárias do país (53,4%) disse nunca ter engravidado desde que começou a consumir a droga (53,2% nas capitais).

  • Reprodução/Arte UOL

    Número de vezes que as mulheres usuárias de crack/similares engravidaram desde que iniciaram o uso de crack e/ou similares, segundo local

Ainda entre os usuários de crack, apenas 20% são brancos e 80% ‘não-brancos’ (pretos e pardos).

O perfil mostra ainda que a maioria dos usuários (55%) estudou até a 8ª série do Ensino Fundamental e menos de 5% tem nível superior completo ou incompleto.

Entre os usuários brasileiros de crack e/ou drogas similares, aproximadamente 40% vivem nas ruas; dado superior nas capitais (47,3%) e menor nos municípios (20%). E a imensa maioria (64,9%) faz sua fonte de renda por meio de trabalhos autônomos ou bicos – dado superior nas capitais (67,6%) e também alto nos municípios (59,2%) – e por ganho de esmolas (12,8% dos usuários brasileiros no total; 13,4% nas capitais e 11,6% nos municípios).

Ainda segundo o perfil traçado pelo governo, mais da metade dos usuários de crack e/ou similares já foi preso pelo menos uma vez, sendo que 41,6% detidos no último ano.

As principais causas da detenção são pelo uso ou posse de drogas (13,9%), assalto ou roubo (9,2%), furto, fraude ou invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção de drogas (5,5%).