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Senegal confirma primeiro caso de ebola

Do Valor, em São Paulo

29/08/2014 20h23

O Ministério da Saúde do Senegal informou nesta sexta-feira (29) que registrou seu primeiro caso de ebola, tornando-se o quinto país da África ocidental a ser atingido pela epidemia que já matou mais de 1.500 pessoas na Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

O paciente infectado é um jovem estudante universitário da Guiné, que buscou tratamento em um hospital na capital Dakar, na terça-feira (26), mas sem informar os médicos de que teve contato com pessoas doentes de ebola em seu país, segundo informou a ministra da Saúde do Senegal, Awa Marie Coll Seck, à imprensa.

Na quarta-feira (27), o serviço de saúde da Guiné alertou as autoridades senegalesas sobre o "desaparecimento de uma pessoa infectada com ebola, que supostamente viajou para o Senegal", segundo a ministra. Ela disse que essa pessoa desaparecida foi rapidamente identificada como o estudante guineense e que ele foi imediatamente colocado sob quarentena.

Um teste confirmou que o estudante guineense tem o vírus do ebola e a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada.


O governo do Senegal já tinha fechado as fronteiras com a Guiné na semana passada e proibido os voos e desembarques de navios procedentes do país vizinho, da Libéria e da Serra Leoa - as três nações africanas mais atingidas pela epidemia atual - em uma tentativa de conter a disseminação do vírus do ebola. Mas as fronteiras na região são porosas.

A chegada do vírus no Senegal, que é um importante destino turístico e cuja capital é o principal "hub" de transporte para a região, mostra que a epidemia continua fora de controle, apesar dos esforços da OMS, Médicos Sem Fronteiras e outras organizações.

O atual surto do ebola na África ocidental começou em dezembro de 2013 na Guiné, mas apenas foi identificado em março deste ano. Desde então, a doença já se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Mais de 3 mil pessoas já contraíram o vírus, que é transmitido através do contato com fluidos corporais e contra o qual não há vacina ou um tratamento licenciado.

Um outro surto do ebola não relacionado foi confirmado esta semana na República Democrática do Congo, na África central, onde 13 pessoas já morreram com a doença. 

Nesta sexta-feira, a OMS informou que na última semana foi registrado o maior número de novos casos desde o início da epidemia, mais de 500. Na semana anterior, cerca de 400 novos casos foram registrados. "Existem sérios problemas com a gestão do caso e prevenção e controle de infecção", diz o relatório da OMS. "A situação está piorando na Libéria e em Serra Leoa".

Na quinta-feira, a OMS alertou que a doença pode infectar até 20 mil pessoas e anunciou um plano para interromper a transmissão nos próximos seis a nove meses. O órgão também alertou os países africanos sobre a ineficácia de fechar as fronteiras, especialmente em uma região onde as pessoas facilmente evitam os controles de imigração. Além disso, o cancelamento dos voos apenas exacerba a crise em curso ao tornar mais difícil o acesso de agentes de saúde e de suprimentos aos países atingidos pela epidemia.

"Temos de instalar medidas de segurança de saúde nos aeroportos e nas fronteiras", afirmou o presidente da OMS em entrevista para uma rádio francesa. "Não podemos criar uma prisão na região e observar os africanos morrer".